A gente terminou, cara.
– Assim? Sem mais e nem menos?
– Sim – respirei fundo lembrando de tudo – Quer dizer... quando paro para pensar, percebo que não foi assim do nada.
Ele me analisa por um tempo, como se procurasse sentido nas minhas palavras. Mas sinceramente, nem eu sabia exatamente do que estava falando.
– Isso é bizarro – meu amigo balança a cabeça como se estivesse pensando em outra coisa.
– O que é bizarro?
– Vocês terem terminado. Semana passada vocês estavam no maior grude, como se não pudessem viver um sem o outro – ele pega a cerveja de cima da mesinha e a toma, fazendo uma pausa – E, todo mundo achava que vocês fossem algum tipo de almas gêmeas ou sei lá o que.
– O foda é que eu também achei – encostei minha cabeça no sofá, em uma tentativa falha de me sentir mais confortável – Acreditei tanto nisso que mergulhei de uma vez nesse relacionamento e ela também. E... foi lindo, sabe? Tudo que a gente viveu foi muito lindo. Só que, chega um dia em que tu acorda e pensa “será que eu ainda a amo?”
Respirei fundo tentando buscar as palavras para o que estava sentindo, parecia que enquanto falava toda a nossa história ia sendo revivida dentro da minha cabeça.
– E, sim. Eu ainda a amo, mas não me amo quando estou com ela. É como se eu tivesse me perdido no meio da gente, entende?
– Acho que sim.
– Estávamos literalmente vivendo um para o outro, nos filmes é lindo ver esse tipo de paixão que consome os personagens, mas na vida real não é exatamente assim. Chega um momento em que sufoca, não é algo especifico que podemos mudar rapidamente, são pequenas coisa do dia a dia e que acabam se tornando uma verdadeira bola de neve – pego a garrafa de cerveja e a analiso por um tempo – Talvez a gente só precise de um tempo para respirar e nos reencontrar. Ou talvez, eu esteja sendo um estupido e egoísta.
– Não é errado pensar em si mesmo de vez em quando.
– Eu sei, mas é que dói saber que a machuquei. E a todo momento fico me questionando se tomei a decisão certa, mas não existe esse negócio de certo e errado. Porque na real, eu não estou triste por a gente ter terminado, mas sim, pelos momentos jogados foras e por ela. Eu só não queria admitir porque talvez me sentiria um pouco menos lixo. Faz sentido?
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Cartas aos (des)apaixonados
RomancePara todos o que estão apaixonados, já se apaixonaram ou estão tentando superar uma paixão.