My Little Suicide - Hooni X Leitora [Suicide Boy]

Capítulo 1 - Pieces Of Our Hearts

O que será que se passa na cabeça das pessoas, nos seus últimos segundos de vida, antes de cometer suicídio? Talvez seja um derramar de lembranças, como se um filme das experiências vividas ao longo dos anos se desenrolasse numa última projeção silenciosa. Em um breve filme de segundos, será que há espaço para a lembrança de alguém especial? Talvez sim. No entanto, a sombra do arrependimento parece distante nesse instante derradeiro, como se a escolha fatal já tivesse consumido qualquer possibilidade de remorso.

E se, por algum milagre, existisse alguém capaz de dissipar todos os pensamentos sombrios que assolam a mente de alguém à beira do suicídio? Existe alguém assim em sua vida, capaz de instilar esse tipo de esperança?

Quão belo e caótico esse mundo que vivemos hoje pode alcançar?

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Aos quase dezessete anos, ainda me encontro no primeiro ano do ensino médio. No ano anterior, reprovei devido a muitas faltas, já que precisava trabalhar em uma pequena distribuidora de um conhecido para garantir minha sobrevivência. Após acumular dinheiro suficiente, tomei a decisão de me demitir e retomar os estudos. Talvez, futuramente, eu consiga arranjar outro trabalho de meio período para conciliar com os estudos.

Apesar de ainda não ter atingido a maioridade, moro sozinha em um modesto apartamento, escolhido cuidadosamente para caber no meu orçamento. Já se passaram dois anos desde que comecei a minha jornada de sobrevivência solitária, uma escolha ditada pelas circunstâncias problemáticas e desastrosas da minha família Ryu. Meu pai, após engravidar minha mãe pela segunda vez, ou seja, quando estava esperando por mim, decidiu nos abandonar. Ele só retornava para causar a discórdia em nosso lar, sem nunca fazer questão de contribuir de forma positiva para nossa vida.

Agora estou deitada na cama, encarando o teto do meu apartamento, envolvida na atividade que mais detesto: relembrar o passado. É algo inevitável. Quando o tédio ameaça me sufocar, essas lembranças ressurgem com frequência.

A noite já caiu, mas não tenho ideia de que horas são. A preguiça é tanta que não me dou ao trabalho de levantar para conferir. A fome não me assombra no momento, então permaneço largada na cama, deixando o tempo passar, na esperança de que, eventualmente, o sono me envolva.

Na manhã seguinte, sou despertada pelos raios de sol que invadem meu quarto. Levanto da cama e me espreguiço, pronta para encarar mais um dia que promete ser um verdadeiro desafio. Dou uma rápida ducha, faço uma pequena refeição e visto meu uniforme escolar. Considerando tudo, não estou tão mal para uma menor de idade que conseguiu se virar para sobreviver após ser abandonada por toda a família. Falando assim, parece até um pouco dramático.

Olho para o relógio e percebo que, sem querer, me perdi completamente no tempo. Ou seja, estou ABSURDAMENTE atrasada para o colégio. 

Nunca me atrasei tanto como hoje, já que sou geralmente pontual. Peguei minha mochila e saí pela porta, trancando meu apartamento. Quando estava prestes a correr em direção à escada, não percebi que meu vizinho, um garoto que acabara de sair do seu apartamento, estava à minha frente. Antes que eu pudesse me forçar a parar, colidi subitamente com ele, fazendo com que ambos caíssem no chão.

— Ai! — exclamei, tirando a cara do chão e sentando-me — Mas que...

Olho para o garoto, que também se levanta e, em seguida, fixa o olhar em mim. Seu cabelo era preto e um pouco bagunçado. Os olhos eram escuros, com olheiras que podiam ser notadas de longe. Além disso, estava vestindo um uniforme semelhante ao meu.