Não é sua culpa

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Ouço seu gemido baixo, continuo estocando devagar e beijando seu corpo.
- Andi... Para, por favor..

Olho em seus olhos, lacrimejando, seus lábios tremiam e seu corpo de encolhia nos meus braços, o que aconteceu?!

- Emi, eu te machuquei? Tá tudo bem? por que tá chorando?!

Ela continua chorando, sem dizer nada, soluçava e tentava juntar forças para falar.
Puxo-a para meus braços, não sei o que fazer, nunca vi Emília dessa forma. Não consigo imaginar o que aconteceu. A abraço mais, a aconchegando mais ainda em meu colo, lágrimas escorrem pelas suas bochechas incessantemente e isso me dói, e eu nem sei por que..
- Fui estuprada..

Meu corpo gela.
O que?!
Como? Quando? Quem faria isso?!!!?!?!

Meu corpo estremece apenas de imaginar Emília sendo tocada, sinto suas mãos me apertarem mais, ela precisa de mim agora.
- Me desculpa.

Só agora percebi que estava segurando a respiração, solto um suspiro, ela não tem culpa, não tem culpa de absolutamente nada disso.

- Você não tem culpa, Emi..
- Eu não consegui impedir, não consigo cuidar do meu próprio corpo.

Não faço ideia do que dizer, do que fazer.
Ela não tem culpa de nada mas não sei como explicar isso, não sei como dizer isso...

- Se acalma, me deixa te ajudar, por favor. Me conta o que aconteceu..

- Quando sai pra brincar com Yas, um homem me empurrou pra dentro de um dos banheiros e... começou a me tocar, estocar em mim e me beijar. Eu juro por tudo que tentei impedir, mas ele foi mais forte. - Ela se esforça pra dizer, chorando e soluçando.

Não consigo responder, apenas de imaginar isso meu sangue ferve de ódio.

Só consigo a abraçar mais, quero deixá-la segura, fazer ela se sentir segura comigo.
- O que quer fazer agora? Denunciar? Talvez descansar um pouco...

Ela ainda estava sem camisa, então pego a blusa jogada e a visto, não consigo imaginar como el esta se sentindo, mas quero deixá-la o mais confortável possível.

- Eu quero que fique aqui, comigo, por favor.

- Claro...

A coloco deitada sobre meu peito, me escorando na cabeceira da cama. Ela encaixa a cabeça na curva do meu pescoço, sinto sua respiração ali.

Alguns segundos depois e lá já está dormindo.
Passo os dedos pelas mechas loiras do seu cabelo. Confesso nunca ter visto Emília assim, tão vulnerável, talvez eu tenha me acostumado com a imagem determinada e inabalável dela, mas tê-la assim em meu colo me traz uma sensação de cuidado.

02:34
Acordo ao sentir um beijo em meu pescoço, Emília ainda estava deitada em meu colo.
- Desculpa, não queria te acordar...
- tudo bem, como você ?
- Melhor... eu acho.

Um silêncio paira entre nós duas.
- Acho melhor eu ir pro meu quarto, talvez você precise de um tempo sozinha pra decidir o que quer fazer...
- É, pode ser

Emília diz e eu quase sinto um toque de pesar em sua voz.
Levanto de sua cama, arrumando minha roupa e saindo do quarto em silêncio. Assim que piso o pé em meu quarto meu olhos se enchem de água, não sei explicar o por que, um vazio volta ao meu peito e eu sei o que isso é...

Deito em minha cama me enrolando na coberta, mesmo assim meu corpo continua gelado, minhas mãos suam e tremem, um gosto ruim na minha boca e uma série de pensamentos que bem conheço.

Procuro pelo anti-depressivo na bolsinha preta mas não o acho, ele não está lá, todos os pensamentos voltam a minha cabeça, toda aquela sensação, eu não conseguir protegê-la, assim como não protegi Mj, assim como não consegui me proteger, mais uma vez eu me sinto inútil, eu sou inútil, não consigo proteger as pessoas que considero minha família.

Tudo se torna escuro.

Quando minha visão se torna clara, meu braço arde, sangue escorre e pinga no chão de madeira, solto a lâmina.

O que eu fiz...

Meus lábios tremem, denovo fiz isso, denovo e denovo.

Lágrimas e mais lágrimas escorrem pelo meu rosto, aperto os olhos implorando pra isso seja mentira, que seja coisa da minha cabeça e suplico para que isso desapareça.
Não desaparece.
Decepcionei a todos de novo.

Deito em minha cama, chorando, não consigo sentir meu corpo, so sinto meu braço arder e meu estômago revirar, meu coração se aperta e não sai uma palavra da minha boca, um zumbido ao toma conta dos meus ouvidos e não consigo ouvir mais nada além do barulho alto que eles fazem.

Por favor faz isso parar.
Não quero passar por isso denovo.
Não quero meu pai decepcionado comigo denovo.
Emília, Mj, Dixon, Jana, Sebas...
Não posso fazer isso denovo. Por favor, denovo não.

Talvez eu seja sim a culpada.

Pego a lâmina do chão..
Minha visão se apaga.

Nota da autora: Ok, vocês merecem explicações sobre meu sumisso, ME DESCULPEM! De verdade eu tive alguns problemas essa semana, me perdoem, prometo recompensar por isso.

O que acharam do capítulo??

┌ɪ ʜᴀᴛᴇ ʏᴏᴜ, ᴅᴀʀʟɪɴɢ┐☞ᴇɴᴅɪ/ᴀɴᴅɪʟɪᴀ☜Onde histórias criam vida. Descubra agora