Senhorita Proprietária // Wenclair

Srta. proprietária e um acordo inusitado

- Olá olá
Essa é uma adaptação do mangá "ichido dake demo, koukai shitemasu" (eita nome longo). E é mangá bem bem bem sabe? E eu estou entediada... Muito obrigada a comunidade Ai no Uta & Orange Yuri Scan pela tradução dessa obra. Vocês são incríveis!-

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Para Enid era difícil discernir o dia da noite dentro daquele quarto, ou quantos dias ou semanas haviam se passado desde a última vez que saiu do seu apartamento. Sua garganta estava seca e ela continuava abraçada aos joelhos em cima da sua cama na total escuridão.

Só queria sumir, evaporar, desaparecer completamente dessa realidade.

Estava com vergonha demais para sair dali, mas as batidas na porta somente se intensificavam. A mulher apertou o travesseiro contra o rosto torcendo para que a pessoa que estivesse na porta do seu apartamento fosse embora logo.

"Senhorita Sinclair" "Senhorita Sinclair, por favor, pague o aluguel" dizia a voz, moderada, mas impaciente.

A mulher ficou em total silêncio, duvidando até mesmo que estivesse respirando. Aquela era a voz da proprietária. Enid vivia no condomínio a quase três anos e nunca precisou dar de cara com ela, mas agora em menos de uma semana já recebera três visitas. E temia que a próxima não fosse tão amigável.

"Sinto muito... Sinto muito, mas eu não posso pagar" ela sussura. Mais para si mesma do que para qualquer um. Puxando ainda mais os joelhos contra o peito, soluçando. Seu corpo estava trêmulo e sua voz saia bem mais rouca do que de costume. Fingir que estava tudo bem até realmente ficar tudo bem não estava mais dando certo e ela estava cada vez mais tomando raiva de si mesma.

As batidas cessaram, e ela pode ouvir quando a proprietária se afastou da porta a passos rápidos.

Enid puxou um pouco o edredom de sobre sua cabeça, espiando pelo quarto, como se estivesse verificasse se o monstro ainda estava a espreita. Apertou um pouco os olhos na tentativa de ver naquela escuridão sem seus óculos, e acabou esbarrando em duas garrafas de vidro que estavam em cima da cama. Resmungou ao sentir uma dor aguda na cabeça e empurrou as garrafas direto para o chão, como se elas fossem as culpadas pela sua recente bebedeira desgovernada, uma tentativa de esquecer dos problemas.

Com a luz fraca que adentrava por entre as cortinas ela conseguiu se orientar, completamente tonta, ao ficar de pé no meio de todo aquele lixo. Seu quarto fedia a álcool e mofo, o que a fazia lembrar que já completara três meses desde que foi demitida do trabalho e que seu ânimo todo havia ido junto do emprego de seus sonhos. Fungou profundamente ao lembrar do motivo bobo que resultou naquilo e com uma repentina coragem adquirida, provavelmente em resultado da bebida, Enid arremessou as duas garrafas na parede, xingando com vontade o filho lda puta de seu chefe.

Um sorriso meio torto brotou no seu rosto, satisfeito com algo tão pequeno. Mas sua animação a fez cambalear para trás, escorregando em uma das embalagem de salgadinhos que estavam espalhadas pelo chão. Fazendo um tremendo estrondo quando suas costas foram de encontro ao armário.

Esse era o nível do quão sortuda ela estava sendo nesses 24 anos de sua vida.

E a sorte só aumentou. As batidas na porta retornaram, e agora ainda mais persistentes, rápidas.

"Sinclair!!" "Você está bem?!" "Responda ou eu vou entrar"

Seu choramingo não foi baixo quando a mesma se obrigou a levantar novamente do chão tão confortável. Seu instinto dizia para se esconder debaixo da cama ou pular pela janela, mas a onda de coragem embriagada ainda não havia passado. Cambaleante e esbarrando em todos os móveis, seus pés a levaram em direção a sala, constatando que não era só o quarto que estava uma bagunça completa. Ao chegar a porta ela encostou a testa na madeira respondendo, finalmente, a voz preocupada do outro lado.