Caminhos Opostos

Só uma caminhada no parque

🌿 Olivia P.

O avião pousa no Canada e eu ainda não sei o que pensar, o que fazer. E quando estou no taxi á caminho do hotel recebo uma ligação de Camilla minha melhor amiga que na altura do campeonato já sabe o que aconteceu, não só ela como todos.

- Camilla, eu não posso falar agora - as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e sinto que não vou conseguir parar de chorar - se eu falar mais alguma palavra com você não vou conseguir parar de chorar, então eu vou desligar.

- Eu estou aqui, por favor me liga. Eu estou Oli.

***

Desligo o telefone e seco as lágrimas, tento me recompor ao entrar no hotel. Faço o check in na recepção e procuro meu quarto.
Quando acabo de fechar a porta meu celular toca e era ele. Olho para tela por um tempo tentando saber o que deveria fazer. Mas atendo a ligação.

- Oli, podemos conversar?

- Creio que temos muito o que conversar, mas não me interessa mais o que você tem a me dizer. - as lágrimas escorrem pelo meu rosto e sinto meu rosto ficar quente de tanta raiva.

- Por favor!! Eu estava me sentindo sozinho e te garanto que não foi nada, não significa nada para mim!

- Adam, você me fez de idiota e na frente de todos!! - sinto meu rosto ficando cada vez mais quente de raiva

- Você precisa me ouvir !!! Não foi nada!!!
- Adam grita do outro lado do celular.

- Exatamente, não foi nada! Nunca significou para você! - grito e sinto minha cabeça doer quando desligo a ligação.

***
Quando deito na cama e sinto minha cabeça girar. E não consigo controlar as lágrimas descendo sem parar pelo meu rosto, pego no sono após a exaustão.

Acordo as 4:30 e percebo que já é domingo e o que dormi com a mesma roupa que estava no dia anterior.
Me troco e decido que iria correr pelo parque.

Eu adoro o Canada e me lembro de como era maravilhoso morar aqui, de como eu era feliz.
O sol começa a iluminar todo o espaço e mais pessoas começam a chegar, domingo é um dia que as pessoas passear por aqui, principalmente no verão.

Tento não pensar no que está acontecendo no momento e apreciar o que está bem na minha frente. Quando escuto gritos vindo do lado oposto do parque, quando finalmente consigo identificar o que está acontecendo vejo um senhor de pé gritando desesperado e um homem correndo em sua direção. Dois cães de grande porte estavam brigando feio e os donos não sabiam como agir. Corri até o local onde as pessoas já se aglomeravam para ver o ocorrido porem ninguém sabia como agir.

Eu já havia separado muitas disputas por territórios ou por uma simples cadela no cio, então rapidamente agi separando os cães.
Um dos dois estava mais machucado que o outro e logo ele parou de respirar nos meu braços. Eu só havia saído para caminhar para fugir dos meus problemas e de repente estou fazendo uma reanimação em um cão no meu do parque.

Os batimentos cardíacos retornam e o senhor está a minha frente pálido e sem reação.

- Os batimentos retornaram mas agora os problemas maiores são os ferimentos profundos. - digo ainda de joelhos no chão com a mão estancando o sangue do animal.

O homem ainda sem reação me olha assustado, quando se levanta e me ajuda a carregar o animal.

- Precisamos levar ele agora para o veterinário! - digo enquanto andamos em direção á saída do parque.

- Ligue para o veterinário e avise que estamos indo agora!!! Digo colocando o cão no banco de trás do meu carro, pois o senhor continuava sem reação e eu já tinha compreendido que ele jamais conseguiria dirigir até a clínica.

Chegamos até a clínica e passei as informações para o médico e nesse momento sou interrompida pelo senhor.

- Quero que você opere. - ele me olha ainda pálido - Por favor.

- Mas ele é o médico que já atende seu animal e é a clínica dele. - falo olhando para o médico.

- Não tudo bem, se o Senhor Stroll quer que você realize a cirurgia eu autorizo - o médico responde colocando as mãos sob o ombro do senhor e dando um sorrido acolhedor.

- Tudo bem eu posso opera-lo. - respondo com um sorriso percebendo que não teria como sair dessa situação.

***
Termino a cirurgia e informo ao senhor Stroll que o seu cão está estável e que ele precisará ficar internado durante alguns dias.

Me despeço do homem que me agradece e aperta minha mão várias vezes. Quando estou passando pela porta escuto ele me chamar, ele pede meu número de telefone pois precisa me agradecer pelo que fiz hoje por ele. Apesar de tentar explicar mil vezes que não é necessário, deu meu número para aquele senhor insistente e voltei para o hotel.

Espero que você esteja gostando 🥰