Capítulo 4

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Johanna pov.


Comecei o dia encontrando uns clientes, um casal que dizia precisar de um serviço de exorcismo simples. Pareciam legais, pelo que eu tive paciência de prestar atenção. Um homem e mulher brancos, quase transparentes, na verdade. O cara tinha cabelo castanho claro, uma calça branca e uma camisa social azul que, eu não sei como descrever, mas tinha "prepotência" estampada por ele todo


A moça não ficava atrás, se não for ainda mais patricinha. Clássica loira, claramente oxigenada, com decote muito exagerado numa blusa rosa, certeza que se ela respirasse um pouco mais forte, uma teta pulava pra fora. Não que eu fosse reclamar se acontecesse


- Então - Comecei a falar, enquanto me sentava em uma cadeira na sala deles, uma de centenas de cadeiras espalhadas pela sala de estar - Me chamaram aqui para alguma coisa importante? Porque, se estão pensando em um ménage, eu cobro mais caro e adiantado. - Não sei se eles pegaram o sarcasmo, a mulher ficou vermelha como um tomate e o cara abriu um sorriso meio estranho por uns segundos


- Bom... Senhorita Constantine - O homem se recompõe da terra da fantasia, ajeita a postura na cadeira e começa - Ouvimos falar muito bem dos seus serviços. Não me entenda mal, não sou o tipo de homem que acredita nessas coisas de misticismo e sobrenatural, entende? Sou um doutor.


Ele falou com um tom tão irritante, só faltava colocar a mão no meio do peito, pra ficar bem dramático. Engraçado como são sempre esses doutores, tão intelectuais, que mais se mijam nas calças quando ficam na frente de um fantasminha. 


- Se sabem do meu trabalho, sabem que eu não faço desconto. - Disse logo de cara - Vamos começar falando sobre o caso. O que querem que eu faça?


- Sabe como é - Disse a loira, com uma voz tão aguda que chegou a estourar meu tímpano, um quadro negro doeria menos  - Tipo assim, tem acontecido umas coisas, tipo assim, bem malucas na nossa casa, com direito a moveis flutuando e luzes piscando. O bagulho tá, tipo assim, muito doido, sacou?


Acho que fritei uns doze neurônios só de ouvir essa garota falando, deu pra sentir meu cérebro derretendo a cada "tipo assim" que saia daqueles lábios, claramente preenchidos por plástica. Mas sobre o caso, o que eles descreveram parece um caso simples de um poltergeist. Geralmente são só espíritos sacaneando os vivos por um pouco de atenção, geralmente inofensivos. Deve ser um trabalho simples de fazer, claro que eles não precisam saber disso, assim posso cobrar um valor a mais. Nem deve fazer diferença pra vida desses pomposos 


Morpheus pov.


Me encontrava sentado em meu trono, esperando por notícias de meu corvo, Matthew, que foi até o mundo desperto informar os sonhos fugitivos do meu retorno. Não posso negar que não os culpo, afinal, em sua visão, seu mestre desapareceu por cem anos, sem previsão clara de que voltaria. Mesmo assim, me causa dor na alma imaginar que aqueles que eu criei, frutos da minha própria essência, perderam sua fé em mim. Essa confiança, essa fé perdida, é algo que eu devo recuperar


- Chefe! Chefe! - Sua voz invade meus ouvidos, assim como o bater de suas asas negras como a escuridão da noite - Cheguei.


- Eu posso ver e ouvir que sim, Matthew. - Respondi ao corvo, que um dia já foi um homem comum - Alguma situação que eu deva estar ciente?

Sonhe um Sonho comigo // Morpheus x Johanna ConstantineOnde histórias criam vida. Descubra agora