O trato sujo

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Opa, eu prometi e aqui está. Para quem não tá ligado ainda, esse capítulo faz parte da atualização dupla de Imerso e Oceano Negro em comemoração ao meu aniversário.

E quase que não dá tempo hein sjdkakzkak quase meia-noite socorro

Enfim, duas décadas completas e quase 7 anos escrevendo fanfics, bastante coisa, não? Infelizmente depois dos 20 anos é aquele ditado: daqui pra frente só pra trás :')

Enfim, aproveitem!

ᕦ⁠⊙⁠෴⁠⊙⁠ᕤ

Quase todos os tripulantes do navio estavam bêbados a essa altura, e Aphelios apenas observava de longe, encolhido em suas roupas finas diante do vento forte da maresia.

Não sabia há quanto tempo estava naquela posição, debruçado sobre o batente do convés. Abaixo dele, ondas quebravam preguiçosamente no casco do navio, iluminadas pela fraca luz da lua. Seus olhos se revezavam entre ela e Sett, ainda sentado naquela mesa, rindo e cantando e bebendo.

Aphelios se perguntava o que ele quis dizer com aquelas palavras. Tinha uma vaga ideia, mas estava inseguro de estar errado. Se ousasse uma alternativa drástica, o quão grave seriam as consequências? Não poderia correr tamanho risco.

Odiou-se por ter sido tão impulsivo. Se tivesse demonstrado mais autocontrole desde sua chegada, Sett jamais saberia que o relógio era tão importante para Aphelios. Mas ele sabe, e justamente por isso está sendo mais cuidadoso, exatamente porque sabe que pode ganhar muito mais em cima daquele relógio do que normalmente ganharia.

Mas, se o real interesse de Sett fosse apenas o dinheiro, ele sequer negociaria com Aphelios, afinal o lucro de seu resgate junto com a venda do relógio cobriria qualquer preço que Aphelios lhe oferecesse. A não ser que o moreno estivesse certo e Sett não quisesse dinheiro, mas sim outra coisa em troca do artefato. Ou, quem sabe, o capitão agora estivesse tão bêbado que não notaria o sumiço do relógio, mas o que faria assim que ele ficasse sóbrio?

Toda ideia que Aphelios tinha, já era imediatamente descartada por algum motivo.

Até que, de repente, Sett se levantou, fazendo o nobre debruçado sobre o batente rapidamente se pôr ereto, observando. O capitão bateu nas costas de um marujo qualquer e deu uma alta gargalhada, e em seguida começou a andar para sua cabine. Aphelios esperou. E então andou.

A música já havia parado faz tempo, com os instrumentos largados em qualquer canto enquanto seus donos estavam bêbados demais para tocá-los. O cheiro do convés era uma mistura de rum, peixe frito e suor, o que fez o fino nariz do lorde se franzir em nojo.

Todos estavam altos demais para percebê-lo ali, ziguezagueando os tripulantes que gritavam e tropeçavam em seus próprios pés.

Samira foi a única que percebeu Aphelios Chantrea entrando na cabine de Sett, mas ela não fez nada além de sorrir.

— O que foi? — Damian indagou, percebendo a expressão no rosto da primeira imediata.

— Nada. — Samira deu de ombros. — Só sinto que esse navio vai balançar bastante essa noite.

ᕦ⁠⊙⁠෴⁠⊙⁠ᕤ

À princípio, Aphelios só viu o escuro, mas logo as velas acesas iluminaram o lugar adequadamente. Era um cômodo pequeno, caberiam dois deles em seu quarto na mansão. Havia uma cama de casal no canto, uma escrivaninha logo ao lado, abarrotada de papéis e livros em uma qualidade duvidosa, além de, perto da porta, haver uma cortina que cobria o que parecia ser uma banheira.

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