O azul da pollia e da pinha

5 0 0
                                    

Algumas gerações depois do casório de Dheanel e Genipa, nasceu Dimitri, bisneto de Dheanel. Pois Dheanel e Genipa tiveram um filho chamado Elaeo, que por sua vez casou-se com Elizirna, neta de Cauabori. Pois bem! Esse Dimitri, por volta de seus quinze anos formou a Turminha da Pinha.

Como bem transparece, o genitivo da Turminha de Dimitri tornou-se uma pinha de brilho miraculosamente azul, trazida do planeta Alaranil e que foi, com o tempo, adotada pelos outros clubes como lâmpada. Ela possuía uma resina que emitia uma luz fraca, mas suficientemente capaz de iluminar as imediações de quem a portava.

Certa noite, antes da reunião habitual no meio do bosque, Caíque procurava a sua pinha no soalho de madeira. Ele tateia através da abertura até sentir a superfície espetada do objeto. Vai até a janela, abre um pouco a cortina e expõe a pinha de brilho azul neon. O ulular de uma coruja faz o silêncio da noite ganhar voz. Da janela de uma casa no outro lado da rua vê-se o mesmo brilho azul em resposta. Esse era o sinal para se encontrarem

- Espero que dessa vez Wezen não contrarie a própria resposta. Ontem eu quase fui pego pelo irritante do Abelardo. Não sei até quando Haujam terá essa guarda noturna em cada rua e esquina. Quanta bobagem inútil!

Depois disso Caíque esconde o artefato debaixo da roupa e esgueira-se pela janela, manso e experiente feito um gato.

- Que raios Wezen pode estar fazendo? Faz dez minutos que ele respondeu ao chamado e nada de aparecer. Será que ele foi capturado por algum dos guardas? Será que é melhor eu ir procurá-lo?

Ele diz isso e ergue os olhos para uma discreta coruja empoleirada na placa do açougue do Sr. Nocab.

A resposta da ave foi o pio gutural de sempre.

- Tá certo! Vou atrás dele. Aposto como ele deve estar se empanturrando de queijo e amendoim. Mas também pudera: Ô planetinha pra ter coisas gostosas é esse tal de Vatany.

Ele tomou uma viela estreita, sobre a qual toldava uma casa ligando ambos os lados. Quando estava prestes a virar-se, duas mãos o puxam para o escuro de uma reentrância na parede.

- Silêncio! - grunhe Wezen.

- Tá louco? Por que fez isso? Onde estava? - grasna Caíque.

- Não está vendo ali na frente, No meio da praça?

Caíque volta o olhar naquela direção e distingue uma figura encapuzada com uma espada na mão.

- Que marmotagem é essa agora? Nunca vi nenhum dos guardas com uma espada em mãos. Eles não sabem manejar nem o próprio cérebro, quanto mais uma arma daquele tamanho.

- Não acho que seja dos guardas de Haujan - responde Wezen. Sua estava tensa.

- Foi por isso que não apareceu?

- Sim.

- Você tem algum palpite de quem seja?

- Deve ser um dos capangas do rei Calíodo ou de Taipan.

- Taipan? Agora tremi. Como vamos chegar às casas de Xainã e Adhara? Dimitri e Timóteo já devem estar preocupados.

Ele mal fecha a boca e a coruja passa veloz por ele com uma pinha nas garras.

Os Clubes da NozOnde histórias criam vida. Descubra agora