TRINTA E DOIS

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RUEL

Após deixar Lore dormindo em sua cama, saí do quarto. Respirei fundo, descendo as escadas e encontrando seu pai passando pelo vestíbulo. Ele havia vindo de alguma sala do lado esquerdo. Benjamin continuou andando até a saída da sua casa, mas antes de pisar fora, olhou para trás, como se estivesse presumindo que alguém estava se aproximando.

Dei uma olhada rápida na tela do meu celular e vi que era quase cinco da tarde. Eu precisava olhar o que copiei do seu notebook e passar para um pendrive, e depois entregá-lo ao Ralph. E no fim, me livrar disso.

O Orlando esperou que eu me aproximasse, então passei sem cumprimentá-lo. Entrei no meu carro e encarei seu corpo quando ele ficou em frente ao meu veículo. Minhas carnes tremeram controlando a vontade louca de acelerar e passar por cima. A única coisa que eu queria era isso. Matá-lo.

Ele não era um humano. E, sim, um monstro.

Olhar para o seu rosto cínico me deixava enjoado e com muita raiva.

Como ele pode dizer aquelas coisas horríveis para sua própria "filha" na frente de todos naquela porra de mesa?

Ameacei acelerar o carro, mas o Benjamin não se moveu. Ele queria que eu saísse e descesse, então assim fiz. Desci e cruzei os braços, esperando qualquer merda que saísse daquela boca imunda, mas ele permaneceu quieto. Ficou apenas me observando com uma expressão descarada e vitoriosa.

Cerrei os dentes, sentindo-me impaciente.

— O que você quer, Evans? — ajeitou seu paletó após pegar sua caixinha luxuosa de charuto. — O que planeja conseguir se aproximando da Lore? A virtude dela você com certeza já levou. — estreitou os olhos. — Então o que é?

Ri sem humor.

— Não tenho obrigação de responder! — eu disse. — Por que você acha que tenho segundas intenções? — rebati. — Isso é uma coisa que você está acostumado a fazer.

Mas tecnicamente ele estava certo. Eu me aproximei com uma coisa em mente, mas nada disso importava agora. Depois dessa história, irei protegê-la e fazê-la a garota mais feliz do mundo. Longe de tudo e de todos. Só nós dois. Apenas nós.

— Sabia que eu nunca confiei em você? — me olhou enquanto fumava. Dei de ombros. — Sempre soube que você não era como eu.

— Sou um Evans, Benjamin. — soltei — Não um Orlando. — suspirei. — É uma honra para mim não ser como você.

— Mas você não é como o seu pai... — comentou. — Você está escondendo coisas de nós. O que é? Essa é sua única chance de revelar.

— Escondendo do mesmo jeito que você esconde coisas dela?

Benjamin negou enquanto ria divertido. Esse velho era louco.

— Meu relacionamento com a minha filha não lhe diz respeito. — indagou.

Sua filha? O cacete que é.

— Eu sei. — assenti. — Pode sair da frente da porra do meu carro? Preciso ir embora.

Orlando assentiu e se afastou em passos lentos. Ainda fumando, ele me encarava enquanto eu voltava para o carro e ligava o mesmo novamente.

— Cuidado, moleque... — seu tom era ameaçador. — Nunca se sabe quando estamos próximos da morte.

Acelerei e comecei a sair da casa, logo também saindo da sua propriedade. Olhei o telefone mais uma vez, checando se tinha alguma mensagem da Lore, mas não tinha. Ela com certeza ainda estaria dormindo. Apertei o volante ao lembrar da cena dela se arranhando e descarregando sua raiva em seu próprio corpo devido ao seu pai. O culpado do sequestro e das coisas ruins que aconteceram com ela.

A MENTIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora