Capítulo 1 - Sobrevivente

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Se têm memórias que guardo com maior carinho dos meus tempos de infância e adolescência, são os dias na natureza com meu pai. O sargento Mendes não era um homem de muitas palavras. Pelo menos não no que dizia respeito a se abrir para os outros, nem para sua esposa, nem para seus filhos. E disso eu tive a quem puxar. Nesse sentido, acho que são raras as vezes em que conversamos sobre algo íntimo. Acho, na verdade, que nossa relação independia de palavras. Havia respeito e um profundo afeto, mesmo que não declarado. As vezes me pergunto se deveria ter me expressado melhor em palavras os sentimentos para ele. Mas eu sei a resposta. Não precisei. Ele sempre soube e eu também.
Porém, uma exceção a regra, ocorria na mata próxima de casa, quando caçávamos, pescávamos ou simplesmente saíamos para nos conectar a natureza. Nessas ocasiões, meu pai era um homem falante, ansioso de me ensinar tudo o que sabia e acreditava na relação com o homem na natureza.
- Na natureza, filho, assim como na vida, existem os caçadores e as presas. Tudo faz parte do jogo, todos querem sobreviver. Tentamos sempre estar no topo, tentamos não sermos as presas, mas isso não significa que devemos desrespeitar os que estão no outro extremo da relação.
Ele narrava enquanto tirou um coelho da armadilha e, com rapidez e destreza, o matou.
Sempre que saiamos para caçar, o jantar daquela noite seria o fruto dessa saída. Papai abominava a caça esportiva, por diversão. Para ele, se fosse para tirar uma vida, essa deveria ter algum sentido.
Ele pegou o segundo coelho da armadilha e analisou
- Está vendo? - e me fez tocar em seu ventre - é uma fêmea e está grávida - e fez carinho e soltou. O animal saiu correndo com a boca cheia dos legumes que deixamos como isca.
- Respeitar a caça é fundamental. Nenhum predador sobrevive sem a presa. Não somos parasitas, que destroem tudo por onde pisam e migram para outro lugar. Nós, ao mesmo tempo que nos alimentamos, cultivamos o local para que o ciclo se permaneça.
- Entendi, Mufasa - brinquei e levei um tapa da nuca.
Rimos bastante.
Meu pai, além de um caçador por vocação, policial por profissão, era também um naturalista, agnóstico e evolucionista por natureza. Com o tempo, os paralelos de seus ensinamentos para com a vida cotidiana se mostraram muito valiosos e foram os alicerces de minha formação moral.
- Você é um caçador, Fábio. Nunca esqueça disso. Um caçador e um sobrevivente.
Obrigado, pai.

*
A descoberta de minha sexualidade foi o primeiro grande desafio que tive de encarra como homem. Quando esteve claro para mim meu gosto pelos corpos masculinos, eu tinha 15 anos. Modéstia a parte, sempre fui um rapaz bonito. Herdei a aparência de mamãe e a sagacidade de meu pai. Nossos constantes exercício ao ar livre me deram um corpo forte e uma aparência rústica que sempre agradou o sexo oposto. E o mesmo, só que de forma velada.
Crescer em uma cidade pequena, comandada por igrejas protestantes e cultura camponesa, em minha condição, era um risco. Tive ciência disso desde o primeiro instante em que me assumi para mim mesmo. Sabia desde cedo como o mundo poderia ser cruel com tipos como eu. E como impor minha orientação seria belicoso. O problema: não seria danoso apenas para mim, mas para meus familiares. E também, eu ainda era jovem e sem capacidade de me sustentar sozinho, ou abandonar aquela cidade e sua população medieval. Nesse sentido, minha estratégia de sobrevivência deveria ser outra.
Minha vantagem era que, além de um jeito bem masculino de ser, eu também tinha um voraz apetite por mulheres. Minhas conquistas naquela cidade me tornaram uma jovem lenda e me garantiram um currículo acima de qualquer suspeita.
Na natureza, muitos animais, para sobreviver, recorrem a imitação do ambiente a sua volta como forma de se camuflar. Chamamos isso de mimetismo. O mimetismo é utilizado tanto pela presa, pra escapar do inimigo, quanto pelo caçador, para conseguir alimento.
Eu, em minha condição de bissexual, poderia tranquilamente utilizar de meu gosto por mulheres e me doutrinar a apenas sair com elas, passando assim a vida completamente incólume naquela cidade atrasada. Um mimetismo defensivo. Mas, como meu pai mesmo já havia me mostrado, eu não era apenas um sobrevivente, mas também um caçador. E foi assim que logo descobri em minha condição uma arma poderosa para me aproximar, avaliar e, com a técnica correta, abater minha presa. E minha primeira foi um colega de escola chamado Gustavo Martins.
