3- Felix

1K 161 17
                                    

Um pouco antes do sol nascer Changbin tentou sair de mansinho sem ser percebido.

– Bom dia, Bin! – Ainda estava escuro, mas era visível a silhueta de Bangchan escorado na porta da cozinha segurando uma xícara de café, sem camisa, com o cabelo bagunçado usando apenas um moletom preto confortável.

– Ta bom, vamos esclarecer uma coisa – Virou-se para Bang com as mãos para o alto – Eu não estou traficando – Bangchan o encarou arqueando a sobrancelha duvidoso – Eu só cobro pra eles, entende?

– Pra eles?

– Pra ele, na verdade... – Revirou os olhos abaixando a guarda deixando transparecer seu desconforto com o interrogatório – Yeonjun.

Bang ao ouvir o nome pronunciado de súbito, engasgou engolindo o líquido ingerido, começou a tossir e bater a mão no peito na tentativa de se desafogar.

– Yeonjun!? – Recupera o fôlego e engole seco – Choi Yeonjun!? – Olha para Changbin espantado.

– Eu tenho meus contatos Chan... – Da uma piscadinha debochada fazendo sinal de continência e sai pela janela.

Em seguida, com o ambiente iluminado pelo nascer do sol refletindo a única janela aberta, Seungmin e Jeongin saíram do quarto com suas mochilas vazias nas costas.

– A luz do dia Seungmin? – Bang ainda no mesmo local com sua xícara de café cruzou os braços repreendendo-o.

– Fazer isso de madrugada não é tão emocionante – Sorriu – E nós estamos em dois, o que poderia dar errado? – Se gabou tocando o braço de Jeongin com o punho fechado que retribuiu com um sorriso nervoso.

Bangchan fechou os olhos e respirou fundo reprovando a irresponsabilidade dos mais novos, mas cedeu fazendo sinal com a mão para que saíssem logo. Até porque, Seungmin é habilidoso e nunca foi pego, deve saber o que faz.

O apartamento tinha dois quartos, ambos com uma beliche e um colchão de casal no chão. No primeiro quarto estava Hyunjin na beliche de cima, Changbin em baixo e Bangchan no colchão. No segundo quarto, Minho e Jisung dividiam a cama de casal, Seungmin estava no beliche de cima e Jeongin em baixo.

Bangchan estava fazendo torrada com queijo para o café da manhã quando Minho apareceu na porta da cozinha pronto para sair segurando parte de uma peça eletrônica com o olhar preocupado.

– Chan...

– Bom dia babies!! – Interrompeu empurrando Minho para cozinha.

– Bom dia Han! – Respondeu Chan concentrado nas torradas.

– Posso? – Apontou para algumas torradas prontas no prato ao lado de Bang que assentiu com a cabeça.

Minho deixou a peça no balcão e aproveitou para pegar uma torrada também e uma xícara de café.

– O que ia dizer Minho? – Perguntou Chan movendo uma fatia da frigideira para o prato.

– Nada importante. – Respondeu com a boca cheia.

– Oh! – Han pegou a peça do balcão – Essa aqui é perfeita Minho.

– AAAAAAAAH!!! – Hyunjin gritou do banheiro zangado.

– Todo dia isso. – Disse Minho revirando os olhos em desdém.

– Eu acho muita falta de consideração da parte de vocês – Resmungou Hyunjin batendo os pés como um garoto mimado a caminho dos meninos usando apenas uma bermuda branca e uma toalha no ombro.

– É só acordar mais cedo. – Disse Minho.

– É só acordar mais cedo. – Hyunjin o imitou afinando a voz e fazendo caretas sendo correspondido pelo o mesmo dando início a uma guerra de caretas provocativas.

– Hyunjin! – Bangchan chamou sua atenção – Tem dois baldes cheios de água na lavanderia pra você. – Apontou em direção a porta no canto da cozinha que dava pra varanda.

– Aaah hyung, eu te amo! – Disse Hyunjin com uma voz fofa, sorrindo e cantarolando rumo a varanda onde tinha uma máquina de lavar, algumas cordas penduradas nas paredes de ponta a ponta e dois baldes cheios de água ao lado da máquina.

Após tomado banho, Hyunjin foi se olhar no espelho do banheiro como fazia todos dias. Ao se encarar, um pensamento tomou conta de sua mente.

– Algo me diz que ainda vou te ver novamente... – A imagem de um garoto assustado o deixou em devaneio por alguns segundos. Apesar do escuro naquela noite, era possível notar suas sardas e o rosto corado sendo iluminado por um pequeno feche de luz do único poste aceso naquele beco – Fofo. – Sorriu após um longo suspiro e voltou a si.

Depois de se arrumar foi até a sala, onde estava Bangchan também pronto para sair sentado na poltrona com um prato de torradas sobre as pernas assistindo a TV, Minho e Jisung haviam saído a algum tempo.

– Esse não é aquele garoto de ontem? – Apontou para a TV.

Hyunjin de imediato reconheceu a foto que aparecera na televisão prendendo toda a sua atenção.

"O massacre na mansão dos Lee" era o título subscrito na legenda do noticiário.

"Após a denúncia de um funcionário da família que foi a casa hoje pela manhã. Os policiais encontraram cerca de onze corpos brutalmente assassinados, sendo eles Sr. e Sra. Lee, suas duas filhas e outros sete funcionários. O filho mais novo da família, Lee Yongbok continua desaparecido."

– Isso explica o estado dele noite passada. – Comentou Hyunjin chocado com a notícia.

– Será que ele é o assassino – Observou – Essas família ricas são insanas quando se trata de herança.

– Improvável, ele estava muito assustado.

– Se eu entrasse em um beco escuro e desse de cara com a cara feia do Bin, também ficaria assustado. – Zombou arrancando um leve sorriso da face pensativa de Hyunjin.

Após o desjejum, ambos saíram rumo ao oeste.

– E o que nós vamos fazer exatamente? – Perguntou Hyunjin caminhando ao lado de Bang – Qual o plano?

– Pra falar a verdade, não temos um plano – Sorriu nervoso – Mas o objetivo é fazer aliança.

– Ótimo plano! – Ironizou.

Enquanto caminhavam, um garoto de moletom preto com capuz passou por eles de cabeça baixa. Não era possível ver seu rosto, mas Hyunjin nunca ignora seu instinto.

– Chan, preciso fazer uma coisa – Parou segurando o amigo pelo braço – Eu conheço alguém que pode te ajudar – Pegou o celular no bolso – Te mandei o número da Yeji.

– Yeji? – Perguntou confuso – Espera, sua irmã Yeji? – Arregalou os olhos surpreso.

– Ela foi pro Oeste tem um tempo – Guardou o celular – Se ela lembrar de você, talvez te ajude de alguma forma, mas cuidado com o diz – Encarou Bang seriamente – Ela é bem astuta e difícil de lidar.

– Ok... – Segurou Hyunjin pelo braço ao vê-lo saindo de fininho – O que é tão importante que precisa sair agora?

– Nós conversamos sobre isso mais tarde – Manteve seus olhos fixos no garoto de capuz que ao virar a esquina fez com que Hyunjin se soltasse de Bang – Eu preciso ir Hyung, desculpe... – Saiu apressadamente.

Quanto mais se aproximava do garoto, mais diminua sua velocidade, pois não sabia como aborda-lo.

– Aish... – Resmungou baixinho coçando a cabeça de nervosismo.

Foi quando viu dois caras suspeitos se aproximando do garoto e o encurralando contra a parede, um deles tirou o capuz do garoto violentamente e Hyunjin pode enfim ter certeza de quem era ele.

– Ei! – Interviu ficando entre o garoto e os dois homens.

– Quem você pensa que é moleque? – Disse um dos caras empunhando um canivete.

Olhando de perto pareciam bem mais assustadores. O homem com o canivete não era tão alto, mas seu olhar era frio e seu corpo coberto de tatuagens até o rosto. O outro era da mesma altura que Hyunjin, mas era forte, de cabeça raspada e tatuado. Ambos tinham uma tatuagem específica no pulso, que Hwang reconheceu logo de cara.

– Alguém que você convenientemente vai se arrepender de conhecer. – Hyunjin responde firme mesmo estando desarmado e temendo o que poderia acontecer.

Conforme o homem se aproximava com o canivete, Hyunjin fazia um sinal com a mão para que o garoto de capuz fugisse. Ele viu o sinal, mas o ignorou. O homem agora com um sorriso malicioso encurralou Hyunjin contra a parede com o canivete cada vez mais próximo de seu pescoço. Mais uma vez fez o sinal, agora nervoso com a situação que se metera e o garoto desse vez sequer olhou, estava focado no homem que se aproximava como se planejasse algo.

– O que está fazendo? – Hyunjin cochichou para o garoto que novamente o ignorou.

Quando o canivete chegou a apenas alguns centímetros da garganta de Hyunjin, Yongbok rapidamente empurrou o mesmo para o lado tomando o lugar dele. Com a ação repentina do garoto, o homem deu um passo para trás abaixando a guarda e antes que pudesse fazer qualquer movimento, Yongbok acertou sua mão com um Furyo Tchagui perfeito o desarmando, em seguida, o nocaute com um Tuit Tchagui (golpes de Taekwondo).

O outro homem percebendo que seu parceiro estava desacordado no chão se preparou para atacar. E Hyunjin ao ver aquele homem gigante indo pra cima de um garoto tão pequeno pegou o canivete que caiu próximo ao seu pé para defende-lo, mas antes que pudesse agir, o garoto de moletom deu um salto apoiando os pés na parede para pegar impulso e acertou o peito do gigante com um chute certeiro pegando mais um impulso para acerta-lo na cabeça com outro chute bem no meio da testa e o gigante assim tombou.

O golpe não foi suficiente para desacordá-lo, mas deu tempo o bastante para que os dois fugissem. Hyunjin guardou o canivete, segurou a mão de Lee e saíram correndo rumo ao sul, onde era seguro.

– Uoou!! – Exclamou Hyunjin apoiando as mãos nos joelhos cansado – Onde aprendeu aquilo?

– Taekwondo – Respirou ofegante com a mão no peito tentando recuperar o fôlego – Eu praticava antes de... – Fixou seu olhar no chão tristonho.

– Ante de...?

– Nada – Respondeu colocando o capuz e seguindo seu caminho que ainda era inserto, pois não tinha para onde ir.

– Espera! – Hyunjin deu alguns passos para frente tocando o braço do outro garoto para que parasse – Qual o seu nome?

Yongbok virou-se para Hyunjin o encarando e respondeu:

– Felix.

Street Love {Hyunlix}Onde histórias criam vida. Descubra agora