Capítulo 11

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— Não pense que vai me intimidar só porque pode me tocar por um limite de tempo, gato de adamantium. — Ele estava perto, muito perto. Os traços rígidos do rosto deixavam o ar de perigo muito mais tentador, mas a realidade era cruel. — O que planeja? Você não queria que eu mencionasse o cara de ferro, mas ele sabe como fazer. E você? — Ele moveu a mão, continuou olhando em meus olhos, respirou um tom mais alto e grudou a palma na minha coxa. O homem fechou os dedos, apertou minha pele e subiu, tocando devagar, até chegar na renda da calcinha por debaixo da camisola e quando pensou em enfiar os dedos, afastou as mãos. Senti o choque inicial e ele também, o que fez falhar uma batida da droga do meu coração esperançoso e desviar o olhar. — Sabe qual é a sua, Logan? Você não morre, então está pouco se fodendo se isso pode dar em alguma merda. Você não é corajoso, só está cansado de viver e não liga mais pro risco.

Eu me afastei, passei por ele, peguei distância e fui até a porta. Cruzei os braços e fiquei olhando os músculos das costas marcado de suor. Ele é truculento, tem corpo, só não é maior que Colossus, mas ainda assim é grande. E eu? Uma nanica. Acho que tenho uma queda por caras assim...

— Está com medo? — Ele olhou para trás e me olhou, com a mesma fixação de antes.

— De matar você não — Ele arqueou a sobrancelha com a minha sinceridade —, mas de me decepcionar, sim. O lance comigo é diferente, gato. Mas, se quiser, eu coloco luvas e te dou uma ajudinha. Agora me leva de volta, eu devo perder umas duas aulas até chegar no campus.

Eu abri a porta e simplesmente saí. Suspirei, encostei as costas contra o concreto da parede e olhei para o teto. Não era a primeira vez que eu deixava de ser feliz por conta da minha mutação, então não era nenhuma novidade. É, o cara não é de se jogar fora, mas é a droga da vida, não é?

(...)

Foi um lance rápido. O homem de adamantium me levou pra irmandade, esperou pouca coisa e me deixou no campus. Que cavalheiro... Ah, qual é? Agora o gato está interessado! E esse joguinho até que é legal, não vou mentir. O que eu não esperava era que a Mystica, dessa vez, nem mesmo esperou eu voltar pra irmandade. Ela me chamou na reitoria do campus e eu nem acreditei quando abri a porta.

— Vampira — De cabelos castanhos, terno justo e óculos no rosto, Raven estava de pé, Colossus à sua esquerda e Magneto à sua direita. —, fecha a droga da porta e senta aí.

Eu não esperava ver Colossus lá dentro, com sua costumeira feição dura e sem muita emoção. Magneto sorria, como se fosse um cara gentil e Raven tinha a velha cara fechada, esperando o momento certo para me tacar uma pedra.

— Qual é a de agora, Raven? — questionei, fechei a porta e coloquei a mecha branca atrás da orelha enquanto sentava.

— Você só me arruma problemas! — ralhou, bateu a mão na mesa e Magneto levantou as sobrancelhas como se estivesse preparando para xingá-la formalmente. — Eu não mandei ficar longe da mansão X?

— Olha, porque você não pula essa parte? Me fala logo o que é pra eu fazer, passa aquele sermão sobre o quanto eu sou ingrata e todo mundo dorme bem no final do dia.

— Ela é mais direta, gostei. — sorriu Magneto, mas se dirigindo a Mystica. — Porque não vamos direto ao assunto?

— Que assunto? — me sentei, cruzei os braços e fiz minha melhor pose tediosa.

— Xavier me comunicou que conseguiu encontrar a localidade de um rebelde anti-mutantes, com êxito. — mencionou Magneto, calmo e tranquilo, enquanto Mystica soltava fogo pelas ventas — Eu gostaria de insistir para que aceite o convite que ele ofertou, para um possível rebento e elo entre os X-men e você.

— Porque todo mundo acha que a Mystica vai conseguir foder comigo? — Eu olhei para ele, o vi se apoiar na beirada da mesa e me dar sua atenção com paciência.

— Se ela não tivesse nenhum poder sobre si, eu acreditaria na confiança de suas palavras. No entanto, ainda está na irmandade. E essa mulher mutante azul é preciosa demais na causa do gene X, por isso não tomamos nenhuma decisão drástica. — Mystica olhou para ele, fez uma negativa e lhe deu as costas. — O fato, jovem Marie, é que reconheço uma boa estratégia quando vejo uma. E sim, seria melhor para nós se a mantermos com os X-men.

— Você não vai! — ela berrou, se voltou de uma única vez contra a mesa e derrubou os seus pertences, surtando e respirando a ponto de berrar. Raven levantou o dedo, olhou duro para mim e manteve o indicador em riste. — Se sair da irmandade, faço da sua vida um inferno!

— Jura? — respondi tediosa, não dei moral pro seu chilique e voltei a dar atenção à Magneto. Ele olhava para Mystica como quem diria "sua sem classe", mas se preocupou apenas em desviar suas vistas e se concentrar em mim. — Não me leva a mal, você e o Xavier podem estar planejando algo grandioso, só que eu não ligo. Os x-men não me querem lá. Eles desconfiam de qualquer membro da irmandade. Então, eu estou bem onde eu estou. — Colossus se mantinha intacto, firme e imóvel. Nem parecia que estava na sala.

— Entendo... — concluiu pensativo.

— Já posso ir? — perguntei impaciente, mas não sem antes dar uma olhada no grandão de aço e vê-lo, ainda, intacto.

— Estou perdendo a paciência com você, garota. É melhor andar nos eixos! — Mystica estava fula, eu revirei os olhos e suspirei meio cansada.

— Tá legal, eu vou nessa. — Levantei, arrumei a bolsa e fui em direção a porta. — Qualquer coisa estou online, só mandar um "chat" no meu @tônemaí.com e esperar para ser ignorada. Manda meu castigo por lá também.

Bati a porta, ouvi ela gritar e caminhei alguns passos frustrada. Tive a impressão de ouvir um burburinho, tentei não olhar para trás no corredor silencioso, até ouvir ele sair e me chamar.

— Menina! — a voz grave do soldado inerte basicamente reverberou em minha cabeça, me fez parar de andar e eu olhei pra trás.

Lá estava o gigante de aço, humano, parado, como quem tentava me dizer algo. Ele estava preocupado e eu estava no modo "não sei o que fazer agora".

— Podia ter dado um telefonema. — virei dizendo.

— Você está bem? — Ele ignorou minha reclamação.

— Tô ótima! Não viu? — revirei os olhos — Na mesma merda de quando saiu. Não mudou nada. Talvez uma coisa ou outra, mas a linha continua a mesma. Eu vou nessa, Colossus.

Eu tinha mais com o que me preocupar, mas ver ele me deixou mais ansiosa do que deveria. Tudo bem, transamos e ele meio que é um carrasco frio e fofo, mas todo mundo sabe que nada disso vai dar certo. Beijar o logan não vai dar certo, e pedir pro Colossus me tocar não vai dar certo.

Vida que segue, tudo na mesma.


RECADO:
Eu não sei se tem alguém acompanhando, mas se tiver, perdão pela demora. A história não será abandonada, mas estou momentaneamente passando por dias difíceis. Vos peço paciência, e o resto eu farei. ♥

UM TOQUE MORTAL - FANFIC X-MENOnde histórias criam vida. Descubra agora