Gustavo fazia parte da equipe de futebol do colégio. Era moreno, forte, uma cara máscula. A virilidade é uma coisa que atrai os homens, o senso de grupo, ou de alcateia. Tal condição fez Gustavo se aproximar de mim, e aos poucos se tornar meu melhor amigo. Éramos de longe os dois mais atraentes da escola e tínhamos por hábito trocar figurinhas a respeito de nossas conquistas. Algo que fazíamos apenas entre nós. Jamais fomos de espalhar aos quatro cantos a intimidade das pessoas. Seja por respeito, mas também por um senso de caçador. Afinal, a raposa caça muito melhor em silêncio. E isso, Gustavo aprendeu comigo. Nem nossas maiores conquistas eram divulgadas. As pessoas, se descobriam, era pela boca de terceiros, nunca pelas nossas. Mesmo quando partilhamos Suzana Lousada, uma veterana do terceiro ano, que só pegava caras de universidade. Tal façanha, em nossos 15 anos, nos transformariam em deuses naquele colégio. Mas nossa brincadeira no banheiro do vestiário, naquela memorável tarde de 15 de junho, ficou guardada no segredo daquelas paredes
Lembro enquanto fodia a bela loura, onde tive pela primeira vez a oportunidade de reparar com maior liberdade no corpo de Gustavo. Ele estava de frente pra mim, agarrando os cabelos de Suzana enquanto ela lhe chupava ao pau. O corpo forte, abdômen trincado. Os poucos pelos ainda crescendo na barriga que desciam até o pau.
Depois, quando trocamos, ele veio penetrar. Eu fiquei por trás observando e pude olhar bem sua bunda carnuda contraindo enquanto metia. Naquela tarde eu havia decidido: aquela seria minha presa.
Gustavo confiava em mim, e com isso, jamais me percebeu como o predador que apenas estava esperando a hora certa para dar o bote. E foi em nossas férias de verão que encontrei a oportunidade perfeita. O calor assolava a cidade e eu, como bom conhecedor das matas da região, resolvi levar meu amigo para um passeio, onde o apresentei em um de meus locais favoritos.
Tratava-se de uma cachoeira isolada, que ficava a uns 20 min de caminhada se a pessoa soubesse por onde estava indo. Por ficar mais adentro na mata e sem uma estrada para guiar, os moradores de minha cidade a evitavam. Preferindo a queda d'água mais próxima. Apenas mateiros experientes como meu pai e eu se aventuravam a ela. E o esforço era recompensador.
- Caramba, Fábio. Que lugar maneiro - Gustavo se maravilhou ao chegar. Além de maior que a cachoeira comum, esta ficava quase sempre deserta, diferente do rebuliço da queda d'água, repleta de crianças..
- Te falei que valeria a pena. Precisa confiar no teu irmão aqui - e bati em seu ombro enquanto tirava a roupa. Logo, estávamos os dois pelados e dentro d'água.
Na verdade, a princípio, Gustavo estava de short de banho, mas a falta de pessoas e a confiança em me ver completamente nu o incentivaram a também se livrar delas. Nadamos, batemos um papo e aproveitamos a água gelada. Aproveitei para olhar o corpo de me amigo mais um pouco, seus músculos, sua pele. Era uma visão bem agradável e o primeiro momento serviu também para testar meu auto controle. Devo dizer que fiquei satisfeito em ver que meu pau me obedecia plenamente. Apesar do que via, não ficava ereto sem meu consentimento.
Afinal, eu estava me mimetizando. E como bom predador, só faria o primeiro movimento quando tivesse certeza que minha presa não teria chances de fuga. Como a cobra que permanece imóvel entre a mata até sua vítima estar a uma distância promissora ao bote. Enquanto batíamos papo, pensava na melhor estratégia. O assunto entre nós fluía fácil, das baboseiras do colégio, às meninas bonitas e assim, inevitavelmente chegamos em Suzana.
- Cara, sabia que ela está namorando um cara mais velho? - Gustavo de repente se lembrou da fofoca.
- Na verdade soube que ela já está com esse cara a mais tempo. Que inclusive vai bancar a faculdade dela em São Paulo
- O que? - meu dado o havia atiçado.
- Então quando a gente e ela...- fez a mimica, simulando o sexo - Ela já estava com o cara?
- Aham - e ri - corneou o maluco com a gente. Acho que foi a última aprontada dela antes de se mudar. Agora lá fora, dependendo do cara, ela deve ficar no sapatinho.
