07. Ainda fosse a Ali

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Talvez se eu...
Ainda fosse a Ali.

Alissa Harding

Cole olhou em volta, com um sorriso no rosto. Claramente ele achava que aquilo era uma piada e a palhaça era eu. Seu cabelo estava penteado para trás aquela noite, meus pais não estavam em casa, Cole e eu estávamos prontos para ir a uma festa na casa de Edward, o melhor amigo/primo dele.

- Ah, meu amor - ele depositou um beijo nos meus lábios, se recompondo da crise de risos - Você tem que melhorar suas piadas, essa foi muito ruim! Eu poderia ficar bravo...

- Cole... - falei baixinho sem olhar nos olhos do meu namorado. Cole, ainda completando sua frase, caminhou até a mesinha e colocou um pouco do whisky do meu pai no copo, garrafa na qual ele havia trazido consigo da cozinha.

- ...mas eu não vou, acordei de bom humor hoje e nada vai estragar iss...

- Cole! - falei em bom som, fazendo-o me olhar, já com uma expressão de quem não havia gostado. Minhas mãos estavam trêmulas, eu estava agitada, não conseguia respirar direito - Tem uma coisa em cima da pia do banheiro... - sem esperar eu continuar, ele tomou um gole da sua bebida e caminhou até o banheiro que estava há alguns passos dele. Sentei na minha cama, me encolhi, eu sabia que a reação dele seria a pior de todas.

Eu estava há três dias com enjoos e tonturas, sentindo muito sono, muito cansaço e muita vontade de morrer. Eu, Alissa Harding, odiava a maternidade, era horrível, só me proporcionava mal estar. Tentei me ajeitar na cama e pasei as mãos pela barriga.

- Oi bebê - falei, ainda sem saber muito bem como fazer aquilo - Sou eu, a sua... mãe! - sorri comigo mesma ao citar aquela palavra - Isso é muito estranho. Tá sendo ruim ficar aí dentro? Não tem muito espaço, não é? Está sendo difícil pra mim também aqui fora... você nem nasceu ainda e já esta virando meu mundo de cabeça pra baixo ‐ ouvi um barulho lá embaixo - Você ouviu isso também? Parece que a vovó e o vovô chegaram, vamos ver o que eles trouxeram para o jantar?

Desci animada, o enjoo tinha melhorado fazia um pouco de tempo, corri direto para a sala, e então me deparei com uma figura inesperada sentada no meu sofá, vendo TV. Caminhei irritada até a mesa de centro, peguei o controle e desliguei a série que ele estava assistindo.

- Ei! - ele reclamou.

- O que você está fazendo aqui!? - indaguei irritada - Levanta agora desse sofá! - puxei a almofada que ele apoiava os braços em cima da perna e joguei no chão.

- Calma! Eu vim em paz - ele disse, se levantando com as mãos pro ar, como se estivesse se rendendo.

- O que você pensa que tá fazendo?

- A porta estava aberta e...

- Não, não! Eu não quero saber. - falei, mudando de ideia rapidamente, eu estava com os nervos a flor da pele, era impressionante como Noah Hoffman era abusado - Vai! Dá o fora!

- Você não vai me ouvir!?

- Não! Não vou te ouvir Noah, da última vez que eu te ouvi nada de bom aconteceu! Eu não quero ouvir você, nem hoje, nem nunca mais!

Noah subiu as mangas do casaco até o cotovelo deixando seus pulsos amostra, e então, passou as mãos pelos cabelos os jogando para trás, mas eu só pude notar uma coisa: a pulseira que estava em seu braço. O encarei incrédula. Logo, toda a minha raiva foi convertida em lembranças e saudade de um tempo feliz, e ele continuou me encarando confuso.

Talvez se eu...Onde histórias criam vida. Descubra agora