Em Busca de Vitória e Gelos

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Lembra daquele ditado? Se aconteceu uma vez, é normal. Duas, é acidente. Três, é padrão. Podia ser coincidência e provavelmente era, mas nos próximos dias, Adora desconsiderou isso. Toda vez que ela ia até o estacionamento, a bicicleta de Catra estava lá. E não parava por aí. Durante os intervalos, Catra sempre sentava do lado de Adora, iam juntas para o estacionamento. E, quando Adora percebeu, a morena estava presente durante toda a tarde e algumas vezes na parte da noite. O que a loira não entendia é que todas as terças e sextas, Catra não a acompanhava até a saída. Isso deixou a professora de História curiosa — mesmo ela tentando não dar muita atenção a Catra. Ela até tentou perguntar aos outros professores o motivo, mas só conseguiu a mesma resposta: “Não sei o que ela faz depois da escola, só sei que isso acontece desde que ela chegou”, “Não sei, Adora”. Não conseguir saber o que era, deixou Adora mal humorada e com o mal humor — e a fome por não ter tido tempo de comer ou fazer uma marmita— veio o modo berserker dela.

Adora nem foi até a sala dos professores naquele dia, queria evitar todos. Ela passou a matéria sobre a Segunda Guerra Mundial na base do ódio. E deve ter xingado Hitler e os nazistas diversas vezes durante a aula. Para ela, foi antiprofissional. Para os alunos, foi uma das melhores aulas da semana. Perdendo, é claro, para as aulas de Educação Física. Por causa do ódio e da fome de Adora, os alunos começaram a gostar ainda mais dela, rindo com as ofensas e gostando da dinâmica das aulas, e com isso o nome Adora Grayskull começou a ser convocado pelos alunos na competição.

Depois de uma semana, as fofocas que os alunos vão adicionar mais um nome nas competições chegou até os professores. A reação de Adora foi rir de nervoso, com medo da diretora saber os dias de ódio que ela passou. A reação de Catra, foi o mais sincero sorriso no rosto.

Adora não admitiria isso, mas tudo que tem a ver com Catra a deixava instigada. E em níveis altíssimos de loucura, mas essa parte ela já sabia.

Mas este dia ia ser diferente. Adora soube disso quando ela terminou a última aula do dia.

—  Não esquecem a atividade para sexta, ou seja, amanhã. Não faltem. — Os alunos saíram tristes, pois a maioria não tinha nem começado. —  Podem ir, turma. —  Adora disse rápido, vendo os alunos saírem apressados. Não podia culpá-los, era a última aula.

Tinha acabado de explicar, de um jeito um tanto louco, como foi o expansionismo e o militarismo da Alemanha Nazista — desta vez sem xingamentos, para a infelicidade dos alunos —, e quem entrou em sua sala quando todos os alunos saíram? Isso mesmo, Catra Applesauce, a professora de Educação Física.

Adora suspirou. Sem nenhum ânimo para qualquer conversa idiota com a morena.

Catra passou pela porta, Adora percebeu o jeito tímido da outra e ficou confusa, onde estava  jeito confiante e debochado? Catra era um enigma para ela. A professora de Educação Física andou até a grande mesa onde Adora estava. O silêncio reinava ali, mas elas já não se importavam, era sempre assim quando ficavam sozinhas.

— Foi bem legal o que você fez. — Catra quebrou o silêncio. Sua voz era calma, sem nenhum resquício de provocação.

— O que eu fiz? — Adora perguntou enquanto arrumava suas coisas na mochila, evitando olhar para aqueles olhos azul e âmbar que a perseguia.

— Durante a aula. O jeito que circulou a palavra “nazista” diversas vezes com raiva, o jeito que faz as perguntas para os alunos dizendo que em vez de dar um ponto na média daria chocolates. Gostei, vou aderir. — Catra sorriu e se encostou na mesa, sempre observando as feições da loira a sua frente.

— Já prevejo eles me cobrarem por isso. —  Então caiu a ficha. —  Você estava aí o tempo todo? — Adora estava assustada. Não era todo dia que você via uma professora de História ser tão liberal com os alunos. E se Catra a dedurar? Ou ter mais recursos para suas provocações.

Aprendendo a Amar - Concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora