Olhei bem pra ele e voltei a fumar meu beck. Olhei de canto de olho, ele tava se sentando do meu lado.
Analu: vem cá, cê tá me seguindo?... porquê se tiver, eu acho uma péssima ideia.
Riu.
Xxx: não, eu não estou seguindo você, foram apenas coincidências, meu plantão encerrou e acabei vendo como você chegou aqui e resolvi ver como você estava.
Analu: ja viu, agora pode ir.
Xxx: olha, essa não é forma mas educada de se trata as pessoas, sabia?
Eu podia muito bem mandar esse cara lá pra casa do caralho, mas eu sei reconhecer meu erro.
Respirei fundo.
Analu: foi mal tá legal, hoje só não tá sendo um dia bom pra mim. - dei uma tragada e ofereci pra ele.
O mesmo pegou da minha mão e puxou um, eu tive que olhar pra ele.
Xxx: o quê? - inclinou a cabeça e soltou a fumaça.
Analu: você é médico!
Xxx: E? - me devolveu o beck.
Analu: e fuma?
Xxx: tem algum preconceito contra médico que fuma?
Analu: eu não. - dei uma última tragada e joguei a bituca no chão e pisei com o pé.
Xxx: você é a mulher do rapaz que acordou do coma, certo?
Analu: mulher... - repetir aquela palavra pra mim mesma e depois olhei pra ele. — diz isso pra ele, talvez ele acredite.
Xxx: você tem que ter paciência, ele vai lembrar - olhei bem pra ele. — talvez demore um pouco.
Murmurei "hum"
Xxx: esse momento vai ser essencial, vai ser agora que ele vai precisar de você, precisa da tua ajuda.
Analu: eu ajudo ele e quem me ajuda?
Xxx: você se ajuda - me deu um sorriso e se levantou. — bom, acho que você ja tá mais tranquila, agora eu vou indo. - saiu sem dizer mais nada.
Antes mesmo de pensar em dizer alguma coisa meu celular tocou.
Atendi.
Voltar pra cá, preciso ir.
Foi tudo que o Luizinho disse antes de desligar na minha cara.
Me levantei daquela calçada, limpei minha calça e voltei pra dentro do hospital.
[...]
Analu: deixa, eu te ajudo no banho.
Gl: não mina, eu faço sozinho.
Analu: tu nem consegue levar os braços direito, Miguel.
Gl: eu nem te conheço mina, se manca.
Analu: gl, eu não tô com paciência.
Gl: mina eu não pedindo pra tu ficar aqui não, isso é obrigação da minha mulher, aliás, cadê ela?