Capítulo 2:

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— Meu anjo. — A voz de Harry me impactou como se fosse a primeira vez que eu a ouvia. Polida, mas ao mesmo tempo sensual, ela me transportava de volta para a escuridão do meu quarto, onde eu não precisava me preocupar com a distração causada por seu rosto incomparavelmente lindo.

— Oi. — Aproximei minha cadeira um pouco mais da mesa. — Pode falar?

— Se você precisa de mim, estou aqui.

 Algo em sua voz me dizia que ele não podia.

— Posso ligar mais tarde.

— Matthew. — Seu tom autoritário quando disse meu nome fez meus dedos se contraírem dentro dos sapatos. — Do que você precisa?

De você, quase falei, o que seria uma maluquice completa, já que tinha acabado de trepar com ele intensamente poucas horas antes, depois de ele me foder loucamente durante quase a noite toda. Em vez disso respondi: 

—Preciso de um favor.

— Faço questão de cobrar mais tarde.

Um pouco da tensão nos meus ombros se dissipou. Ele tinha me deixado chateado com a maneira como falou de Charlotte, e a discussão que tivemos em seguida ainda estava fresca na minha mente. Mas eu precisava seguir adiante, deixar para lá.

— O pessoal da segurança tem o endereço de todo mundo que trabalha no Shumfire?

— Eles têm as informações de todo mundo. Do que você precisa?

— A recepcionista daqui é minha amiga, e faltou no trabalho a semana toda. Estou preocupado.

— Se quer fazer uma visita, é melhor pegar o endereço com ela mesma.

— Eu faria isso, se ela me atendesse. — Passei o dedo pela borda da caneca de café e olhei para a colagem de fotos minhas com Harry que decorava a mesa.

— Vocês brigaram?

— Não, estava tudo bem. E é estranho ela não falar comigo, principalmente porque liga aqui todo dia para dizer que não vai vir. Ela é uma menina bem falante, sabe?

— Não. — ele respondeu. — Não faço ideia.

Se fosse outra pessoa dizendo isso, eu ia achar que se tratava de uma resposta sarcástica. Mas não Harry. Provavelmente ele nunca conversou para valer com uma mulher ou homem. Ficava quase sempre perdido quando interagia comigo, como se não tivesse nenhum traquejo social quando o assunto era lidar com as pessoas, mas principalmente as mulheres.

— Então você precisa acreditar em mim, garotão... Só quero saber se está tudo bem com ela.

— Meu advogado está aqui na sala, mas não preciso nem perguntar para ele para saber que não posso dar essa informação pelos meios que você sugeriu. Liga para o Raul. Ele vai saber como encontrar sua amiga.

— Sério? — Uma imagem do segurança de olhos e cabelos escuros surgiu na minha mente. — Ele não vai se incomodar?

— Meu anjo, ele é pago para não se incomodar com nada.

— Ah. — Fiquei girando a caneta entre os dedos. Eu não deveria me sentir constrangido em aproveitar o que Harry tinha a oferecer, mas isso fazia com que a balança do relacionamento pendesse sempre para o lado dele. Apesar de acreditar que meu marido jamais jogaria isso na minha cara, eu sabia que ele não me tratava como igual, uma coisa que era importantíssima para mim. Harry já tinha resolvido sozinho coisas das quais eu deveria ter participado. Como a questão do vídeo horroroso que Sam Yimara fez escondido enquanto eu transava com Brett. E o caso de Nick. Ainda assim, perguntei: — Como faço para falar com ele?

Somente seu - Shumdario - 4 temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora