Capítulo 7

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"Nunca tive uma sensação
de conforto, estive todo
esse tempo me escondendo."

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Estava escuro, Zilá odiava a completa escuridão, repudia como nada conseguia ver e como simplemente, ficava cega em meio ao vazio. Estava frio, o frio não era agradavel, os calafrios que tomavam seu corpo e a faziam tremer era realmente irritante. Estava com fome, a dor em seu estômago era um lembrete doloroso da situação em que estava.

Não, esse tempo passou. Não passou? Tudo o que viveu seria apenas um maldito sonho?

Ela abriu seus olhos, o que viu a fez se engasgar com o pouco ar que tinha. Estava escuro, muito escuro, o cheiro era ruim e o vento passava por baixo da porta. Do outro lado, ela ouvia o choro baixinho de seu irmão.

— Azriel? — Ela chamou, não reconhecendo o desespero em sua voz.

O som do choro, os soluços, e sua imaginação. Isso era uma tormenta para sua mente, ela nunca pode ver Azriel chorar, eles sempre estavam separados, nunca juntos, ambos escolhiam não chorar quando tinham a visita de sua mãe. Não podiam, não se permitiam chorar diante dela e demonstrar o quão vazios estavam.

Ela se arrastou, Zilá se amaldiçoou por se sentir tão fraca. A última vez que se sentirá tão ridícula e vazia foi quando ainda estava presa.

— Azriel... — Sussurrou por baixo da porta. — Irmão, não chore. Por favor.

— Você mentiu. — Era a voz dele.

Não aquela voz infantil e roca que a mandava rudemente calar a boca, ou dizia gentilmente que queria ficar sozinho. Não, era a voz dele, Azriel mais velho, agora.

— Azriel...

— Você mentiu, Jasmin. — A voz era rancorosa. — Disse que iriamos sair da escuridão, ainda estamos aqui.

Seu coração deu um salto quando ouviu o som de passos, era rápido, tinha gritos. Eram eles, não. Não podiam, não de novo. Azriel gritava, e os outros irmãos riam.

— Não! Azriel, não!

Suor escorria por sua testa quando acordou, sentia o coração batendo como martelo dentro de seu peito, e seus pulmões arderem ainda procurando ar. Foi um sonho, um sonho não, pesadelos. Jasmin nunca teve sonhos, tampouco Zilá um dia teria.

Sentou-se na cama e tocou suas costas molhadas na cabeceira, movendo suas frágeis asas para abraçar a si mesma. Suas sombras, estavam mais rápidas e intensas, rodeando seu corpo com carícias lentas, olhando para o lado, encontrou Shadow acordada, a olhando com seus olhos prateados assustados. Zilá respirou fundo e fez silêncio, logo que a coruja voltou a dormir, a Amante das Sombras, deixou sua escuridão sussurrar em seu ouvido.

Está tudo bem. Você está bem. Amamos você. Gostamos de você. Vamos cuidar de você. 

Um gemido cansado saiu de seus lábios quando ouviu baterem na porta. Devia ser isso o que ela ouvirá em seu sonho, apenas o toque em sua porta, ela se obrigou a levantar da cama, puxando os lençóis molhados para o chão. Zilá caminhou até a porta escura de madeira, respirando profundamente antes de abrir.

Amante das Sombras | ᶜᵃˢˢⁱᵃⁿOnde histórias criam vida. Descubra agora