O SEGUNDO DE SEU NOME

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Bryana Stark

As vezes eu gostava de me lembrar das conversas com Senhora Aemma, tudo que ela havia me ensinado desde que eu era uma pequena garotinha. Ela achava que eu sempre deveria seguir meu instinto, pois ele me levaria para bons lugares, eu deveria tê-la escutado. Sentia falta de ter alguém para me aconselhar como ela fazia, ela sabia as palavras certas para usar, algo que eu jamais conseguiria saber.

E agora, menos ainda. Eu estava certa sobre minhas desconfianças, Otto Hightower faria de tudo para que sua linhagem estive no Trono de Ferro. Alicent tinha traído Rhaenyra, feito a vontade do pai. Ela estava flertando com o Rei desde a morte da Senhora Aemma. Isso não me impressionava. Ela era submissa a tudo que ele dizia, ela tinha medo do pai. E os dois juntos significava a minha falta de paz eterna.

O que me fazia afogar em meio a dúvidas, se antes do casamento de Viserys e Alicent, eu cuidava de Rhaenyra, agora eu era a única pessoa que ela tinha. Eu duvidava que Aeron soubesse o que o pai tinha feito, ou se não ele já teria vindo tirar satisfações. Eu gostaria de ter tudo sob controle, mas isso era algo que eu não tinha nem nos meus melhores sonhos. Não sabia se o trabalho que eu estava fazendo com Rhaenyra era bom o suficiente, eu não era tão mais velha do que ela, e tinha que educa-la. Eu sempre tive o compromisso de protegê-la. Mas agora eu tinha que protegê-la, ensiná-la, ser uma espécie de inspiração feminina, tudo que eu não me imaginava sendo. Sempre tive a ideia de que não saberia criar uma pessoa, e agora eu estava tendo que fazer isso.

Há três anos, isso me assombrara. Tudo parecia se unir para o fim dos Targaryen, e minha cabeça não parara para que tivesse um minuto de paz, tudo que passava por mim era o que eu faria se estivesse certa sobre tudo. E ao mesmo tempo, eu sentia falta de Aeron, eu precisava dele comigo, nem que ele me odiasse, mas apenas um olhar me bastaria. Tudo para mim era ruim, e eu precisava de algum tipo de ajuda, ainda mais agora nas condições que estava, não havia mais desculpas para adiantar meu casamento. Agora olhando para Aegon com seus recém completados dois anos, eu via um inocente. Alguém que se tornaria como a família materna, e que iria contra seu irmão.

Uma das coisas que mais me deixava preocupada e irritada era a existência de Otto Hightower. Os planos de Otto eram simples, dizer que Aeron não era responsável o suficiente para reinar no lugar do pai, que ele não tinha capacidades para conseguir liderar toda Westeros, deixando assim lugar para uma possível reivindicação de Rhaenyra, mas ela seria mulher e haveria um homem jovem e saudável na linha sucessória. Sobrando assim, Aegon, e seu neto ainda não nascido.

Entre tudo que Otto poderia fazer o que me deixava mais assustada era o que aconteceria com Rhaenyra, Aeron já era um homem feito com fortuna, um dragão e uma espada. Mas Rhaenyra era uma mulher que podia muito bem ser atacada por ele, mulheres não possuíam tanto poder quantos os homens, e isso me deixava aflita. Ao final desse mesmo ano eu sabia que não haveria mais desculpas para o meu casamento não acontecer, Rhaenyra chegaria oficialmente em sua maioridade, então não precisaria mais de uma tutora, e eu seria enviada ao Norte. Eu não me preocupava com a minha própria vida nessa questão, meu primo Karlon era bom, mas Rhaenyra não teria ninguém com ela em Porto Real.

Eu olhava para Rhaenyra naquele momento e via apenas uma pessoa solitária diferente da garota que passava as manhãs voando com Syrax pelos campos, isso era angustiante. Ela não tinha mais aquele sorriso ao sentir o sol esquentar sua pele, ou a leveza que seu olhar possuía quando estava no Bosque Sagrado. Isso me consumia por dentro, eu não pude proteger a infância dela por muito tempo, eu não consegui deixar sua doçura com ela tempo o suficiente para que ela fosse mais feliz.

— De novo. — Rhaenyra pede ao bardo, assim que ele termina de tocar sua música favorita, pela vigésima, ou talvez quadragésima vez. Enquanto todos paparicavam Aegon, estávamos em nosso próprio mundo de paz. Provavelmente o Rei iria nos obrigar a ir na viagem em honra ao Pequeno Príncipe, mas Rhaenyra estava irredutível quanto a isso.

INVERNO ESTÁ CHEGANDO - HOUSE OF THE DRAGON Onde histórias criam vida. Descubra agora