15.O ÚNICO

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O que fazer quando sou o único com quem todos contam para resolver tudo e nem consigo confiar em mim mesmo?

   O QUARTO DE EMMA era tão encantador quanto ela. As paredes tinham um tom de rosa pastel delicado e os nichos brancos continham animais de pelúcias ou pequenos vasos coloridos contendo suculentas, a colcha da cama era floral e os travesseiros tomavam diversas formas entre corações e gatinhos. Ainda existia um tapete de pom-pons redondo o qual você mesma fez e a presenteou-lhe no seu aniversário de treze anos - ela sempre demonstrou interesse por um quando passavam por lojas - e agora servia-lhe de assento conforme Hinata achava-se sentada na cama, fazendo algum penteado nos seus cabelos.

— "Emma tem origem no germânico, Imma, e significa, "todo", "universal""— recita Yuzuha lendo as palavras da revista adolescente, esta edição em particular apresentando o significado de vários nomes de diferentes etnias trazida por você. — Diz também que é um nome bastante popular nos Estados Unidos.

— Vê, Emma? Eu disse que era legal se destacar assim. — você comenta, rebatendo o desgosto que sua cunhada teve no passado com a singularidade de sua nomeação neste país.

— Tudo bem! — ela ri levianamente, sentada na cama ao lado de Hina lendo outro volume da revista e segurando o ursinho de pelúcia cor-de-rosa que virou seu novo xodó ao recebê-lo de Draken — Mas seu nome também não é estrangeiro? O que significa?

Você explica brevemente a origem da escolha da nomenclatura por seu pai, lembrando-se de algo em seguida:

— Ah, meu pai me disse uma vez que meu nome quase foi "Maria".

— Ei, eu acho que vi esse aqui! — Zuha alega, passando as páginas e se aproximando-se lateralmente de você no tapete — Diz que a origem ainda é meio incerta mas acreditam vir do hebraico e significa "senhora soberana".

— É, ele é bem popular no Brasil — solta uma risadinha — Popular até demais...

— "Maria", soa bonito! — Hinata elogia testando a pronúncia nos lábios e assim as meninas começam a discorrer sobre os kanjis componentes de seus próprios nomes de batismo e, estranhamente, de ideias que lhe agravam para futuros filhos.

Não muito tempo depois, você e Emma saem da conversa para encaminharem-se à cozinha planejando estourar uma bacia de pipoca amanteigada que acompanharia o restante da conversa. A moradora da casa entregou-lhe todos os utensílios precisos — você contava com certa experiência no ramo tendo dois irmãos em fase de crescimento que comiam tudo o que viam pela frente — e quando despeja o milho cru na panela, ela encosta na mesa de jantar soltando uma exclamação.

— Isso que você me disse sobre outra escolha pro seu nome me lembrou que o vovô contou uma vez sobre as outras possibilidades para o nome do Mikey. — Emma revela e em resposta você demonstra interesse e fecha a tampa da panela para deixar o milho esquentar no óleo — Uma das possibilidades era "Oujiro".

— Oujiro? — Não se controla e começa a rir alto imaginando como seria uma realidade que seu namorado se chamasse de forma tão ridícula — Eu super vou encher o saco dele com isso.

— Realmente, eu também ri muito da cara dele quando soube. Outro nome também foi "Sakurajiro", em homenagem à mãe dele, Sakurako. — a última frase faz o riso entalar na sua garganta, uma sensação estranha apoderando-se do seu peito — Felizmente o Shinichiro escolheu o que temos hoje, em homenagem ao vovô Mansanku.

— É, ele foi um bom irmão. — inconscientemente, seu tom saiu com menos da metade da empolgação de outrora, e mais baixo também, embora não o suficiente para ser imperceptível para a mais nova.

CONSTANTE - Manjiro (Mikey) SanoOnde histórias criam vida. Descubra agora