QUARENTA E CINCO

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LORE

Como eu não queria voltar para casa ainda, ontem passei a noite na Anne. Não sei se irei me controlar ao ver o rosto cínico do meu pai. Fingindo não ser culpado da morte da Kate. Tudo fazia parte do seu plano. Da vingança. Eu não sabia que ele faria algo tão ruim, mas isso não chega nem perto do que ele ainda pode fazer. Sempre espere o pior do chefe da máfia.

Enquanto passava pelo portão principal do colégio, vi o meu carro estacionado. Ruel já deve ter chegado. Continuei andando ao lado da minha amiga que logo avistou o seu namorado e fomos de encontro. O Vincent estava de costas na frente do Carter. Usava um moletom por cima do uniforme.

Ajeitei a saia do traje secundário que eu usava, era da Anne. Ele ficava um pouco apertado e curto demais para mim. Pressionei os lábios abaixando o pano rebelde mais uma vez e bufei irritada quando não consegui. Decidi ignorá-lo.

Shawn sorriu para a morena, que logo se apressou em deixar um selinho demorado em seus lábios e o loiro olhou para mim. Aparência ainda cansada. Olhos caídos e exaustos.

Dei um sorriso pequeno e afastei um dos seus fios claro da testa. Ruel era alto. Tive que inclinar um pouco os pés para alcançar seu rosto, mas como consequência o tecido suspendeu, quase expondo minha bunda e a calcinha preta que eu usava. As mãos grandes do Vincent foram mais rápidas e segurou a saia, deixando-a no lugar.

— Obrigada! — eu disse, tentando abaixá-la mais uma vez.

Ela já estava me irritando.

Logo Ruel tirou o seu casaco e rodeou na minha cintura, amarrando o mesmo e fazendo que a saia ficasse firme no lugar.

— Não tire! — ele falou e sorri. — Não quero ninguém olhando para o que é meu. — sussurrou com um tom brincalhão.

— Como você está? — Anne perguntou, olhando para o garoto em minha frente que logo deu de ombros.

— Poderia estar pior... — respondeu.

— E a Julie? — sussurrei de volta. — Está bem?

— Sim. — me olhou. — Ela estava dormindo quando cheguei. Thomas permanecia dentro do carro do outro lado da rua. Vigiando.

— Ah, sim... — suspirei. — Que bom!

Pude notar os olhares das pessoas no Ruel. Olhares de pena. Mas ele não ligava, já que sempre foi motivo de chamar muita atenção na maioria das vezes devido à fama nada boa do loiro.

Fomos direto para a sala e vimos os caras com suas namoradas. Sidney conversava com o Connor. Eles riam de alguma coisa entre si. Loren e Ariel sentadas no colo do Stone e do Lewis, mas quando o professor Arthur entrou, elas se apressarem para levantar.

Sentei ao lado do Vincent. No fundo. Ele deitou sua cabeça na mesa em sua frente e fechou os olhos. Levei minha mão até o seu cabelo loiro e enrolei os fios nos dedos, deixando carinhos ali, mas logo o Ruel beijou a pele macia e deixou minha palma grudada a sua.

Ficamos assim até o resto das outras aulas. Na hora de ir embora, me despedi das garotas e do garoto, que logo me beijou rápido e pegou seu casaco, para que meu pai não percebesse que era dele. Me deu a chave do veículo e disse que o Shawn lhe daria uma carona.

Thomas já me esperava ao lado do carro preto. Estava bem-vestido como sempre. Óculos escuros. Cruzou os braços enquanto me esperava. Mostrei o pequeno chaveiro para ele, então o meu segurança entrou no seu automóvel e entrei no meu. Passei por ele e logo o vi se aproximar atrás.

Continuei dirigindo até a propriedade dos Evans. Peguei um cigarro da carteira do porta copos, a qual peguei no quarto do Vincent, e levei até os lábios, soltando a fumaça na janela de vidro que agora estava aberta. O cheiro de menta que pairava me lembrava ao Ruel. O seu cheiro.

A MENTIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora