• Sétimo •

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•••••• Narração Gabriel ••••••

Chegamos em casa ainda em silêncio. Me martirizo por pegar tão pesado com Maya. Sei que ela está triste e chateada. Eu também estou.

Não consigo explicar o sentimento que perdura no meu coração. Não sei explicar a raiva que senti ao ver a Maya conversando tão íntima com o Thiago por vídeochamada.

Sim, aquele dia pós jogo contra o Palmeiras, enquanto eu voltava do banheiro ouvi a risada da Maya. Pensei que eu tava alucinando mas na verdade era ela mesmo. Em ligação com o Thiago.

Subiu em mim um sentimento que até hoje não sei explicar. Raiva? Não sei. Porque eu sentiria isso? Pra mim não faz sentido algum.

Decidi ficar ouvindo a conversa. Ela vestia a minha camisa. E ele ofereceu uma dele.

COM O NOME DELE.

A MAYA SÓ VESTIA CAMISAS DO FLAMENGO COM MEU NOME.

E o pior. ELA ACEITOU.

A minha vontade era acabar com aquela palhaçada. Mas, a Maya não me perdoaria. E eu também não, pois não tenho ideia do porquê estou me sentindo assim.

Tudo piora no outro dia. Maya saiu na noite anterior. E ela estava linda. E de manhã, vi Thiago sentado NO MEU SOFÁ. E Maya saindo do quarto com uma camisa dele.

EU SURTEI. Mantive a calma e sai. Mas não aguentei não falar pra Maya que estava irritado.

E antes mesmo de falar ela sabia. Todos sabiam. Mas ninguém, nem eu, sabia o porquê.

Recebi uma ligação do Romarinho, filho do ex-jogador Romário e meu amigo, e ele avisou que depois do jogo iria acontecer a festa do Davi, filhinho dele, na casa que ele mora, disse para eu ir junto com Maya.

Maya. Maya. Maya. Até quando eu quero esquecer ela, a diaba é mencionada e eu lembro tudo que tô sentindo.

Penso um pouco. Segunda a gente só treina pela parte da tarde, antes de viajar para a Argentina e jogar a partida de ida da Libertadores.

Eu falei pra Maya que iríamos conversar nesse dia. Mas mudo meus planos.

Saio do meu quarto e me dirijo até o quarto de Maya. Bato na porta.

— Maya? Posso entrar? — digo sereno. Ouço uma fungada. Ela tá chorando?

— Entra, Gabriel. — ela diz com a voz embargada.

Sou tão acostumado com ela me chamando de Bi que até estranho quando ela me chama pelo nome.

— Se arruma que você vai comigo pro jogo. De lá a gente vai sair pra conversar. — evito contato visual.

Ela expressa não entender nada, mas assente. — Ah, a gente vai pra onde? — ela parece preocupada.

— Confia em mim. Só se arruma pra ir pro jogo, o resto você vai saber na hora certa. — ainda evito olhar muito pra ela.

— Tudo bem, sem problemas. — ela parece confusa e senta na cama, colocando as mãos no cabelo e depois no rosto.

— Então se arruma e organiza tudo, que as 14h eu vou pro estádio, se quiser ir com as meninas mais tarde, tudo bem. Mas vai no seu carro. O meu vai ficar lá no Ninho. A gente também vai passar no Romarinho depois de sairmos pra conversar. Aniversário de 1 ano do Davi. — já penso em sair do estádio direto pro local onde vamos conversar e depois na festinha do Davi.

O jogo é as 18h, mas precisamos chegar no estádio as 14h. E nesse momento é 13h.

— Ah, tudo bem. Vou falar com as meninas. A gente se encontra lá. — ela suspira. Me viro de costas pra sair do quarto mas ela me chama e eu, pela primeira vez nessa conversa olho para ela.

No Control • GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora