Já é um começo, eu acho...

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_1983, 02 de outubro, 5h20min_

beleza, era isso, esse era o jeito dele provar para si mesmo se toda essa merda era verdade!
só precisava vencer seu antigo e maior medo, era fácil, já tinha feito isso antes, ok que na vez em questão havia sido tarde de mais e por causa disso teve muitas sequelas... só de lembrar a dor que foi saber que não poderia mais ter filhos por ter tomado tantos inibidores e controladores para ômega junto com as essência de Alfa que usava para disfarçar seu cheiro e convencer a todos do seu falso subgênero... se lembrava vividamente do exame que fez em 84 para atualizar seu histórico medico... o Dr. Ramires era o medico de sua família! um homem muito reservado que sabia guardar segredos. Steve lembrava nitidamente das palavras do medico quando lê disse que se ele tivesse parado de tomar os inibidores no inicio de seus 18 anos ele não teria sequelas... os remédios, era por ele que iria começar!

Steve foi até sua cama e levantou o colchão, de lá pegou um uma caixa de papelão grande que seu antigo eu escondia ali desde o fundamental para esconder "suas coisas vergonhosas de ômega", era assim que ele chamava, mas agora tudo aquilo iria pro lixo, não iria mais se matar para agradar os outros, muito menos por pessoas de quem ele nem gostava, iria ter sua própria vida, nem que isso custasse sua falsa reputação!

Pegou a caixa, a levou para o banheiro e de um em um, com uma satisfação absurda, jogou todos os comprimidos no vaso e deu descarga em toda aquela merda venenosa para seu corpo. Depois foi se vestir, já que ia se revelar ômega então faria do jeito certo, para não deixar dúvidas, foi em seu guarda roupa e pegou uma camisa longa com tecido de moletom na cor azul marinho claro, ficava muito larga nele e era isso que queria, depois foi para as calças, pegou um jeans claro que sabia que sua mãe o avia dado recentemente naquele ano, tinha ficado muito desenhada em seu corpo e seu eu do passado tinha pavor disso, na época tinha medo de mostrar seu corpo e as pessoas reparam que tinha "algo errado" por isso o Steve do passado a tinha dado em uma doação, mas ele não era mais o Steve do passado, vestiu a calça e gostou mesmo achando que faltava alguma coisa...

Seu eu do futuro não usava calças, muito menos calças largas, depois de se mostrar ômega Steve descobriu a maravilha de uma legging e de um shortinho jeans em sua vida, era ótimo para correr e se esquivar, sem contar que ficava ótimo nele... era isso!
tirou a calça e cortou as duas pernas da pesa de roupa com a tesoura que tinha em cima da sua escrivaninha, quando vestiu novamente viu que tinha ficado meio curto e justo de mais no bumbum, mas foda-se, se isso fosse só um sonho não daria em nada mesmo! por último passou um perfume de frutas que sua falecida avó o avia dado, nunca o havia usando mas guardava como uma lembrança da falecida, a única que sabia dele de verdade e o amava como era... colocou um tênis da marca conga da cor branca para terminar o visual.

Pegou sua mochila e sua carteira e saiu pela porta, não tinha arrumado o cabelo mas tinha o jogado para trás de qualquer jeito mesmo, quando estava no finalzinho da escada olhou para a sala de jantar e pensou se deveria só sair ou se deveria matar o leão a porrada de uma vez... resolveu enfrentar aquela conversa com seus pais agora, se fosse expulso de casa pelo menos iria saber já e não ficar sofrendo de ansiedade depois.

Foi até o cômodo onde sabia que iria encontra-los, ambos estavam lá dispostos na mesa sem olhar ou interagir entre eles, seus pais não se amavam, foram forçados a se casar pele maldito avô falecido, o Alfa mais velho se recusou a aceitar um filho ômega, então o casou com uma outra ômega de família rica e o forçou a fingir ser um Alfa por anos... por isso o Steve de 17 anos tinha medo de ser ômega e falar isso para seu pai, tinha medo de ter o mesmo destino, mais agora era isso ou não conseguiria mudar nada e nem saber se era uma alucinação ou a realidade, então com toda a coragem que tinha ele falou em alto e bom som.

- Tenho uma coisa pra falar! - disse alto chamando quase que nula a atenção dos dois mais velhos...-Eu sou ômega e não posso mais esconder por que meu lobo escolheu um filhote...- falou tudo rápido de mais e deu até um susto em sua mãe que quase cuspiu seu café na mesa, mas continuou agora com a atenção de seus pais - sei que não se amam e que muito menos deveriam estar juntos, vovó Marta me falou tudo antes de...- parou de falar, ainda doía falar de seu falecimento, ela era importante para ele- não quero ser como vocês, eu quero... ser livre- diz se preparando para receber um esporro ou uma porrada, não é como se fosse a primeira vez mesmo...

seu pai estava calado, totalmente imóvel, já sua mãe estava já com lágrimas nós olhos, ela não queria que ele soubesse de tudo aquilo, tinha até agradecido a Deus por ele "ser Alfa" por algum milagre... Mas não existia milagre! alguém era realmente feliz naquela família? Ela realmente não sabia, mas, quem dera eles pudessem...

- Vou sair mais cedo do trabalho com sua mãe - fala com calma largando o jornal encima da mesa e deixando de lado seu café -venha para casa cedo...vamos conversar sobre isso a noite - o pai diz finalmente saindo do silêncio, sem olhar para ninguém se levantou e foi para a porta pegar seu casaco - vamos Joena- ele diz esperando que o menino saia pela porta primeiro.

- ok ... - Steve não esperava essa reação mas não reclamou, se iria se fudeu e ser expulso de casa preferia que fosse pela noite mesmo, seu orgulho agradecia.

A pós 30mins que o adolescente passou pela porta Joena se manifestou para com o marido - o que faremos agora Rike? , Não me diga que... - ela pergunta com medo da resposta, não queria expulsar o menino de casa. Ok que não o amava como outras mães amam seus filhos mas também não era um monstro sem coração.

- Darei um jeito... - diz abrindo a porta - Se eu conseguir, Ele terá o que não tivemos...- e saiu pela porta com a esposa em seu encalço.

_No carro de Steve_

Agora no carro, um pouco chocado que ainda estivesse vivo, mas ok, não iria reclamar. dirigindo até a casa de Nancy para buscá-la como sempre fazia, iria aproveitar para resolver todo com ela, o amor da vida da ômega não era ele, e muito menos Jonathan também!
Robin a esperava e ele não atrapalharia as duas novamente, não dessa vez, dessa vez ele ajudaria...

Quando já estava na porta da casa na garota, estacionou o caro e bateu na buzina três vezes a esperando sair. quando viu a menina sair toda sorridente de casa a olhou com carinho e sorriu de volta para ela, era isso, tinha que proteger aquele sorriso.

Entrando no carro, ela estava prestes a falar algo mas Steve se pronuncia primeiro -Precisamos conversar Nancy... - disse pronto, iria jogar limpo dessa vez. ela o olhou de encima a baixo se espantando, o olha nós olhos novamente e fala com uma certa estranheza na voz ao sentir um cheirinho diferente no ar.
- É precisa...- seria complicado mas necessário.

Eu Voltei Pelas Crianças Onde histórias criam vida. Descubra agora