Capítulo 1 - Evelyn Sampaio

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Eu não consegui acreditar naquela carta de aprovação para a Escola de Ballet de Paris e não soube bem como reagir. Sim, eu queria muito ir estudar na França, treinava muito e estudei francês por anos esperando por esse momento, mas não, eu não me sentia preparada para falar com Melissa ou Barbara sobre isso. A primeira pessoa que senti vontade de ligar foi o meu pai, mesmo que ele estivesse longe, era ele que fazia de tudo para me manter no ballet, sempre me apoiou e nunca me deixou desistir do meu sonho. Então foi o que fiz, peguei o celular e busquei o número dele.

-Alô? - Ele atendeu e senti meu coração bater mais forte, eu estava prestes a dar a notícia de que tinha conseguido conquistar o meu maior sonho.

-Pai, pode falar? É importante!

-Só um minuto, Lyly, vou sair da reunião. - Ele respondeu, eu o ouvi pedindo licença para quem quer que estivesse com ele e em seguida voltou para a ligação - O que aconteceu? Está tudo bem?

-Pai, eu consegui! Fui aceita na Escola de Ballet de Paris! - Nesse momento em que eu falei em voz alta e ouvi a mim mesma, a minha ficha caiu e eu comecei a chorar e a pular de alegria. Era tudo o que eu mais queria e não podia deixar de viver esse momento tão maravilhoso que é o de finalmente realizar um sonho, mesmo com todos os sentimentos que estavam misturados dentro de mim.

-Minha filha! Meus parabéns! Eu sempre soube que você conseguiria! Estou muito orgulhoso e já vou preparar o final de semana que vem para ir te ver e comemorarmos!

-Obrigada, pai! Vai ser muito especial e já estou ansiosa para isso. Obrigada por me atender! Eu te amo demais!

-Também te amo, Lyly. Estarei sempre aqui por você! Preciso voltar agora. - Meu pai respondeu e encerramos a ligação, eu estava em êxtase naquele momento, como se eu tivesse fogos de artifício dentro de mim. Sentei-me no sofá novamente e me joguei para trás, ainda empolgada com minha conquista e sem a menor ideia do que fazer em seguida.

Melissa com certeza ficaria muito feliz por mim, mas senti meu estômago embrulhar quando pensei na possibilidade de ela não conseguir uma vaga em alguma escola. Na verdade, nós sempre sonhamos em ir para Paris juntas, mas esse sonho era mais meu do que dela porque ela sempre dizia que ficaria imensamente feliz se conseguisse vaga em qualquer escola que fosse fora do Brasil. Ela sempre comprou todos os meus sonhos e me motivou em cada momento da minha vida.

Nem sei quanto tempo se passou, eu só sei que quando percebi, já estava quase atrasada para o jantar na casa da Babi, então precisei correr para me arrumar se quisesse estar pronta quando minha namorada fosse me buscar. Eu decidi que falaria para ela no jantar em sua casa e aproveitaria que dona Ana, minha sogra, já estaria lá também com a gente.

Tomei um banho rápido ao som de uma das minhas músicas preferidas, Palm Dreams, da minha diva Hayley Kiyoko. Eu cantarolava a música enquanto me ensaboava, passava um óleo corporal e terminava aquele ritual relaxante de autocuidado. Eu merecia estar feliz, eu merecia aquela vaga.

Decidi optar por prender meu cabelo e destacar meus olhos com um delineado gatinho. Eu me sentia mais calma e relaxada e algo dentro de mim dizia que eu não precisava temer esses meses longe de Barbara, porque eu tinha certeza do que estávamos sentindo uma pela outra. Um amor como esse, o tempo e a distância não seriam capazes de destruir, pelo contrário, eu sentia que a amaria cada dia mais.

Vesti um short jeans e uma blusa branca para reafirmar o quanto eu estava tranquila e em paz por ter recebido aquela carta. Eu estava feliz e empolgada por ter conseguido a vaga e eu desejava fortemente que a minha namorada compartilhasse dessa alegria comigo, nem conseguia pensar como seria caso ela não reagisse positivamente. Assim que terminei de me arrumar, Barbara tocou a campainha da minha casa e eu já me encaminhei para abrir a porta com a bolsa na mão.

Nossas  Escolhas (Romance sáfico - continuação de Você me aceita?)Onde histórias criam vida. Descubra agora