Better Than Two [woosansang]

Capítulo II

Um é pouco, dois é bom, três é perfeito

Já haviam se passado algumas semanas desde a noite acalorada dos três. Embora tivessem dormido juntos, quando o tesão já não estava guiando as rédeas da sanidade, Yeosang se sentiu culpado.

Culpado e um tanto… chateado? Triste? Não saberia dizer o que sentia exatamente, mas havia algo lá. Algo que cutucava a boca do estômago e criava um nó engraçado na garganta apenas por lembrar de que para o melhor amigo e o namorado dele, não havia passado de uma brincadeira.

Era claro, não era nenhum santo e já havia tido sua cota de sexo bom e casual sem nenhum tipo de peso na consciência ou arrependimento. Nunca a três, sendo sincero, mas não achava que era exatamente o ponto.

A verdade era que havia se tornado esquisito encarar os dois agora. San frequentava muito mais a casa deles e tanto ele quanto Wooyoung estavam sempre tentando o convidar para os programas de casal que faziam. Assistir um filme, jantar fora, pedir uma pizza e ficar de bobeira no sofá… por algum motivo eles passaram a fazer questão da presença do Kang em momentos desse tipo e o ômega não conseguia parar de se sentir um estranho, avulso entre o relacionamento dos dois.

Havia algo muito mais grandioso no meio daquele amontoado de desgraça que vivia no momento, algo que foi obrigado a desenterrar e quase expôr, meio a força. Sendo verdadeiro consigo mesmo, havia um sentimento morando em seu coração desde o momento em que pôs os olhos sobre o melhor amigo.

Ele e Wooyoung se conheciam há alguns bons anos e desde sempre Yeosang manteve sua carga de sentimentos românticos e platônicos em relação a ele muito bem guardados. Além de não querer estragar a grande amizade que tinham construído, o fato de ambos serem ômegas não costumava ser muito bem visto para a sociedade em geral. Seria hipócrita se dissesse que não ligava para a forma como os outros o viam, porque era mentira. Era um bom samaritano, se é que poderia usar essa palavra, mas nunca havia dado motivo para que a família dissesse um "a" negativo sobre si. Era o filho perfeito, o primo com o qual os outros costumavam ser comparados nos almoços de família.

Odiava carregar o fardo da reputação impecável, porque sabia que ele estava fadado a ser infeliz apenas para suprir as expectativas de terceiros, mas era exatamente assim que havia vivido seus vinte e poucos anos: com a ficha limpa.

O inferno era que exatamente o fato de buscar sempre ser o mais politicamente correto para a visão dos pais, tinha feito com que ele nunca se declarasse. E então Choi San havia entrado na equação.

San era o alfa perfeito. Amoroso, cuidadoso, colocava Wooyoung num pedestal e sabia que o sexo era incrível, afinal, as paredes daquela casa eram devidamente finas e agora já tinha provado do que o outro era capaz. Pensava que nunca mais conseguiria se livrar da sensação das mãos dele tocando seu corpo ou do cheiro que havia impregnado na própria cama.

O fato de Choi San ter aparecido, a princípio, tinha deixado Yeosang furioso. Odiava vê-lo tratando Wooyoung como ele queria tratar, tocando Wooyoung como ele queria tocar, beijando Wooyoung como ele queria beijar. Sabia que estava sendo ciumento pra um caralho, mas com o passar do tempo percebeu que as coisas não eram como pareciam no começo.

No fundo, Yeosang também queria ser tocado e apreciado pelo namorado do melhor amigo. Não era inveja, logo constatou. Não queria tirá-lo dos braços do outro ômega, apenas queria estar ali entre os dois. E esse pensamento fez com que ele se sentisse um pervertido nojento.

Como, no auge dos seus vinte e tantos anos, havia tido a audácia de se apaixonar não só pelo melhor amigo como também pelo namorado dele? Deus não deveria permitir que tamanha profanidade habitasse seus pensamentos, mas lá estava, desejando com todas as forças ser aquele entre os dois, os beijando e tocando e amando.