- Com certeza e uma pena. Essa cidade não têm muitos peitos como aqueles - comentou, saudoso.
- Nem uma bunda daquelas - completei e então, com maldade, brinquei - até porque a sua sua não conta.
- Que isso, irmão. Ta de sacanagem? - riu, levando na farra meu comentário. Eu de fato gozava de uma boa imunidade, que permitia esse tipo de brincadeira sem levantar suspeitas. Ainda mais com Gustavo.
- Com todo o respeito, irmãozinho. Mas na falta de mulher nessa cidade, tu rodava fácil - zombei e ele riu, me atirando água.
- Tu é um filho da puta - atacou, mas bem relaxado. - E quem te garante que, na falta de mulher, eu quem rodaria?
- Simples - respondi com marra - lei da selva. Sou mais forte, então eu te comeria.
A armadilha tinha sido lançada. Apesar de ser um seguidor dos ensinamentos de meu pai, também sabia ouvir as sabedorias de minha mãe, em especial quando ela conversava com suas amigas. E algo que ela sempre dizia era: se quiser que um homem faça algo, atente contra sua dignidade que ele fara de tudo para limpar a honra.
Menosprezar tão declaradamente a capacidade de Gustavo de me vencer em um confronto, só tinha uma consequência possível. E foi quando ele partiu pra cima de mim
O ataque direto foi facilmente interceptado e eu o afundei na água, deixando-o submerso alguns segundos.
Quando ele saiu, puxando o ar, eu ria
- Nem tenta, coleguinha - zombei e me virei, como se fosse nadar para longe, já antevendo seu próximo movimento.
E nesse instante, o senti avançar e me virei a tempo de desviar e afundar novamente.
- Patético - desdenhei - Não dá pra você não, Gutinho. Aqui o macho Alfa sou eu.
Ele riu, mas deu pra ver a faísca cintilar em seus olhos. Apesar de ainda amigos, brigas pela supremacia sempre foram inerentes entre homens. Seja nos jogos, nas competições, seja nas paqueras. Brigas corpo a corpo eram raras entre nós e nunca sérias. Mas naquele momento eu estava tentado a testar isso até um nível mais elevado
Ele me encarava, estudando o próximo movimento. Gustavo era visivelmente mais forte que eu, mas enquanto seus músculos eram moldados em quadras e aparelhos de academia, os meus foram lapidados naquela floresta, eram mais potentes pois estavam acostumados a fazer as coisas do jeito mais difícil, em contato com a natureza.
Ele tentou mais uma, duas, umas cinco vezes, sendo subjugado em todas elas. Nossos corpos roçavam, apertavam a carne um do outro, os músculos trabalhando na tarefa de impor sua vontade sobre o oponente
Em um momento, o afundei de forma a ele ficar com a cabeça bem próxima de meu pau e o esfreguei em seu rosto sem piedade por baixo d'água.
- Porra! - praguejou, saindo de perto - isso é jogo sujo.
- Será? Pois comecei a suspeitar, depois da quinta derrota, que você estava era vindo pra ficar roçando - e ri. Ele ficou irado. Ou pelo menos tentou parecer assim - pois vencer não parecia.
- Brincadeira idiota.- tentou recuperar o fôlego e assim, demos uma trégua
- Vai se acostumando. Pois se um dia estivermos sem opção de fêmea, você vai ter de ser minha putinha
E sorri.
Então, sentei em uma das pedras de forma relaxada. Meu pau, àquela altura, já estava com volume. Não estava ereto, mas já impunha sua presença. Percebi o olhar surpreso de Gustavo, mesmo tentando rapidamente desviar o olhar.
Modéstia parte, sempre gostei do meu pau. Talvez a parte do meu corpo que mais gostava. Comecei a ter um carinho por ele aos meus 14 anos, quando perdi a virgindade com Camila, uma mulher de 30, viúva, a quem eu ajudava nos afazeres do jardim, como forma de me ocupar nas férias. Lembro que quando ela me viu pelado pela primeira vez, disse que meu órgão era "esplendido"
E acho que ela não estava errada. Era grande, grosso, bonito. Longo, com uma cabeça bem saliente e rosada. Fiquei ali, sentado na pedra, pernas abertas de forma a exibir meu troféu, deliciando-me com o conflito de Gustavo. Era óbvio que a curiosidade o fazia querer olhar, mas ao mesmo tempo havia o protocolo de não deixar transparecer tal anseio.
Tal posição foi me deixando irremediavelmente excitado. E desta vez, não tentei controlar. Brinquei com ele e o deixei ereto, cabeça apontada para o alto. Fiquei entretido puxando sua pele e analisando a cabeça, naturalmente, como quem ajeita o cabelo ou confere se os dentes estão limpos.
Gustavo estava em silêncio. Eu não olhava diretamente pra ele, de forma a o deixar menos constrangido e assim percebia quando seu olhar recaia sobre meu pau. Aquele jogo estava delicioso.
- Mas admite. Lugar maneiro esse, né? - puxei o assunto de repente, como quem lembra de sua presença
- Hã... Ah sim. Sim ...
- O que foi, distraído? - sorri - assustou? - e apontei para meu pau.
- Vai se fuder, Fábio. Até parece.
- Ora pois. É maior que o teu, irmão. Normal ficar impressionado.
- Até parece - mais uma vez eu o havia posto na defensiva.
- Tanto que tu está aí escondido na água desde que entramos - zombei.
- Eu? Que nada. Só estou nadando. Até parece que vou ficar com medo de você.
- Relaxa, irmão. Nada demais. Pessoal é muito fissurado com lance de tamanho. Nada demais
- Mas o meu não é pequeno
- Não disse que é pequeno - e ri - só que é menor que o meu
- Ai caralho - tentou desdenhar
- E se for? O que tu vai fazer? - ataquei de repente, deixando-o sem reação.
Pobre Gustavo, estava tão ansioso para vencer algum desafio contra mim que caiu rapidamente na armadilha. Eu já tinha visto o órgão dele e sabia que o meu era maior. Se ele não prestou atenção no meu enquanto comíamos a Suzana, azar o dele . Ele quem estaria entrando em uma batalha perdida.
- E se for? - desafiou
- Se for, bato uma pra tu até tirar leite. - apostei
Ele ficou surpreso, mas não deu ora trás.
-Tu vai fazer isso?
- Claro que não. O meu é maior. Agora, se eu ganhar, tu que vai ter de bater pra mim.
- Brincadeira idiota - senti murchar, com a ameaça de perder.
Eu apenas ri.
- O que foi? - quis saber
- Nada
- Fala, caramba
- Nada, cara - insisti, sem esconder o ar superior
Percebi então que ele começou a mexer no próprio pau por dentro da água. Minha boca salivou
- Quando estiver pronto, vem medir - chamei, brincando com meu pau. Que estava mais duro que nunca.
Gustavo veio, e colocamos nossos membros um ao lado do outro. O pau dele estava duro, mas poderia ter ficado melhor. O nervosismo não o estava ajudando.
- Tem dúvidas ainda? - brinquei. Balançando o meu como se fosse um troféu
- Espera que ainda não estou pronto.
Esperei ele se masturbar mais.
- Beleza, eu espero - e continuei brincando com meu pau fingindo não notar que ele olhava meu corpo pelado
- Aqui - e apontou. Agora sim estava na real forma
Colocamos bem ao lado um do outro. Ficamos de frente, o meu pau tocou sua cintura e o dele ainda faltou uns 3 dedos para chegar na minha
- Viu só - ele tentou desconversar - não é pequeno
- Eu não disse que era pequeno - lembrei - só que o meu é maior.
Ele baixou a cabeça, derrotado. Ia sair quando eu segurei sua mão.
- Hey, hey, hey. Esquecendo de nada não?
E pus sua mão no meu pau. Ele tentou tirar, mas eu segurei firme
- Vai dar pra trás agora? Achei que fosse homem.
- Por que faz tanta questão?
- Só estou reivindicando minha posse. Você apostou porque quis - lembrei.
As vantagens da honra masculina. Nós homens tínhamos disso. Esse desejo de se colocar acima dos outros, de competirmos. Mamãe estava certa e se você apelar para a honra de um homem, é capaz de conseguir tudo dele.
Apostas tinham dessa mágica. Elas transformavam tudo e qualquer experiência em apenas um jogo de poder. O desejo sexual em si era disfarçado. No caso do vencedor, era apenas uma forma de mostrar sua superioridade ao outro. E para o perdedor, poderia se consolar com a ideia que estava apenas sendo obrigado a fazer o que, muito provavelmente, queria fazer.
A mão do Gustavo envolveu meu órgão e eu fui mexendo com ela de início.
- Relaxa. Quase ninguém sabe desse lugar. Mas se ficar enrolando, pode ser que alguém apareça.
Sentei na pedra e abri novamente as pernas, o deixando livre para fazer como era melhor
- Bora mano, tira leite que acaba logo pra você.
Ele começou a me masturbar com mais afinco, olhando em volta a todo o momento.
Eu me divertia com aquilo
- Gustavo - o chamei e ele olhou - sabe que te considero um irmão, né? Nada disso vai vazar daqui.

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