Capítulo 10

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Sinto minha cabeça pesar, me mexo um pouco e abro meus olhos, acordo em um lugar que já estive antes, percebo que era o quarto do Mathew, olho para o lado e o vejo sentado em uma poltrona dormindo. O som do raio e trovão que caem lá fora ilumina todo o quarto fazendo uma chuva começar a cair, me sento na cama lembrando de tudo que aconteceu, vejo Mathew se mexendo e acordando aos poucos.
— Oi baixinha acordou. — Ele diz vindo até mim. — Tá tudo bem?
— Mathew meus pais! — Falo sentindo meus olhos se encherem d'água.
— Eu sinto muito por eles, mas não podemos fazer mais nada.
Eu apenas choro, sinto que as lágrimas descem cada vez mais.
— Você sabe o que aconteceu, como que a casa foi pegar fogo?
— Ainda não sabemos, mas prometo que vou descobrir o que aconteceu. Agora você precisa se alimentar, passou muito tempo dormindo.
— Eu não estou com fome.
— Mas tem que tentar comer algo, o médico deixou alguns remédios para você. Tome um banho que vou buscar alguma coisa pra você comer.
— Não me deixa aqui sozinha.
— Se levanta então que te espero tomar seu banho.
Me levanto e sigo até o banheiro, me dispo e faço um coque em meu cabelo. Entro no box e abro a água no quente, sinto a água cair sobre minha pele, permaneço imóvel por algum tempo. Quando a fumaça do banho já preenche todo o local eu saio, pego uma toalha que está em um armário ali dentro e me seco. Saio do banheiro e paro no closet, de lá tiro uma camiseta e a visto, ela era tão longa que virou um vestido para mim, chego no quarto e Mathew se encontra olhando a chuva que cai lá fora pela janela.
— Peguei uma de suas blusas. — Falo pra ele que se vira para mim.
— Ficou ótima em você. — Ele diz me arrancando um sorriso. — Vem tenta comer pelo menos um pouco.
Me sento na cama e ele leva uma bandeja com algumas frutas e iogurte, tento comer o máximo que posso.
— Não consigo comer mais nada. — Digo empurrando a bandeira.
— Tudo bem, hora de tomar o remédio. — Ele pega dois comprimidos e me entrega, bebo com o copo de suco que está na bandeja. — Vou deixar você descansar, esses remédios vão te dar sono.
Ele diz saindo quando, de repente vem tudo em minha mente, na quele dia que Anthuan me agrediu.
— Por favor não vai, não me deixe aqui sozinha. — Ele para me observando. — Dorme aqui comigo? — Peço me afastando para o outro lado da cama.
— Você está confortável com isso? Posso pedir que tragam um colchão para mim.
— Não é necessário afinal nós já dormimos juntos não é mesmo!
— Mas em outras circunstâncias baixinha.
— Pra mim tudo bem.
Depois de insistir bastante, Mathew volta ao quarto já de pijama e se deita ao meu lado, as luzes são apagadas e escuto o barulho da chuva que cai lá fora e penso o quanto Mathew se mostrou diferente nesses dias, ele não estava sendo mais aquele garoto chato e arrogante, me pego o encarando na penumbra da noite, pude notar que ele dormiu primeiro que eu, devia estar bem cansado, o olhando meu sono vem chegando cada vez mais forte até que deixo me levar por ele.

Assim que acordo olho pro lado e não vejo Mathew, me sento na cama olhando para os lados, até que o vejo no closet abotoando sua camisa.

— Bom dia, dormiu bem? — Mathew me pergunta vindo em minha direção

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— Bom dia, dormiu bem? — Mathew me pergunta vindo em minha direção.
— Como uma pedra. — Digo.
— Que bom, quer descer para tomar café da manhã?
Olho para mim mesma deduzindo o óbvio, eu estava apenas com uma camiseta que não ficava nada bem em mim.
— Eu preciso de roupas. — Digo me lembrando que agora não tenho mais nenhuma.
— Vamos providenciar isso, vou pedir para Rebecca comprar algumas peças pra você e depois você pode sair e comprar mais, pode ser?
— Tudo bem, por enquanto eu vou ficando aqui se não se importar.
— Pode ficar a vontade, irei pedir que tragam seu café da manhã.
— Tá bom, mas você vai ficar aqui ou irá sair? — Tinha medo de ficar sozinha ali e me encontrar com Anthuan mais uma vez.
— Irei trabalhar aqui no escritório mesmo, não precisa ficar com medo, irei observar o corredor pelas câmeras.
Aquilo me fez aliviar, permaneci sentada até que ele terminasse de se arrumar, ao sair ele foi até mim e depositou um beijo em minha cabeça.
— Mathew. — O chamei.
— Oi.
— Por que está agindo assim comigo?
— Assim como?
— Você nunca agiu assim comigo, era sempre frio e indiferente a mim. — Mathew se mantem calado por um tempo.
— Você sempre foi a amiga da minha irmã, e nunca me deu liberdade para agir diferente com você.
— Nunca dei porque sempre era frio, as vezes tinha medo de você. — Quando Mathew iniciou o treinamento, as vezes via ele encarando o nada com uma expressão extremamente assustadora, sem contar as vezes que ele aparecia completamente machucado, os primeiros meses foram os piores, as implicâncias e provocações pararam por um tempo.
— Não precisa ter medo de mim baixinha, sabe que nunca faria algo com você, e éramos crianças a implicância fazia parte.
— Tudo bem, agora as implicâncias irão parar então?
— Não totalmente, gosto de te ver irritada.
— Idiota.
Ele me manda um beijo no ar e sai, fico ali no quarto até escutar uma batida na porta e uma senhora entrar com várias comidas em uma bandeja, agradeço e ela sai me deixando saidinha mais uma vez. Me alimento o máximo que consigo, eu não sentia fome alguma, depois de tudo que aconteceu, de pensar que não verei mais meus pais, isso me deixa muito mal.
Ando por todo o quarto, olho cada peça de roupa de Mathew, algumas estão até com a etiqueta, dou uma olhada em seus relógios, abotoaduras, os sapatos são diversos, e os perfumes nem se fala, sentindo o cheiro de cada um deles encontro uma caixa preta escondida no fundo da prateleira, pego a caixa com cuidado, e ela era bem pesada, a coloco no chão e me sento do lado da mesma, observo se não irá chegar ninguém e em seguida a abro. Dentro da caixa tinham várias fotografias, de Mathew com seus irmãos quando eram bebês, em vários aniversários, de viagens e da época de escola. Bem no fundo uma fotografia me chama a atenção a pego e me surpreendo com o que vejo, uma foto minha e de Mathew de mãos dadas, na foto eu deveria ter uns 4 anos e Mathew uns 6 anos, pego a foto e olho com atenção, fico com a foto algum tempo nas mãos.
— Mamma dizia que vocês eram unha e carne, foi só crescerem um pouquinho que começou toda a situação entre vocês. — Rebecca me pegou com a mão na prova do crime, assusto quando a vejo chegar e coloco a foto de volta na caixa.
— Ei você me assustou.
— Vim trazer algumas peças de roupas pra você. — Ela diz colocando várias sacolas de compras sobre um móvel que estava no closet. — Como você está?
— Bem na medida do possível.
— Eu sinto muito por tudo que aconteceu. Mathew está igual um louco lá em baixo tentando descobrir o que causou o incêndio.
— Está?
— Sim está.
— Seu irmão está estranho.
— Estranho como? — Ela pergunta tirando as roupas das sacolas.
— Está estranho comigo, ele está legal, depois de tudo que contei pra ele, achava que iria me odiar ainda mais.
— Ele não te odeia bobinha, achei que era óbvio.
— O que era óbvio?
— Ah pelo amor de Deus, é sério que nunca percebeu?
— O que eu deveria ter percebido?
— Nossa você é tapada mesmo.
— Não fala assim de mim, o que eu deveria saber e não sei?
— Com essas implicâncias desde quando eram crianças achei que sabia que ele tinha uma quedinha por você. — Eu gargalhei.
— Queda por mim, você só pode estar de brincadeira.
— Sim, não lembra na escola que ele não deixava ninguém chegar perto de você?
— De você também.
— Mas eu sou a irmã dele, não tinha motivo nenhum de afastar os meninos de você.
— Aí Rebecca para de criar histórias.
— Aí meu Deus, ele quase bateu no André porque vocês ficaram no acampamento, achei que você sabia disso.
— Não, não sabia de nada, mas por que ele me irritava tanto se gostava de mim?
— Meninos sendo meninos eles não sabem demonstrar.
— Tá mas agora não tem motivo nenhum pra ele está agindo assim.
— Vocês já são adultos uma hora essa implicância tinha que ter um fim não é!
— Verdade.
— E vocês vão se casar por favor mulher.
— Aí nem me fale.
Ela solta uma gargalhada.
— Me desculpa, mas imaginar vocês dois casados essa é demais até pra mim.
— Ah ele já me deu banho, mais íntimos que isso só...— Imagino o que ainda tem por vir.
— Como assim ele te deu banho que história é essa?
Aí eu tinha omitido essa parte da história, eu e minha boca grande.
— Eu precisava de um banho depois que cheguei bebada e vomitada da boate.
— E ele te deu banho?
— Sim.
— Pelada?
— Ora e como mais se toma banho!
— Aí meu Deus, já vou criar a fanfic.
— Larga de ser doida, ele só me ajudou quando eu precisava.
— É, ninguém me deu banho quando eu cheguei bebada.
— Eu tinha vomitado Rebecca.
— É um bom ponto.
Conversamos por mais um bom tempo, em seguida tomo um banho e escolho uma das roupas para descer, depois de me arrumar desço com Rebecca, o caos está instalado no andar de baixo.
— Parece que o dia por aqui vai ser conturbado.
— Meu Deus aqui é sempre assim?
— Não, pelo menos quando venho aqui não está assim.
Andamos entre todas aquelas pessoas, até chegarmos onde os meninos estavam.
— O que está acontecendo aqui? — Rebecca pergunta para os irmãos.
— Estamos tentando resolver sobre o desvio das cargas.
— Que grande confusão que está aqui. — Digo olhando toda aquela Correria.
Saio daquele meio e me sento afastada.
— Como você está? — Lucca me pergunta se sentando ao meu lado.
— Estou bem, depois de tudo.
— Eu imagino que não está nada fácil.
— Mas agora não tem nada que posso fazer.
— Nós vamos resolver tudo e descobrir quem fez isso.
— E eu serei imensamente grata a vocês por isso.
Sem nem percebemos Anthuan se aproxima de nós.
— Oi. — Ele diz e eu fico em silêncio.
— Então tá né. — Fala Lucca devido ao clima estranho que se instalou ali.
De longe podia ver Mathew nos olhando enquanto uma mulher falava com ele. Uma falação então começa do nada, me viro e vejo aquele senhor que me parou perguntando quem eu era entrar com uma mulher.
— O que faz aqui Frederico? — Mathew diz para o homem.
— Vim lhe fazer a proposta mais uma vez. Aceita se casar com minha filha?  — Mas que palhaçada era essa penso eu.
— Já disse que estou noivo Frederico, qual parte foi que não entendeu?
— Não meu caro, quem não me entendeu foi você, ou você se casa com ela ou eu te tiro o cargo de Capo.
Mathew sorria sarcástico.
— E como você vai fazer isso?
Ele se aproxima de Mathew e fala algo que só ele pode ouvir.
— Sai daqui antes que eu te mate na frente de sua filha.
— O recado foi dado Mathew.
Então ele sai com a filha deixando todos em silêncio. Mathew sai em disparada para o seu escritório e todos nós vamos a trás.
— O que aconteceu lá Mathew? — Giovanni pergunta.
— Saiam daqui.
— Irmão nos fale o que está acontecendo. — Diz Rebecca.
— Eu já disse que não quero ninguém aqui. — Ele grita e aos poucos todos vão saindo. Permaneci no mesmo lugar.
— Mathew, está tudo bem? — Pergunto receosa.
— Não tem nada bem.
— O que aconteceu você pode me contar? — Pergunto me aproximando dele.
— Segundo Frederico eu não sou filho legítimo do meu pai.
Fico estática com o que eu acabei de escutar. Se Mathew fosse filho de uma infidelidade ele seria rebaixado do cargo, ou até mesmo expulso da máfia, e em expulsão nós sabendo que nada mais é que a morte.

A Escolhida do Capo Santinelli Onde histórias criam vida. Descubra agora