O PÃO E O AZEVINHO - YULE

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Em estado de desdobramento vejo a cena, sem ser vista e sentida, mais uma lembrança acessada por mim, na vida de penhasco.

Então hoje anciã o menino sol nasce, Morgana diz:

— Sim filha em um ciclo interminável, a deusa sangrou sem violência, o sangue dos justos pela liberdade, pela justiça e pela bondade.

Morgana afasta de casa e vai ao encontro do nosso Penhasco, antes coloca a capa, botas pesadas luvas, dando início a uma longa jornada:

— Vou apenas ao Penhasco!

A neve a faz mudar de ideia e trocar o curso do penhasco pelo da floresta, era mais protegido, pensou ela e assim poderia refletir mais sobre esta celebração.

Sentou na raiz de uma árvore, senti as sensações que aquela paisagem transmitia, a deusa estava cansada, exausta de ter dado à luz, desfalecida ela chamava por nós, a branca neve fez os pensamentos de Morgana irem longe...

A deusa branca se torna a mãe e trasborda toda alegria de quem já viu o nascer do sol de dentro pra fora, percebo com esse pensamento que não é físico, tão pouco só energético é transcendental é magia pura.

Ceridween vem à mente de Morgana e seu chamado leva-nos para casa, não vejo a cena, estou novamente na consciência de Morgana, somos uma.

Lá estava, a velha, parada de costa, em meio suas panelas e poções, comidas e flores, a cozinha era ela, faziam um conjunto abstrato de perfeição:

— Aí está você! diz a velha, queres saber sobre ele?

Yule, chega assim, leve, depois da morte não morta, de samhain, a deusa ressurge no vale e pari aquele que é a luz dela, dessa terra, a deusa pelo amor, pelo único e forte amor, transcende na magia pura.

Ceridween vagueia o pensamento; lembro o dia que dei à luz a você, como não lembrar? todas crianças que nascem nessa terra é a magia é um fragmento da luz do deus, feixe da centelha do divino, então como não pensar no poder da criação? nós, mulheres, somos portadoras da morte e da vida, somos veículo delas, isso é magia, nada mais simples de compreender.

Dar à luz, não é só parir, dar à luz é amar, cuidar e acima de tudo ensinar, dar o conhecimento, apresentar ao filho a sua real luz, projeto primeiro do ciclo eterno e assim colocá-lo na sincronicidade da existência, isso é o dever de um ser mágico.

Ceridween, encerra sua narrativa empolgante, sobre o parto de Morgana, achei tudo tão surpreendente e fantástico como Yule. Morgana, acorda de sua viajem, começo a ver a cena por mim mesma.

Ela sacode a neve e volta a casa, antes passa pelo penhasco, respiramos o ar gélido de yule, sentimos confortavelmente bem em meio a neve que caia singularmente, unicamente em frente aos nossos olhos e bordava aquela linda e exuberante paisagem.

Chegando em casa, entramos vamos até a cozinha, a anciã olha para Morgana, confirmo mesmo que nesse desdobramento elas não percebem minha presença:

— Ah! você está aí! Venha, ajudar a assar o pão, triture as nozes para jogar na massa, pegue aquela tigela de frutas secas. Avante Morgana! Depois decore a casa com o azevinho.

Melquiádes estava lá, no seu canto da cozinha, ele também não percebe minha presença, estava ele tomado pela magia, talhando na tora de madeira, os símbolos rúnicos mágicos de proteção para a noite mais longa, ao seu lado estava ele, onipotente, o pinheiro, a fazer seu papel, homenagear o nascimento do deus e lembrar de sua morte nos três dias anteriores a yule. Sentido em casa e absorvendo essa atmosfera, escuto os pensamentos de Morgana... yule, chega, ensinando sobre a luz na terra e a importância da real magia e sobre o amor infinito da deusa que gera a luz da terra em seu  ciclo.

A neve fraca não me assusta nem tão pouco a nevasca, sou forte como a deusa, que também renasce na magia, a deusa, aquela que sagra sem violência, que o espirito do solstício de inverno, traga coragem para ver o deus crescer e brilhar intensamente em Imbolc, deusa abençoe minha casa, traga o calor do amor para ele, traga o real sentido de yule.

Deixando os pensamentos dela e seus afazeres, deixo a casa e meus ancestrais, sigo ao penhasco, para acordar em meu confortável quarto como que a viver um sonho cinematográfico, levanto, agradeço a experiência e começo a escrever a recordação, feliz como que uma criança que recebe um presente na noite de natal.

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