36. Não é possível

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Há três anos atrás eu nasci em uma época triste, em uma época memorável tragicamente. As pessoas choravam pela morte de uma princesa, o mundo estava em luto, enquanto eu tentava ser feliz. Há três anos atrás eu respirava a liberdade pela primeira vez. Há três anos atrás foi a primeira vez que eu dormi tranquilamente sem medo ou pesadelo, mas meu coração carregava saudade.

[...]

Dias atuais.

Saí do meu quarto usando apenas uma camisola de seda azul, segui o cheiro de pizza que saia da cozinha. Passei pela sala e acenei para minha amiga e seu namorado que estavam no sofá trocando carícias. Entrei na cozinha e encontrei a garota abrindo as caixas de pizza, ela me olhou por cima do ombro antes que eu lhe assustasse.

— Ele tem que ir embora. — Ela disse apontando para o casal na sala.

— Ah, deixa eles se curtirem um pouquinho. — Falei pegando os pratos no armário.

— Eu acho eles tão estranhos. — Ela falou indo até a porta para observar o casal melhor.

— Como assim estranhos? — Coloquei uma fatia de pizza no meu prato.

— Ela é toda fofinha e ele é tão... — Ela fez uma careta, imitando um zumbi. — Grr...

— Bruto? Grosseiro? Estranho? The Walking Dead.

— O que? — Dei risada dando de ombros.

— Você está imitando um zumbi, o que queria que eu dissesse?

— Ele é estranho. — Dei risada e joguei um pano no seu rosto.

— Para com isso, o Marco ama ela e trata todas nós muito bem. — Ela deu de ombros e voltou a cortar a pizza. — Eles se amam, eu admiro isso.

— Eu poderia te amar se você deixasse. — Ela falou séria.

— Mas eu deixo.

— Você entendeu o que eu quis dizer. — Ela revirou os olhos.

— Eu já namoro, você sabe.

— Com quem? O cara nunca foi visto. Você nunca fala sobre ele. Você nunca visitou ele. Ele morreu?

— Não! Ela não morreu, é uma garota e eu não a vejo há um bom tempo.

— Ela é de mentira, seria melhor você dizer que não quer ficar comigo, doeria menos. — A garota abriu a geladeira e pegou o refrigerante.

— Dramática.

— Você sabe que eu não sou. Só não vejo necessidade de você ficar criando mentiras. É só você falar que não quer nada comigo, tão fácil.

— Você me enche o saco. — Revirei os olhos divertida.

— Cadê sua educação londrina? — Ela pareceu chocada.

— Foi ficando perdida em cada país que você me levou. — Cantarolei.

— Se eu soubesse que você ficaria tão rebelde, nunca teria sido sua guia turística.

— Se você não fosse minha guia turística, você nunca teria conhecido alguém tão linda e legal como eu.

— É verdade, minha vida seria perfeita.

— Vai catar coquinho. — Bati na sua testa.

— Quando eu te conheci você era super educada, não me agredia e falava formalmente, aposto que estudou em uma escola de rico.

— Não. — Falei picando os picles em cima da minha pizza. — Eu estudei em casa desde criança.

— Sua mãe era professora?

Destination Traits - ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora