As origens

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O primeiro Clube da Noz começou há inacreditáveis sessenta e cinco milhões de anos. Sim! A palavra 'milhões' não foi escrita equivocadamente. Pois toda essa história de clubes secretos no meio de florestas penumbrosas, bosques cravejados de cogumelos ou vales e desertos com passagens obscuras que dão acessos a lugares ainda mais misteriosos, sim, essas atividades foram implantadas nesse planeta.

Dheanel foi o príncipe, filho de Ilméria, quem deu início a essa divertida maratona. Ele fundou o Clube do Brilhante. Na verdade foi o primeiro e único Clube a usar uma pedra como símbolo. Todos os demais que sucederam-se a este usavam elementos botânicos, que chamaremos de adereços. Podia ser uma Pinha, como fez a Turminha da Pinha; uma concha, como no caso do Clube da Concha; ou simplesmente uma castanha, uma amêndoa, ou qualquer dos muitos pixídios que existem na flora.

Faltou dizer que essas Trupes nasceram no planeta Aleph. Mas também houveram o planeta Alaranil, Vatany, Maana, Aysú e Jurássico que contribuíram para esse exercício saudável e estimulante no conhecimento da vida vegetal, e que por vezes não deixa de incluir animais. Mas nesse caso, não é qualquer animal...

Bem... Deixemos de falar e voltemos meros sessenta e cinco MILHÕES de anos, ao planeta Aleph, a uma cidadela denominada Ioni.

Em uma ravina, no fundo de um bosque denso de abetos, Akebia e Genipa aguardavam a terceira integrante da equipe.

— Que tipo de Gutu você acha que me escolherá? — Akebia pergunta à irmã, enquanto debulhava amendoins.

— Sei lá. Talvez um com olho doces e azuis como os seus.

— Ah, Genipa! isso é muito vago. Todos os Gutus são azuis: de pelagem azul, de asas azuladas e olhos ainda mais.

Vendo que irmã parecia estar imersa em outro assunto, Akebia pergunta:

— Por falar em olhos, por que essa expressão vazia e olhar distante? É o efeito do amendoim? Alguns estavam falando que em Vatany ele é muito consumido, por isso eles têm muitos filhos.

Genipa volta ao presente e faz cara de quem levou um beliscão.

— Que bonagem, Akebia. Não sei o que levou você a dizer um disparate desses — ela volta a divagar: — Só estou pensando com quem irei irmanar-me.

— Com quem? Estamos falando de Gutus ou de pessoas?

Genipa impacienta-se com o próprio deslize na troca de pronomes.

— Sim... com QUEM. Os Gutus são quase pessoas, não é? Falam, sentem e raciocinam como pessoas. Então é 'QUEM'. Pare de me apoquentar.

— Nossa! Tudo bem. Não precisa falar igual à nossa avó, usando essas palavras esquisitas e velhas.

— Lá vem você com essa história de 'velhas' novamente. Não prestou atenção ao que os Androceus disseram sobre as folhas rejuvenescedoras da Dhea? Não vai mais existir isso de velho ou antigo para nós.

Sim. É exatamente como a imaginação instantânea do leitor está concebendo: a Dhea é uma árvore, cujas folhas tem propriedades rejuvenescedoras. Por isso que essas histórias renderam milhões de anos. Se eles continuam vivos? Obviamente que sim.

Porém, agora, voltemos ao instante em que Akebia desvenda o verdadeiro motivo da distração da irmã e introduz o contexto que nos trará de volta à época atual.

Os Clubes da NozOnde histórias criam vida. Descubra agora