QUARENTA E SETE

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Contém Gatilho.

LORE

Olhei a tela do meu telefone pela milésima vez só hoje. Ruel tinha praticamente sumido há dois dias. Não apareceu no colégio e nem me ligou, ou respondeu minhas mensagens. Eu já estava ficando preocupada. Talvez ele esteja de luto e prefere ficar sozinho no momento, e isso foi um dos motivos para eu não procurá-lo.

Por mais que Kate tenha se tornado uma mãe ruim na adolescência do Vincent, ele ainda a amava. Estava deprimido e melancólico por sempre culpá-la por anos. Mesmo não gostando e concordando com o jeito que o Ralph tratava seu filho, a falecida permitiu que ele sofresse.

Ruel é um tipo de pessoa que se demonstra forte por reprimir muita coisa. O loiro acumula muita tristeza devido aos traumas causados pelos seus pais. Pensar que o Evans pode estar se martirizando e se culpando mais ainda nesse exato momento, faz com o que meu coração se quebre, pelo fato do garoto não conseguir se controlar e colocar outra droga no corpo, e talvez sofrer outra overdose.

O que me deixa confusa é que o Shawn também sumiu, e isso me leva a pensar que talvez esteja dando apoio para o seu amigo. Mas tudo é caótico, porque se fosse mesmo isso, ele já teria avisado a sua namorada. Anne estava louca pelo sumiço do moreno.

Então estou aqui, encarando o seu portão branco. Pedi para que o meu segurança me trouxesse para cá. Queria vê-lo. Preciso ver o seu estado.

Ajeitei a saia do uniforme e apertei a campainha. O aço logo foi aberto por Julie após a garota digitar o código. Entrei de braços cruzados e corri os olhos pelo local. Estava tudo limpo. Não tinha nenhum resquício de festa ou de drogas pelo jardim esverdeado.

Levantei a cabeça notando que a garota parada na passagem da porta estava confusa e curiosa. Seus lábios estavam pressionados enquanto me observava. Usava uma das suas calças pretas e jaqueta da mesma cor. Estava pronta para sair.

— Avise para o Vincent que o pai está atrás dele... — ela começou. — Aquele velho veio aqui hoje pela terceira vez procurando o loiro.

Franzi a testa confusa. Ele não estava aqui?

— O quê? — perguntei. — Ele não está aqui?

Julie negou tão confusa quanto eu.

Molhei os lábios analisando a situação e arregalei os olhos pegando o telefone. Disquei o número do Evans e liguei, mas caiu na caixa postal, mais uma vez. Liguei novamente e o resultado foi o mesmo.

Fechei os olhos e mordi o lábio inferior, nervosa e aflita. A ansiedade e o medo começou a crescer pelo meu corpo, me deixando apavorada com o que tinha passado pela minha cabeça. Minhas mãos tremiam e eu podia sentir meu peito pular com as batidas incontroláveis do meu coração.

Engoli seco saindo da casa do Ruel e encarando o homem que estava ao lado do carro preto. Thomas me olhou receoso e preocupado.

— Senhorita? — ele disse.

— Senhorita é o caralho! — vociferei. — Me diga onde ele está. Agora!

Meu segurança franziu a testa e abriu a boca como se estivesse pensando em uma resposta.

— Ele quem?

— Ruel! — falei, notando a presença de Julie atrás de mim.

— Lore... — disse ela. — O que está acontecendo? Onde o Vincent está?

— Thomas! Me diga agora! — exigi.

— Eu não sei. — ele respondeu. Me aproximei do seu corpo e encarei seus olhos castanhos. Seu olhar era sincero. — Estou falando a verdade. Não tem o porquê mentir para você. — continuou. — Eu disse que estava do seu lado, não disse?

A MENTIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora