AGRADECIMENTO AO DEUS LUGH - OUTONO EM MIM

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 Passo pelas brumas, que chegam pela janela do quarto, sei que em pouco estarei lá, o sol forte faz entender que dia é, Lughnasadh! chegou o dia de honrar ao deus adulto e viril, fazer a colheita e festejar.

Ninguém me vê, apenas Morgana, observo todos detalhes, não quero que acabe, estou no meu lar, ela chama para sentar, estranhamente nós tocamos, a roda de mulheres fazia pão, ela estava a amassar, sovava com destreza e conhecimento.

Percebo que tem mais pessoas no quadro social. O festival é grande e reúne várias tribos, Morgana responde em pensamento. Ceridween, percebe minha presença pela agitação de Morgana:

— Filha! Diz a anciã.

Nos duas olhamos. Morgana levanta, vai ao encontro da mãe:

— Vá em casa e pegue um pote de água aromatizada de alecrim, preciso para o preparo desse pão. Olhando para mim, continua:

—A leve consigo!

Passo por Ceridween, agradeço com o olhar. Sigo Morgana, ela não olha para traz, sinto que causo confusão a ela, mais que a ela a mim. Chegamos em casa.

Sento na minha cama, Morgana segue para a cozinha, com o pote na mão ao voltar ela diz, como uma irônica fala de irmã:

— Sai da minha cama!

— Ela também é minha. Rimos as duas.

Sentadas as duas na nossa cama, ficamos em silêncio, pois não encontramos palavras para expressar o que passou e o que irá ser, simplesmente fica subentendido em nossa mente, resolvemos apenas viver o agora, sendo ele em qual tempo e circunstância. Resolvo então conversar:

— Conte sobre Lughnasadh, esse grande festival:

— É emocionante ver todas essas tribos reunidas, horando ao deus, sinto segura em relação a vida e aos ciclos da deusa, sinto que independente de qualquer imperícia do tempo, ele, chegará, com seus campos fartos e os trigos a bailarem, exibindo seus reflexos dourados ao deus Lug. Recordo-me de um fato, quando era criança, não sei se irá acreditar em mim, mas enfim contarei e depois tire suas conclusões.

Sabíamos que era um ano difícil, a plantação não rendeu como deveria, algo estava fora do eixo, Ceridween e Melquiádes eram interpelados pela comunidade; Morgana e eu estávamos ali, ao fundo da reunião, ela me levou para assistir a sua lembrança, sentíamos ansiedade e medo pelo que poderia vir pela frente:

— Irmãos, tenham calma! dizia meu pai, os gigantes de outrora não existem, a não ser em nossas estórias, tenham calma, iremos solucionar o problema:

— Comecemos os rituais; ordenou Ceridween.

Todos movimentaram-se, mesmo ainda com medo, logo uma grande fogueira estava a crepitar seu lindo fogo vermelho, todos já estavam com seus bonecos de palha a serem jogados no ardente fogo, quando:

— Parem! O Druida chegou com uma belíssima lança de arremesso, Conversando com os ancestrais, o oculto, me instruiu a fazer essa lança para honrar ao deus Lug e arremessar nessa noite, onde ela cair iremos novamente plantar nossos grãos.

O murmurinho aumentou:

— Como plantar? Se já é chegada a hora de colher? Alguém disse:

— Apenas cumprirei o que foi revelado e esperemos.

Da posição que estava, meu pai lançou o amuleto mágico em forma de lança, em honra a Lug, relampejou o céu, apena um clarão eu vi dentre os meus dedinhos, uma luz fortíssima, cortou o céu, a lança foi a uma velocidade e distância impossível de descrever, todos correram e correram para ver onde a fantástica lança crivara, lá estava a vinte pés de distância. Melquiádes retirou sementes de um pequeno saquinho e disse:

— Vamos, vamos plantar!

Todos assim fizeram. Quando a última semente estava no solo, escutou-se um som vindo do céu, parecia um ferreiro a trabalhar, estávamos a escutar Lug, desceu novamente uma luz fortíssima que banhou o novo campo de plantação, nesse momento, o trigo nasceu, rapidamente aos olhos de todos, eu esfreguei os olhos com minhas mãozinhas, não acreditando no que presenciava, percebi que todos também estavam na mesma posição. Melqueiades diz, sorridente, satisfeito e festivo:

— Agora sim podemos preparar a fogueira e queimar os bonecos de palhas e banir o mórbido passado. Ceridween, saindo de sua perplexidade, completa:

— Vamos irmãos! dissemos que resolveríamos, deus Lug nos ouviu, vamos celebrar, amanhã é outro dia e vamos a colheita, por hora, vamos até Melquiádes, vamos beber e celebrar, avante todos! A Anciã, pega nas minhas mãozinhas e segue pelo caminho de volta.

Morgana termina, levanto, abro a janela, realmente fiquei na dúvida, se me contara apenas um conto da tradição de seu povo, ao mesmo tempo não poderia deixar de acreditar:

— Acho melhor você ir, obrigado pela sua presença, espero ter aprendido e revivido a magia de Lughnasadh, abençoado seja o seu dia.

Sou sugada, para o penhasco, ele chama e me faz voltar, na minha mente só restava as palavras de Morgana, abençoado seja seu dia:

— Demorarei um pouco para absorver, tudo isso, abençoado seja seu dia de Lughnasadh Morgana.

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