O excêntrico capitão Sett

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Oii, quanto tempo!

Perdão a demora, infelizmente serei obrigada a usar a velha e clichê desculpa das provas, pois realmente tive provas da faculdade essa semana. (Graças que não me inscrevi para o ENEM, estaria ferrada.)

Bom, com a ordem agora a próxima fic a ser atualizada é Imerso, depois Girlfriend e então voltamos para Oceano Negro.

Ah sim, quem tiver Twitter e quiser me seguir para trocar uma ideia, fique à vontade. Normalmente eu só dou rt em fanart gay e reclamo da vida akskask  (@nobasutha)

Só deixando claro que estamos em 1794, onde o machismo e preconceitos estão em seu auge. O que mais vai ter são motivos para vocês militarem, então por favor, compreensão nesse sentido :D

No mais, boa leitura!

ᕦ⁠⊙⁠෴⁠⊙⁠ᕤ

Os olhos de Aphelios Chantrea estreitaram-se quando as cortinas levantaram. Relaxou na cadeira, o rosto mergulhado em uma fria indiferença enquanto Romeu brandia palavras de amor para Julieta, curvada sobre a sacada.

O ator possuía uma voz firme, alta, que ecoava por todo o teatro e atingia o coração das damas emocionadas, já a atriz... Era jovem, cabelos tão brilhantes quanto o próprio sol e uma voz tão melodiosa quanto um rouxinol. Ele interpretava, mas ela era a própria Julieta, como se a moça tivesse se apossado daquela personagem meiga e apaixonada que Shakespeare, há muito tempo, escreveu.

"Romeu, Romeu! Ah! por que és tu Romeu? Renega o pai, despoja-te do nome; ou então, se não quiseres, jura ao menos que amor me tens, porque uma Capuleto deixarei de ser logo."

Ao seu lado, Alune suspirou, apoiando o binóculo de ópera sobre o colo. Aphelios apoiou o queixo sobre o punho fechado e a olhou. Sua irmã possuía os olhos claros vidrados na cena, uma clara emoção fazendo tremeluzir seus lábios. Ela sempre foi apaixonada pela arte, uma grande apreciadora de teatros, livros, músicas e pinturas. Colecionava pinturas abstratas pela mansão, mas gostava da melancolia da natureza morta que pendia sobre sua cama, um ponto de vista único de Cézanne.

Gostava disso nela, afinal Aphelios não tinha assuntos tão interessantes como Alune tinha. Ela podia entreter convidados por horas falando sobre cultura e expressões artísticas, mas ele apenas podia ouvir os outros e tentar acompanhar o assunto deles. Tocava piano, mas não gostava de falar sobre as sinfonias que reproduzia. Lia livros, mas não eram tão românticos como os que Alune lia.

— Trágico, não acha?

Aphelios fez uma expressão confusa quando fitou a irmã.

— Imagine amar alguém que sua família não aprova. Já vi essa peça centenas de vezes, mas seu triste fim sempre me deixa melancólica. — Ela voltou a observar a cena com profundo interesse. — E essa atriz é brilhante, quase me faz acreditar que é a própria Julieta.

— Espero que não seja, detestaria testemunhar sua morte nesta noite. — respondeu Aphelios.

— Irmão! — Riu Alune. — Seu cinismo sempre me surpreende.

O primeiro ato arrastou-se de maneira tediosa para Aphelios, que foi o primeiro a se levantar quando as cortinas se fecharam para o intervalo. Alune não fez menção de se mover, abrindo uma agenda e rabiscando anotações, provavelmente suas impressões e críticas ao primeiro ato. Ela adorava esse tipo de coisa, apesar de nunca mostrar sua agenda à ninguém.

— Vou buscar vinho. — Disse Aphelios, esperando alguma palavra de Alune sobre ela querer algo, mas ela apenas acenou.

Contornando as naves de cadeiras e murmurando "licença" incontáveis vezes, o moreno chegou ao elegante restaurante acoplado ao teatro. As pessoas comentavam sobre a peça alegremente, além de outros assuntos fúteis. Aphelios perguntava-se o que havia de tão interessante em saber do filho da tia do interior que casou-se com uma bastarda, ou o que diabos lhe agregaria perguntar como anda os estudos do primogênito que fora estudar no exterior.

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