Capítulo 6:

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Aquele almoço ao ar livre na lindíssima San Diego, com os três homens mais importantes da minha vida, estava sendo memorável. Eu estava sentado entre Harry e meu pai, com Dominic à minha frente.

Se me perguntassem alguns meses antes, diria que não via graça nenhuma nas palmeiras. Mas, depois de passar um tempo sem vê-las, minha opinião tinha mudado. Ao ver as árvores oscilarem suavemente com a brisa do mar, senti uma paz de espírito que sempre quis, mas raramente alcancei. As gaivotas competiam com os pombos pelas migalhas caídas, e o barulho das ondas ajudava a encobrir o ruído do restaurante lotado.

Os olhos do meu melhor amigo estavam escondidos atrás de óculos escuros, mas o sorriso em seu rosto era visível. Meu pai estava de bermuda e camiseta, e começou a refeição estranhamente quieto. Ele se soltou depois de uma cerveja e ficou tão à vontade quanto Dom. Meu marido usava uma calça cargo marrom e uma camiseta branca. Era a primeira vez que eu o via de roupa clara. Parecia tranquilo e relaxado por trás dos óculos escuros de aviador, com os dedos entrelaçados aos meus sobre o apoio para os braços da cadeira.

— Um casamento no fim da tarde. — pensei em voz alta. — No pôr do sol. Só com a família e os amigos mais próximos. — Olhei para Dom. — Você vai ser meu padrinho.

Ele curvou o canto da boca em um sorriso preguiçoso.

— É bom mesmo.

Eu me virei para Harry.

— E do seu lado, já sabe quem vai ficar?

Ele contorceu a boca de forma quase imperceptível, mas eu notei.

— Ainda não decidi.

Meu bom humor se dissipou um pouco. Estava me perguntando se Arnoldo seria ou não apropriado, levando em conta o que pensava de mim? Fiquei preocupado com a possibilidade de azedar a relação entre os dois.

Harry era uma pessoa reservada. Apesar de não poder afirmar com certeza, achava que era apegado aos amigos, ainda que não fossem muitos.

Apertei sua mão.

— Vou convidar Miura para ser a madrinha.

— Ela vai gostar.

— E Christopher?

— Sei lá. Se tivermos sorte, ele nem aparece.

Meu pai franziu a testa.

— De quem estamos falando?

— Dos irmãos de Harry. — respondi.

— Você não se dá bem com seu irmão?

Como não queria que meu pai tivesse restrições a meu marido, apressei-me em explicar:

— Christopher não é um cara muito legal.

— É um tremendo de um babaca, na verdade. — interveio Dom. — Sem querer ofender, Harry.

— Fica tranquilo. — Ele encolheu os ombros e esclareceu melhor a situação para meu pai. — Christopher me vê como um rival. Não é assim que eu queria que as coisas fossem, mas não depende só de mim.

Meu pai balançou a cabeça devagar.

— É uma pena.

— Já que estamos tratando do casamento — Harry retomou o assunto — para mim seria um prazer cuidar do transporte. Queria muito poder colaborar também.

Respirei fundo, pois sabia que a sinceridade e o tato com que meu marido dizia as coisas tornavam suas ofertas difíceis de recusar e meu pai em breve entenderia isso.

Somente seu - Shumdario - 4 temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora