Prólogo

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Uepa!

Estou feliz de trazer mais uma longfic com uma pegada mais vintage e piratesca. E como de praxe, temos os avisos para sua ciência ao ler a fanfic:

— A história se passa no "mundo real", região da Inglaterra, entre o século 17 e 18.

— Mesmo que o mundo seja o nosso, ainda há a magia que estamos tão acostumados, então não se preocupem.

— Se vocês curtem Piratas do Caribe e um tico de história, então se preparem para uma enxurrada de referências.

Um agradecimento especial à @OnlyAstraa pela belíssima capa, meu cu é todinho seu!

No geral acho que é isso, então lhes desejo uma boa leitura e até a próxima :D

— Andem logo, seus porcos nojentos!

Todos os homens avançaram, invadindo uma enorme mansão ao sul da Inglaterra, em Brighton. Foram dois meses de estudo para que esse roubo fosse perfeito, e Samira estava ali para garantir que nada, absolutamente nada, desse errado. A família estaria em Londres nesse dia e a casa estava vazia, tirando os vigilantes designados a cuidar da propriedade. Samira deu um jeito neles rapidamente.

Ela assobiou enquanto andava pela enorme sala de jantar, admirando o lustre luxuoso da família Chantrea. Ah, sim, os Chantrea, a começar pelo conde James Chantrea, patriarca da família e proprietário de uma das maiores fábricas de armas de fogo da Inglaterra, e então havia seus filhos, Alune e Aphelios Chantrea, gêmeos não idênticos. Infelizmente a matriarca faleceu cedo.

A primeira imediata de Anne Bonny puxou um charuto, o acendendo com um velho isqueiro enquanto apreciava o barulho de objetos revirados, as risadas animadas, as louças caindo no chão e… tiro? Samira olhou para trás, alerta, enquanto alguns de seus homens paravam também.

— Veio do andar de cima! — Um deles gritou.

— Reúnam tudo o que conseguirem, eu vou verificar. — Samira baforou o charuto antes de sacar a pistola e subir as escadas com cautela.

Mansões eram sempre complicadas de saquear, enormes e cheias de corredores que não faziam sentido, praticamente projetadas para forasteiros se perderem. Samira apagou o charuto na terra de um vaso de flores antes de continuar, apontando a pistola a cada curva que tomava.

E isso logo se provou ser um erro.
Ao virar em um corredor, Samira deu de cara com Charles, um de seus homens, no chão. Morto. Logo ao lado dele, de pé, estava um homem, provavelmente na faixa de 20 anos, apontando um mosquete na direção dela. Samira bufou, deixando a pistola cair e levantando as mãos.

— Calminha, já estou desarmada.

Cabelos e olhos tão negros quanto a própria pólvora, e as roupas chiques só comprovavam que Samira estava diante de Aphelios Chantrea. Não fazia sentido, ele deveria ter ido à Londres com a irmã e o pai, então o que fazia sozinho naquela mansão? Isso com certeza era um incômodo, um contratempo que causou a morte de um dos tripulantes, Sett ficaria furioso. Sett, o capitão do navio Anne Bonny, deveria matar Aphelios só por causa disso, mas Samira sabia que não seria o caso.

Mais importante que o julgamento do capitão era sua situação agora, então Samira chutou a própria pistola para longe enquanto tentava ganhar a confiança do jovem nobre.

— Não vamos machucar você, então abaixe o mosquete, sim? — Continuou falando. — Nós iremos embora log…

Samira arregalou os olhos e se interrompeu quando Aphelios puxou o gatilho.

Click.

Sem balas. Samira olhou para Charles e só viu um tiro alojado em seu peito, notando isso, não pôde deixar de gargalhar enquanto andava novamente até sua pistola.

— Sério? Que tipo de idiota carrega um mosquete só com um tiro?! — Apontando novamente a arma para Aphelios, Samira sorriu. — Isso é um adeus, jovem lorde.

Samira não levou adiante, ao invés de puxar o gatilho ela apenas abaixou o cano, pensando melhor. Aphelios é jovem, rico e mimado, mas não hesitou em matar um homem quando se sentiu ameaçado. Não hesitou nem mesmo em puxar o gatilho diante de uma mulher que lhe ofereceu a segurança de vida. Ele sequer a deixou terminar de falar. Samira estaria morta agora se o mosquete não tivesse apenas uma bala.

Ela quase morreu e isso a deixou excitada.

— Meu capitão tem uma regra, lorde Chantrea. Não matamos inocentes. — Ela guardou a pistola. — Levando em consideração que você matou um dos nossos, essa regra iria para o ralo. Eu levei sorte que você tinha apenas uma bala e você teve sorte de ter sido eu a confrontá-lo. Outro tripulante já teria estourado seus miolos.

Aphelios não disse nada, se manteve de pé, o mosquete pendendo na mão direita enquanto os olhos afiados feito faca cravavam na pirata.

— Você é filho de James Chantrea! — Samira se aproximou, fazendo o jovem entrar novamente em posição de defesa. — Com certeza é mais valioso vivo do que morto.

A posição de Aphelios foi facilmente quebrada por Samira, que golpeou suas pernas e o levou ao chão.

— Somos em dez, jovem nobre, contra apenas um. Sugiro que nem tente lutar, entendido?

Apesar de corajoso, Aphelios não era burro. Ao ser arrastado para o andar de baixo pela excêntrica pirata pôde constatar que estava em uma desvantagem absurda, havia homens em cada canto do térreo, enfiando objetos de valor em sacos de couro enquanto riam e comemoravam. Uma verdadeira bagunça. Automaticamente todos pararam o que estavam fazendo quando viram a surpresa inesperada que Samira trouxe.

— Quem é esse aí? — Indagou um dos tripulantes.

— Um dos gêmeos do James. — Ela respondeu, simplista. — Já basta, é o suficiente.

— Mas… nem fomos ao andar de cima ainda. — Outro contradisse.

Samira olhou para as escadas.

— Charles já foi e está morto. Levarei o nobrezinho.

— Seu desgraçado! — Um homem próximo sacou uma pistola para atirar em Aphelios, mas Samira foi mais rápida, desembainhando a pistola e acertando um tiro certeiro na testa do tripulante.

Ela fez uma careta de desgosto para a segunda morte desnecessária na tripulação.

— Eu sou a imediata do navio, a segunda na hierarquia depois do capitão. Quando ele não está aqui vocês obedecem a mim. — Ela voltou a guardar a pistola. — Se eu digo que vou levar Aphelios, vocês apenas me obedeçam, entendido?

— Sim! — Todos disseram em uníssono.

Aphelios estava ofegante, os olhos fixados no homem que há poucos segundos estava disposto a matá-lo. Foi puxado de volta à realidade quando a mulher enfiou um saco em sua cabeça e rasgou o tecido com uma lâmina logo em seguida, fazendo o jovem nobre soltar um arquejo de susto. Era apenas um rasgo no saco para que pudesse respirar, mas por pouco que a lâmina não atinge seu rosto.

— Vamos embora!

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