Eu não entendo.
Não entendo porque Charles me trata tão bem assim, hoje ele me ofereceu seu lanche, sendo que nós estávamos na mesma mesa de Alice, sua namorada.
Charles certamente está confundindo as coisas, ele deveria fazer isso com Alice, e não comigo, ele deveria chamar ela de apelidos carinhosos, não eu, ele deveria saber com quem ele quer dividir sua vida, ele deveria pensar como nós nos sentimos.
Estou indo embora para casa, a escola hoje foi extremamente confusa, extremamente perturbadora, enquanto sigo o meu caminho, escuto uma voz atrás de mim, meio baixa por conta da distância.-Lety! Lety!
Ah, droga! é Charles vindo confundir os meus sentimentos de novo.
-O que você quer? Estou indo embora - Respondo o mais ignorante possível.
-Nossa, não precisa ser grossa, você aí a pé? - Pergunta calmo.
-Óbvio, não estou em um ônibus - Retruco.
-Posso te acompanhar? - Pergunta.
Nesse momento eu quero esfregar sua face no asfalto, de tanta raiva que eu sinto, eu poderia fazer isso, eu penso, mas respondo calmamente.
-Não - Coloco o outro lado do meu fone e saio cantando
Acho que afetei ele, eu realmente espero isso, vai que ele se toca de vez, né? Vai que ele me deixe em paz.
Chego em casa, bufando e resmungando por tudo, minhas avós não estão em casa então tenho tempo suficiente pra entrar no box do banheiro, ligar o chuveiro, sentar no chão de roupa e tudo e chorar, chorar e chorar.
Saio do banheiro, olho para o relógio e vejo que já se passaram 40 minutos desde a minha entrada no banheiro, aproveitei que já estava lá e tomei um banho, vou para o meu quarto, que fede a fumaça por culpa dos meus incensos, troco de roupa e olho para minha estante, tem vários romances que posso ler agora, várias histórias de ficção, mas eu olho para o topo da estante, onde quase não consigo enxergar, e vejo o meu diário de infância, em um tom de amarelo desbotado que já está virando marrom, então crio coragem, coloco um banquinho perto da estante e pego o diário, sento na minha cama, respiro fundo três vezes e o abro, na esperança de achar algo bom.
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As cinco fases do amor
RomanceLetícia sempre sofreu, em casa, na escola e em todos os ambientes que frequenta, o que fez sua infância ser extremamente caótica e traumática. Com uma mãe viciada e um pai super conservador, nunca teve local de fala, e nem local para ação, mas desde...