A manhã de domingo despertou eles com sorrisos e cânticos espreitando pelas frestas das janelas fechadas e transbordando dos corações abertos e arejados pela noite.
A mãe o cumprimenta com um beijo:
— Meu anjo! está na hora de levantar. O Sr. Dimitri e sua bela esposa já estão aqui. Eles chegaram bem cedo e trouxeram o café da manhã. Já está tudo pronto, só aguardando você.
— Que vergonha, mãe! Por que a senhora mão me acordou?
— Eles disseram para deixá-lo dormir, já que hoje é seu dia de folga das aulas.
— Mas papai não vai precisar que eu o ajude na lavoura?
— Não precisa. O Sr. Cauã comprou toda a safra. E ainda nos presenteou com burros e cavalos.
Nicolas disfarça um fungado de comoção, enxugando o nariz com o braço.
— Como poderemos pagar todo esse favor, mamãe?
— Cauã falou que se você perguntasse isso, era pra dizer que seu precioso coração paga por um reino inteiro.
O menino tenta esconder o orgulho, mas irrompe em um sorriso mais claro e quente que a própria manhã.
— Vou deixá-lo se aprontando. Tome! Ilméria pediu lhe presenteou com esse conjunto novo de roupa. Não demore — diz a mãe, saindo do quarto.
Nicolas estava se despindo, quando ouviu uma batucadinha na janela. Ele vai ao ferrolho e abri-a, vendo que eram seus dois amigos.
— Não conseguimos nos aguentar de ansiedade. Veja nossas roupas novas! Não são o máximo? Estou me sentindo um barãozinho — diz Nathan, saltando para dentro do quarto.
— Você dorme demais, Nicolas — diz Noah, dando-lhe um abraço que comunicava o afeto que as palavras pareciam não conter.
— Também amo você, chato — responde Nicolas, interpretando a voz do abraço.
— Foi Dona Ilméria que nos deu as roupas. A coruja nos trouxe antes do sol raiar. Veio com esse bilhete — Nathan mostrou uma folha seca de algodoeiro-da-praia com o remetente escrito em letras azuis e mais algumas palavras. — As roupas vieram enroladas em uma folha gigante que nunca tinha visto na vida. Acho que dava para cobrir nós dois juntos, não é, Nathan?
— Sim. Enorme. Tá escrito aí no bilhete, o nome dela. Dona Ilméria disse para gravarmos, que pode ser questão de prova. A planta se chama Coccoloba gigantifolia.
— A nome específico é fácil de lembrar ( até óbvio). Mas o gênero é complicado. Fiquem aí, que eu vou me lavar na banheira rapidinho. Quero chegar cheiroso com minha roupa nova.
Nicolas, por fim, se despe e cai na bacia. Para não esquecer o nome genérico da planta, ele fica catarolando: "Coccoloba, Coccoloba, loba, loba, loba, Co-co-co-Coccoloba".
— Nicolas, você está banhando ou fazendo o número 2? — caçoa Nathan.
Em dois minutos, ele volta enrolado na toalha.
— Prontinho! Estou cheiroso para dona Adhara me encher de beijos. Só falta vestir meu conjunto novinho. Virem-se! Não quero cegá-los com minha beleza.
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Os Clubes da Noz
KurzgeschichtenGrupos de adolescentes formam clubes secretos na calada da noite, em diversos lugares do planeta Terra, em busca de respostas a intrigantes indícios de uma civilização anterior a todas as outras que já houveram, e que aponta para origens extraterres...