Se possível, não se perca

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Ok, chegar horas antes do expediente não é algo considerado estranho. Pelo menos, não para Adora, mas ela queria ter uma noção do novo ambiente em que ia ficar, conhecer os colegas de trabalho, os lugares. Essas coisas.

Era segunda-feira, o dia em que todos só queriam estar na cama, dormindo. Mas a mulher de passos determinados tinha outros planos, como estar preparada para o mal humor que ia encontrar naquela grande escola. Nenhum aluno fica feliz em plena segunda-feira.

Um sorriso largo escapou de seus lábios quando avistou os portões.

Ser aceita em uma das melhores escolas da cidade foi, no mínimo, chocante para Adora. Dizer que ela ficou uma semana gritando para os quatros ventos que tinha conseguido a vaga, é eufemismo. Mesmo sendo uma vaga concorrida tanto para os alunos que queriam estudar, mas também para os professores que queriam lecionar, depois disso ela só tinha que achar um apartamento, que, por sorte, ela conseguiu um próximo da escola. Ainda teria que ir de carro até o trabalho, mas era o apartamento mais perto que encontrou.

A loira respirou fundo e apertou com força a alça de sua mochila. Quando passou pelos portões da escola, parecia que tinha voltado no tempo. A escola era praticamente um castelo do século 18. Antigamente, aquele lugar era residência de uma família rica da cidade. Mas depois que a família se foi embora o castelo passou para o governo e, no final, se tornou uma escola.

Sim, Adora pesquisou sobre o local.

Só de ver o hall da escola, ela já sabia que ia ficar perdida ali. Ela observou o teto alto e as duas escadas grandes, uma levando para esquerda e a outra para direita. Ela engoliu em seco quando pensou seriamente no tamanho real daquele lugar. Por sorte, haviam placas indicando onde ficavam os caminhos. Adora se aproximou das placas que estavam na parede; a mais chamativa era a da Direção, e logo embaixo tinha a placa da sala dos professores, uma placa grande escrito “Ala A” (e um monte de outras placas indicando as salas).

Ela ignorou as outras e seguiu a placa da sala dos professores.

"Era só ficar de olho nas paredes", Adora se confortou. Mas sabia que isso não ia dar certo.

Então, ela seguiu caminho. Atenta as placas.

Cada passo que dava era uma batida mais forte no peito. Estava animada e nervosa. E a estrutura imensa dos corredores não ajudavam. Era intimidante. E os quadros espalhados nas paredes eram assustadores, sendo a maior parte de fotos em preto e branco de como era o castelo antigamente.

De longe, podia ouvir vozes e risadas de alguns alunos, mesmo não sendo o horário para começar as aulas, ainda tinha alunos do período da manhã vagando pela escola. Era até reconfortante ouvir, tirava o nervosismo que sentia. Quando ela finalmente estava relaxando depois de vários pensamentos autoconfiantes, um som alto de algo caindo ecoou atrás de si.

A vantagem de corredores grandes é que você escuta tudo.

Adora se virou em um salto para trás. Estava pronta para lutar contra o que quer que seja que saiu das catacumbas daquela escola imensa.

O que ela encontrou não era um monstro com garras enormes e dentes afiados. Era só uma mulher e um adolescente levando um monte de bolas.

— Ó, peste. — A mulher deu um leve tapa na cabeça do rapaz, que sorriu divertido. — Vai pegar o que derrubou.

— Mas foi você quem derrubou, Senhorita Applesauce. — Ele retrucou, indo pegar a bola. Pelo visto, a mulher era a professora de Educação Física e o rapaz um dos alunos. Mas naquela hora?

Aprendendo a Amar - Concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora