8 - Filhote

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Felipe era um caçador mais astuto e paciente do que eu poderia supor. Pois ele não fez absolutamente nada imediatamente depois do flagra. Os cultos seguiam sua normalidade e eu esperava o momento em que ele iria me abordar para me propor o que quer que fosse, mas esse momento nunca chegava.
Cheguei até mesmo a imaginar que ele havia desistido, que talvez julgasse o desafio grande demais ou que tivesse encontrado um alvo mais apropriado. Pensamento esse que me deu tanto alivio quanto decepção.
Todas essas crenças, contudo, foram quebradas em uma tarde de quarta, em que por acidente, esbarramos, eu e minha mãe, com ele no mercado. Eu o vi primeiro, estava acompanhando minha mãe, que escolhia o peixe para o jantar. Esbarrei com ele no corredor das conservas, onde fui buscar o molho.
- Fábio, que prazer ver aqui - e me deu uma boa olhada de cima a baixo.
Ou Felipe estava menos cuidadoso, eu, uma vez que tinha visto sua real natureza, estivesse identificando os sinais com mais clareza.
Mas o fato é que ele definitivamente me dissecou com o olhar, parecendo imaginar o que tinha por debaixo dos tecidos que me cobriam. O olhar foi rápido, cirúrgico, um raio x completo em poucos segundos. Aproveitei o tempo para fazer o mesmo.
Felipe era um homem de meia idade, de cabelos e olhos num castanho claro. Tinha um rosto fino e simétrico, e aparentava ter menos idade que de fato tinha. O corpo era atlético, tinha os ombros largos dos anos de natação, e um peitoral volumoso, mas no geral era magro. Devia ser apenas uns 2 cm mais baixo que eu.
- Olá, pastor - o saudei, após eu também fazer minha avaliação.
- Foi providencial nos esbarrarmos hoje, pois tive uma boa ideia do que podemos fazer para remediar aquela situação.
Ele não continuou, pois minha mãe apareceu logo
- Pastor, Felipe. Que surpresa agradável.
Cumprimentaram-se e ele continuou:
- Foi bom ter chegado, Maria. Estava justamente conversando com seu filho e ele me contou que nunca foi batizado.
A maneira como ele entrou naquele assunto fictício me impressionou. Eu sempre me considerei um bom mentiroso, mas Felipe era quase teatral. A naturalidade com que saia de um assunto para outro, uma cena para outra. Decidi observar
- Eu mesmo falei com o senhor uma vez, pastor. Meu marido não é muito dessas coisas e decidimos que Fábio faria depois que tivesse idade para escolher. - minha mãe não conseguia esconder a discordância com tal ideia.
- Pois então ele já deve ter te contado que me solicitou tem alguns dias.
O sorriso no rosto de minha mãe me deixou desarmado. Sabia o quanto aquilo poderia significar pra ela
- Verdade, filho? Mas por que não me contou?
- Eu.. ainda estava indeciso, na verdade - ponderei
- Fábio, apesar do que parece, é tímido para estes assuntos. Por isso mesmo me pediu que o ritual fosse feito de forma privada. Somente eu e ele - continuou, falando com a serenidade que poucos são capazes de dissimular.
- Mas... Nem eu poderia ir? - e me olhou como se eu a tivesse privado de um prazer real.
- Sabe como são os adolescentes, Maria - ele não me deixou falar - É uma idade em que querem fazer tudo independente dos pais. Querem se mostrar capazes de cuidar de si. Por isso ele veio me pedir. Desculpe, Fábio, imaginei que tivesse contado a ela
- Não. Tudo bem. Eu não iria guardar segredo. Estava apenas tomando a decisão - entrei na mentira, vendo até onde aquilo iria.
- Bem, fico feliz que queira se batizar, meu filho. É algo lindo. E se quiser manter segredo, tudo bem. Embora diga que isso não é nenhuma vergonha. Nunca é tarde para se abraçar a fé.
- De fato - Felipe deu corda - por isso Maria, gostaria de lhe pedir. Pensei em pegar o Fábio emprestado esse sábado, para fazermos. Mas como domingo tem a festa das crianças, precisaria, mais que nunca, de você para tomar conta dos preparativos. Uma vez que estarei ocupado.
- Claro, pastor. Conte comigo.
- Não sei o que faria sem ti - e lhe beijou o rosto.
O elogio e o próprio carisma do pastor foram o bastante para ludibriar minha mãe, que cega em sua fé e nos homens que a regem, não via o chacal que estava diante dela. Felipe se despediu e ficamos só eu e minha mãe, que parecia não se conter em si, tamanho orgulho.
Aquilo começou a me fazer sentir culpa
- Mãe, gostaria de pedir que a senhora não comente o caso com meu papai, por favor
- Mas por que? Fábio, seu pai, mesmo agnóstico, nunca se impôs contra você e sua irmã terem uma fé.
- Sim, eu sei. Apenas... Não sei ainda. O que eu quero
Ela me olhou com carinho e assentiu
- Tudo bem. Você conta quando estiver pronto.
Comecei a ficar ansioso com a chegada do fim de semana, como nunca estive antes. O que fez apenas o tempo brincar de se arrastar mais vagarosamente.
Na manhã daquele sábado, meu pai veio me perguntar o que acontecia. Pois notava que eu estava aéreo.
- Nada demais. Apenas pensando nas provas finais - menti.
Se ele acreditou, não saberia dizer.
Na manhã de sábado, apareci cedo na igreja. Felipe já estava pronto e sem ensaios, me deu uma carona até a fronteira da cidade. Não falamos nada, mas Felipe parecia muito relaxado.
Ao chegarmos na área da mata, saímos e seguimos por uma trilha fechada.
- Tem um riacho ótimo, logo a frente. Conhece?
- Não - menti, pois preferia que ele pensasse que eu estava indefeso - não costumo vir por esses lados
Aquela de fato não era uma total mentira, pois aquela área não apresentava muita caça e o riacho do qual Felipe se gabara era bastante calmo, quase parado. Parecia mais um pequeno lago, sem grandes atrativos.
O caminho foi relativamente longo, e eu fiz questão de ir devagar, ainda simulando desconhecer aqueles lados.
Chegamos enfim a parte que ele queria. Felipe, animado, pegou a mochila e me estendeu uma peça de roupa que assemelhava uma camisola.
- Vista. Vamos aproveitar o tempo bom.
Felipe pareceu se entreter com as coisas que trazia, mas bastou eu começar a me despir para sentir o seu olhar recair sobre meu corpo. Fingi não notar e continuei, ficando nu antes de me vestir com a camisola.
Ele fez o mesmo, vestindo uma batina branca. Felipe tinha um corpo bem feito para a idade. Percebi que seu órgão estava inchado, apresentando um fluxo anormal de irrigação.
Entrei na água gelada e senti a mão do pastor em minhas costas, guiando-me. Chegamos a uma parte onde a água dava na altura de meu peito e paramos. Ele pegou um punhado com o cálice que trazia e despejou sobre minha testa, orando baixinho
Esperei dócil, deixando-o conduzir seu rito.
Sua mão passou pelo meu peito e a outra apoiou meu pescoço por trás. Foi me descendo até eu ir adentrando a água. Tampei o nariz e fiquei submerso por alguns segundos. Ele continuava orando, passando a mão pela minha cabeça e fazendo caricias descendo pelo pescoço.
Eu não conseguia entender exatamente suas palavras, não sabia que tipo de oração era. Em alguns instantes eu conseguia identificar palavras como "pureza", mas sem significado algum. Sua mão, aos poucos, descia o corpo, passava pelo meu peito, costas.
Mais de uma vez ele me fazia submergir, e nesse instante, sentia sua mão deslizar rapidamente de meu peito, descendo e alisando minha barriga e meu órgão.
Eu o olhava fixamente, mas ele não retribuía em nenhum momento. Minha mão colidiu com o volume em sua batina, que já estava inconfundivelmente duro.
-Felipe pegou mais água e despejou sob minha cabeça, espalhando a mesma e descendo a mão. Uma na frente e outra por trás. Desta vez, alisando forte toda minha carne. Quando ela desceu, acariciando-me as nádegas, foi a hora de eu agarrar seu pulso em um movimento rápido e preciso.
No mesmo instante, seus olhos se alarmaram, surpresos pela reação.
Com calma, peguei a mão que estava em minha bunda e a pus em meu pau.
- Não pense que sou um dos bobos do seu rebanho, pastor. Se quer tirar uma casquinha, vai ter de me agradar.
Minha conversão estava completa. Era a hora do lobo tirar a pele de cordeiro e mostrar os dentes. Ele tentou sorrir em desdém.
- Mas do que você está falando?
- Vou te mostrar.
Então, num movimento firme, entortei seu braço, subjugando-o.
- Vem comigo - e o fui conduzindo para fora da água.
- Fábio, pare. Você vai me machucar assim. - protestou.
- Não se o senhor cooperar.
Sem conseguir oferecer muita resistência, saímos da água e eu o lancei de joelhos ao chão. Tirei aquela camisola ridícula e o empurrei com o pé, fazendo-o cair então rolar até ficar de barriga pra cima.
Montei por cima dele, sentando em seu peito e prendendo seus braços com as pernas.
- Vamos. Chupa - mandei
- Melhor pararmos .
Mas calou a boca quando o golpeei com meu órgão duro em seus lábios.
Mais uma vez ele se assustou, me encarando sem parecer acreditar em minha transformação. Era esse o olhar que eu queria ver
- Anda - e bati de novo, dessa vez no rosto. Meu órgão pesado parecia um cassetete.
Ainda parecendo confuso, abriu a boca e chupou a cabeça, de forma dócil e temerosa.
- Bom. Agora engole tudo
E me posicionei, erguendo o quadril e me colocando em posição de prancha, acima de sua cabeça. De forma ao órgão ter total penetração. Fui introduzindo, enquanto Felipe segurava minha cintura e tentava, em vão, me empurrar.
Com calma, fui iniciando o movimento, vendo meu pau deslizar por dentro de sua boca. Uma lágrima escorreu quando toquei o fundo da garganta. E ao tirar, ele tossiu copiosamente.
Divertindo-me, levantei e andei em torno dele, como um leão circundando sua presa antes de atacar.
- Acho que já brincou o bastante - limpou a boca, tentando manter a dignidade.
- Eu acho que não - e rapidamente, avancei e puxei sua batina. Deixando-o nu num segundo. O órgão duro sacudia. - e vejo que está aproveitando.
- Exijo respeito - tentou vociferar
Mas eu o peguei pela nuca e aproximei bem o meu rosto do dele
- Todo o predador respeita sua presa, padre. Da apenas àquilo que ela pode suportar.
Se ele entendeu algo do que eu disse, não saberia dizer. Mas continuei mesmo assim. O pus de quatro no chão terroso e me preparei para encaixar
- Por favor... Não - falou naquela voz tremida de quem sabia que não tinha escapatória.
Apesar da negativa, se manteve de quatro a minha frente, com aquele buraquinho bem adiante, pronto para me receber
Ignorei seu pedido e encaixei. Ele tremeu, mas não fugiu. Enfiei e, mais fácil do que supus, comecei a devorar.
Felipe se manteve o tempo todo de cabeça baixa, segurando qualquer tipo de reação. Recebeu as estocadas sem demonstrar nada. Como quem recebe uma penitência que sabe merecedor.
Seu pau, por outro lado, não amolecia, balançando conforme colidia contra ele. Gozei a primeira vez, mas isso não diminuiu em nada meu ímpeto. E continuei. Fodi não só com tesão, mas também com um pouco de raiva.
O som das batidas se misturavam com o chacoalhar do gozo remexido em seu interior. Uma densa espuma branca começava a se formar em meu órgão, saindo de seu orifício. E eu não parei
Pois aquilo não era uma caçada comum, não era uma relação predatória. Não. Éramos dois predadores, competindo o mesmo território de caça. Assim como uma hiena não entrava no território dos leões sem sofrer as consequências, eu não podia deixar a sua afronta de dias atrás passar impunemente.
Então o fodi, para além de gozar, para lhe dar uma lição. O silêncio de Felipe era toda a reação que eu queria. Pois eu o tinha exatamente como e onde desejava. De quatro, submisso, e ainda mais: o tinha excitado. Pois seu pau duro, balançando a cada golpe proferido denunciava todo aquele êxtase que ele tentava ocultar. Aquele êxtase inconfessável que devia estar sentindo de finalmente ser domado por um superpredador.
Não falei nada enquanto o deflorava, me entregando por completo a tarefa. Sequer senti o êxtase de ejacular pela segunda vez, tão entregue que estava naquele momento. Apenas percebi meu órgão amolecer em seu interior, enquanto desferia golpes sem piedade. Quando, enfim exausto, terminei, sentei no chão arenoso deixando seu corpo cair.
Fiquei em silêncio, recuperando o fôlego enquanto o via, derrotado, tatear o chão atrás das roupas. Esperei, vendo seu pau ainda inchado, pingando.
Se vestiu e fez menção de sair.
- Pode esperando aí - me levantei, olhando sério - Ainda vai me levar em casa. Ou se esqueceu que estou a seus cuidados? - ri em ironia.
Felipe esperou em silêncio, de cabeça baixa, enquanto eu me vestia. Fingi não perceber que seus olhos, vez ou outra, escaneavam meu corpo novamente. Era claro que havia gostado da experiência, mas não iria admitir uma vez que saíram totalmente do seu planejamento.
Andamos a trilha que levava a seu carro, sentei no carona e, quando ele estava pronto para ligar o motor, o segurei pela nuca e o fiz me encarar.
Gostei de sentir seu susto. Estávamos cara a cara agora. Era capaz até de sentir o cheiro do seu hálito.
- Obrigado pelo batismo, pastor. Me sinto agora, mais do que nunca, alguém do seu rebanho.
E o beijei. Não como um gesto de carinho, mas de poder.
- Te vejo atrás da igreja após a missa de terça. É um dia mais monótono e creio que não chamaremos atenção.
- Mas...
- Shiiii - o calei com o dedo em riste - Vamos embora.
E me recostei, vendo ele se calar e dirigir. Estufei o peito, me sentindo vitorioso.
Quando desci do carro, a casa estava quase vazia. Com exceção de minha irmã, que lia no sofá.
- Mas que cara é essa, Fábio? Vi você saindo do carro do pastor Felipe.
Eu tentei disfarçar o sorriso de triunfo.
- Nada, não. Apenas estou bem. - expliquei.
- O pastor é um homem muito bom, não é mesmo? Mamãe quem diz.
Nesse momento, um alerta se acendeu dentro de mim e eu falei quase sem pensar.
- Não, não é.
- O que houve? - ela se surpreendeu com minha atitude. Percebi que meu semblante mudou imediatamente.
Amélia tinha apenas 12 anos na época. Muito jovem para determinados assuntos
- Nada, só... Amélia, você confia em mim?
- Claro, irmão.
- Então me prometa uma coisa: jamais fique sozinha com o Pastor Felipe. Sempre que tal ocasião surgir, saia de perto, invente uma desculpa. Procure mamãe, eu ou alguém de confiança na igreja. Me promete
Ela não entendeu, mas tão pouco questionou.
- Tudo bem.
Eu me precipitei e a abracei. Senti ela se assustar e então sorri e disse que a amava. De repente, uma urgência começou a me atacar o coração. O senti palpitar e por mais que tentasse entender o que era, simplesmente não conseguia justificar o medo que estava sentindo.

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