capítulo 24

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Hannah seguiu caminho até a sala de Umbridge, com Harry em seu calcanhar, mas sem trocarem uma única palavra.

Quando chegaram, a porta estava aberta, então puderam ver o seu interior.

As superfícies tinham sido protegidas por capas de rendas e tecidos. Havia vários vasos de flores secas, cada um sobre um paninho, e, em uma parede, havia uma coleção de pratos decorativos, estampados com enormes gatos em tecnicolor, cada um com um laço diferente ao pescoço. Eram tão hediondos que Hannah ficou mirando-os, paralisada,até a Profª Umbridge tornar a falar.

-Boa-noite, Potter's.

Harry se assustou e olhou para os lados. A princípio Hannah não a notara, porque ela estava usando vestes de flores de tons pálidos que se fundiam perfeitamente com a toalha de mesa sobre a escrivaninha às
suas costas.

-Boa noite – responderam em coro.

-Muito bem, sentem-se – disse ela, apontando para uma mesinha forrada com uma toalha de renda, junto a qual ela colocara duas cadeiras de espaldar reto. Havia sobre a mesa duas folhas de pergaminho em branco, aparentemente à sua espera.

-Hum – começou Harry sem se mexer –, Profª Umbridge. Hum... antes de começarmos, eu... eu gostaria de lhe pedir um... favor.

Os olhos saltados da professora se estreitaram.

-Ah, é?- Hannah procurou se sentar em uma das cadeiras.

-Bem, eu sou... eu sou do time de quadribol da Grifinória. E eu devia participar dos testes para
escolher um novo goleiro às cinco horas na sexta-feira e eu estava... estava pensando se poderia faltar à detenção nessa noite e cumprir... cumprir outra noite... trocar...
Ele percebeu muito antes de chegar ao fim do pedido que não ia adiantar.

-Ah, não – disse Umbridge, dando um sorriso tão grande que parecia ter acabado de engolir uma mosca particularmente suculenta. – Ah, não, não, não. Este é o seu castigo por espalhar histórias nocivas, maldosas, para atrair atenções, Sr. Potter, e com certeza os castigos não podem ser ajustados para atender à conveniência do culpado. Não, o senhor estará aqui às cinco horas amanhã, depois de
amanhã, e na sexta-feira também, e cumprirá as suas detenções conforme programado. Acho muito bom o senhor estar sendo privado de alguma coisa que realmente queira fazer. Isto irá reforçar a lição que estou querendo lhe ensinar.

A professora o observava com a cabeça ligeiramente inclinada para um lado, mantendo o largo sorriso no rosto, como se soubesse exatamente o que ele estava pensando, e esperasse para ver se ele recomeçaria a gritar. Com um esforço concentrado, Harry desviou os olhos dela, largou a mochila ao lado da cadeira de espaldar reto e se sentou ao lado da irmã.

-Pronto – disse a professora com meiguice. – Já estamos começando a controlar melhor o nosso gênio, não estamos? Agora vocês dois vão escrever algumas linhas para mim, Não, não com a sua pena – acrescentou, quando eles se curvaram para abrir a mochila. – Os senhores vão usar umas especiais que tenho. Tomem aqui. E os entrega uma pena longa e preta, com a ponta excepcionalmente aguda, idênticas.–Quero que escrevam: Não devo contar mentiras – disse a professora brandamente.

-Quantas vezes? – perguntou Hannah, com uma imitação bastante crível de boa educação.

-Ah, o tempo que for preciso para a frase penetrar – disse Umbridge com meiguice. – Podem começar.

A professora foi para sua escrivaninha, se sentou e se debruçou sobre uma pilha de pergaminhosque pareciam deveres para corrigir. Hannah ergueu a pena preta e afiada, e então percebeu o que estava faltando.

-A senhora não me deu tinta.

-Ah, vocês não vão precisar de tinta – disse ela, com um leve tom de riso na voz.

Hannah encostou a ponta da pena no pergaminho e escreveu: Não devo contar mentiras.
E soltou uma exclamação de dor. As palavras apareceram no pergaminho em tinta brilhante e vermelha. Ao mesmo tempo, elas se replicaram nas costas de sua mão direita, gravadas na pele como se tivessem sido riscadas por um bisturi – contudo, mesmo enquanto observava o corte brilhante, a pele tornou a fechar, deixando o lugar um pouco mais vermelho que antes, mas, de outra forma,
inteiro.Hannah virou a cabeça para olhar a Umbridge. Ela os observava, a boca rasgada e bufonídea distendida em um sorriso.

-Pois não?

-Nada – disse Harry em voz baixa, sua mão também estava marcada. Ele olhou em tom de apelo para a irmã, nenhum deles sabia oque fazer.

Eles tornaram a voltar sua atenção para o pergaminho, tocou-o com a pena, escreveu Não devo contar mentiras, e sentiu a ardência nas costas da mão pela segunda vez; e de novo as palavras cortaram sua pele; e, de novo, sararam segundos depois.

E assim a tarefa prosseguiu. Repetidamente, os gêmeos escreveram as palavras no pergaminho, não com tinta, como logo vieram a perceber, mas com o próprio sangue. E sucessivamente as palavras eram gravadas nas costas de suas mãos, fechavam e reapareciam da próxima vez que ele tocava opergaminho com a pena.

A noite desceu à janela da Umbridge. Hannah não perguntou quando teria permissão de parar. Sabia que ela os observava à procura de sinais de fraqueza, e eles não iriam manifestar nenhum, nem mesmo se tivessem de se sentar ali a noite inteira, cortando a própria mãocom aquela pena...

- Venham cá – disse ela, depois do que lhe pareceram muitas horas.
Eles se levantaram. Hannah sentia a mão arder dolorosamente. Quando baixou os olhos, viu que o corte fechara,mas a pele estava em carne viva.

-Mãos – disse ela.

Eles as entenderam. Umbridge as seguraram. Hannah reprimiu um estremecimento quando ela a tocou com seus dedos grossos e curtos, que exibiam vários anéis velhos e feios.

-Tss, tss, parece que ainda não gravou fundo o bastante – disse sorrindo.-Bom, teremos de tentar outra vez amanhã à noite, não é mesmo? Podem ir.

Os dois saíram da sala sem dizer uma palavra. A escola estava bem deserta; com certeza passara dameia-noite.

-O que foi isso ,Hannah?

-Eu não sei... Mas sei que não vou aguentar muito tempo.- diz olhando a mão, que estava em carne viva.

-E o que vai fazer? Contar ao Snape?!

-É, talvez eu deva Harry!

-Por que está sendo grossa comigo?

-Quer mesmo saber?! Então vamos lá! Não se lembra Harry, de uma conversinha que teve com os seus amigos depois do jantar de ontem?

-Oque...

-Ah, não se lembra não é... Eu refresco a sua memória! É culpa da Hannah, não? Tudo isso que tá acontecendo é minha culpa, não é? Você estar de detenção... Nossas mãos estarem em carne viva agora! É tudo minha culpa?!

-Eu nunca disse isso!- diz se alterando.

-Mas a sua amiguinha disse! E eu ouvi perfeitamente, mas você sequer discordou ou me defendeu! Está arrependido de ter me buscado? Então por que não me despacham novamente? O Malfoy tinha razão! Eu deveria saber mesmo quem é que são os meus amigos!- ela sai sem ouvir oque eu irmão tinha a dizer.

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Amor Paradoxo- Draco Malfoy Onde histórias criam vida. Descubra agora