O BANHO DE LÍRIOS - O PREPARAR DE BELTANE

2 0 0
                                    


         Passo pelas brumas, sento ao lado de Morgana em nosso penhasco, tudo está em paz, aceitamo-nos, simplesmente vivemos o poder da deusa em nossas vidas, não trocamos nenhuma palavra, apenas contemplamos o nascer de mais um dia, deixando sentir a sedução do deus nesse dia tão magnético.

Beltane começa na ilha, as flores estão no auge é hora de fazer a guirlanda, dança um frescor agradável de flores do campo no ar, sigo Morgana em seu dia, agradável, ela se banha com lírios se sente pura, virginal:

— Ela diz, Simplesmente vou ver a tarde cair, hoje à noite, o poder do Deus é maior e serei apenas parte da Deusa, porém inteira, ao sentir seu clamor de paixão e vida. Elaine, hoje vamos ao festival de Beltane.

Passou um longo tempo, uns dois dias ou mais até chegarmos a Galway, porém como estava em desdobramento, a percepção passou rapidamente aos meus sentidos, até finalmente chegarmos ao destino, a cidade ainda estava apontando e crescendo como uma aldeia ao longo da ribeira, o porto começava a se estruturar, mais tudo ainda era muito rústico e ao ponto de vista precário, nem parecia com a cidade da atualidade a não ser pelo fato de ter a mesma atmosfera cultural.

Morgana foi convidada a dançar e pegar na fita amarela para girar e girar no grande bastão, negou o convite, não surpreendeu pois já sabia que queria estar sozinha, seguimos silenciosas.

Passamos pela ponte e saímos do festejo, em direção à praia ouvindo ainda a felicidade nas luzes que bailavam pelo ar fresco da noite, sentamos em frente a potência do mar que naquela noite estava revoltoso, Morgana pega um ramo de louro, coloca entre os cabelos e toca um pequenino sino, deita-se na colcha fina, tudo que trazia na bolsa.

Sei que é hora de ser amada pelo Deus, escuto o crepitar das fogueiras de Beltane e por fim compreendo que mesmo podendo estar com os seus, Morgana preferiria ficar assim, sozinha, assim que sinto, sempre faço a mesma escolha, a de estar solitária entre muito.

Sentindo a necessidade de transmitir mais a fundo a experiencia, Morgana fecha os olhos e no instante seguinte já estou me sentindo em seu olhar, no seu corpo, sem isso incomodar nenhuma de nós, pelo contrário isso traz um conforto e uma sensação de plenitude, completude ao conectar com essa força viva da noite, na qual derrama sua benção na virgem Deusa sentimos envolvida por ela, energia pura da criação terrestre.

Vejo pequeninas ondinas sobre mim a bailar em um ritual magnífico, nesse instante a lua virgem sangra, e nós no seu reflexo também molhamos a areia com nosso sangue abençoado, lindo fluxo de amor divino que nos banha por um tempo incalculável, escutando os gemidos que vem do festejo, uivamos por dentro. Morgana pensa em como o deus será gentil esse ano e pedi sua proteção para a primavera.

As ondinas se vão, levantamos e banhamos de mar, o cumprisse daquele amor via lácteo, extraterreno divino, assistimos a chuva de energia dourada que desce do céu; valendo-me desse contato peço ao deus e a deusa que tragam o meu verdadeiro amor nessa noite de Beltane

.A praia transmite a sensação de liberdade, Morgana também compartilha essa sensação e diz:

— Livres para saudar e se deixar amar e ser amada por aquele que sempre será superior, o criador.

Volto a mim mesma. Morgana volta ao ritual festivo, ela avista Brian, que já se mostra a sua procura:

— Será esse o amor verdadeiro, a interrogo? O amor verdadeiro que a alguns minutos antes desejei e pedi aos deuses.

Morgana nada responde, ela abre uma pequena bruma, já é hora de ir, ainda avisto um pouco da cena romântica, vejo ela soprando um beijo no ar, abusando da sensualidade, efeito do banho de lírios que corta toda vergonha, sem deixar de ruborizar a face, o aprendiz de bardo, afável, vai em sua direção, todo descido a amar.

Acordo:

— Será que ele nos observava na beira do mar?

Sinto vergonha, começo a escrever na madrugada...

Beltane começa, cheia de vislumbre e desejos juvenis. Dança as fadas no jardim, lindas flores que nascem em mim. Venha, Oh divina Mãe! venha aquarelar seu painel, dance e misture as cores mágicas no meu caldeirão, que aguarda uma pitada de pétalas amarelas, retira a guirlanda da porta, volte a terra os galhos, renasça na janela as flores, guirlanda sagrada, útero bento.

Posso banhar ao ar livre, abrir o círculo de flores as mais lindas que encontrar lá na beira do meu Penhasco. Sopra a brisa quente e não o ar fresco da ilha sinto viva e iluminada pela deusa, o deus inunda com suas bençãos e fecunda a terra em um sexo divino, assim simples, leve, sempre, me entrego a pura virgem concepção.

EBOOK PRÉ LANÇAMENTO DO LIVRO A BRUXA DO PENHASCO NA AMAZON

AS ESTAÇÕES DA BRUXAOnde histórias criam vida. Descubra agora