TRINTA E UM

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Gatilho.

LORE

Mexi lentamente meu braço dolorido enquanto tentava tirá-lo debaixo do corpo do Ruel. Ele estava virado de costas, era como se ele fosse a conchinha menor. Isso era irritante. Gosto de dormir livre e me sentir livre na cama. O loiro estava dormindo tranquilamente, parecia suave e leve.

Olhei para ele mais uma vez antes de finalmente levantar. Suspirei e fui até o banheiro, lavando o rosto em seguida e prendendo o cabelo que estava bagunçado. Os fios escuros estavam emaranhados e desorganizados. A camisa que eu usava do Vincent me cobria inteira. Era toda branca e tinha alguns detalhes negros na frente.

Voltei para o quarto e saí logo em seguida. Andei pelo corredor, percebendo uma porta fechada ali. Talvez fosse outro quarto, mas ainda assim, a curiosidade plantou em mim. Molhei os lábios e girei a maçaneta sem demora.

Franzi a testa surpresa e confusa com o que eu havia acabado de ver. De fato, era um quarto, mas de música. Na parede tinham duas guitarras e um violão presos nela e muitos quadros de bandas decorando o branco. Um médio piano preto no canto. No meio tinha uma cama de solteiro, e ao seu lado direito, tinha uma mesa de madeira clara com um banquinho em sua frente, nela estava alguns cadernos, fichários e canetas em cima. Dois pufes no outro canto vazio e uma janela de vidro, mostrando o céu azul lá fora.

O quarto era grande e bem decorado.

Ruel escrevia músicas?

Me aproximei da mesa e peguei um caderno, abrindo e as folhas em branco, o que me deixou confusa. Corri os olhos até a guitarra preta e vermelha e fui em sua direção, passando os dedos nas cordas grossas e encarando a outra ao seu lado, essa era branca e preta. Parei em sua janela, vendo o jardim verde e a piscina na área externa. Parei no piano e levantei a proteção que cobria as teclas, alisando-as sem pressionar para não fazer barulho.

Sorri puxando o ar fresco e passei os olhos pelo quarto de novo. Eu gostaria de dormir aqui ou viver nesse cantinho. Provavelmente eu aprenderia tocar guitarra ou piano, mas isso dependia qual instrumento o loiro me ensinaria primeiro.

Pressionei os lábios sentindo os pelos da minha nuca se atiçarem. Ele estava aqui. Isso sempre acontece quando ele aparece ou quando está me observando.

— Por que não disse que você toca? — perguntei sem olhar para trás.

— Você sabe muito bem que eu toco... — respondeu, com um tom brincalhão, fazendo-me rolar os olhos.

— Não estou falando disso...

— Como soube que eu estava aqui? — perguntou.

Senti seus passos se aproximando, e presumi que ele havia entrado no quarto.

— Não sei. Eu apenas sinto quando você está por perto. — respondi. — Mas você não respondeu a minha pergunta.

Ruel tombou no meu ombro e se aproximou da janela, ficando em minha frente. Ele usava uma calça de moletom cinza, e estava sem camisa. As marcas das minhas unhas estavam visíveis em suas costas.

— Eu já toquei. — respondeu. — Agora não toco mais.

— Vai tocar para mim? — perguntei.

— Depende de onde você quer que eu toque. — me olhou com um sorriso perverso no rosto.

— A guitarra ou o piano. — rolei os olhos outra vez.

— Ah! — murmurou. — Talvez um dia...

— Não seja tão ruim. — reclamei. — Se você não tocar para mim, eu vou pedir para outro tocar.

A MENTIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora