15 - Onívoro

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- Isso, falta pouco. Assim - sussurrei, enquanto olhava em direção a porta de Augusto e ainda era capaz de ouvir os sons das vozes lá dentro. Sinal que a reunião continuava em andamento.
- Ah, meu Deus - Vera delirava, sentada em sua mesa com as pernas abertas, saia quase elevada a altura de suas nádegas, recebendo-me com fome.
Naquela noite, eu tinha ficado até tarde para atender um casal extremamente exigente. Por sorte, naquele período eu mal tinha aulas na faculdade, precisando apenas dar os últimos ajustes em meu TCC para conseguir o tão merecido diploma.
E tal iminência começava a me colocar em um dilema. Afinal, chegaria a hora em que eu deveria escolher. Estava ganhando muito bem como vendedor para Augusto, e sempre gostei de carros o bastante para tornar meu ofício agradável. Mas também tinha uma paixão pela minha área de eleição: a arquitetura. Talvez fosse obrigado a escolher, uma vez que seria difícil conciliar duas profissões tão díspares.
E foi quando me dirigia ao vestiário que passo em frente ao escritório de Verá e a encontro sentada na mesa, batendo cabeça.
- São 19:30, Vera. Pensei que a Lei Áurea tivesse posto fim a esse tipo de regime de trabalho - brinquei
Vera, que já nem devia ter a real noção de onde estava, demorou um tempo para me reconhecer e mais ainda para entender o gracejo.
- Ah? Fábio. Ainda está aqui? Como vai?
- Cansado. Mas pelo menos fechei a venda com os Jacobis.
- Incrível como sempre consegue - apesar de sincero, seu cansaço a impediu de demonstrar maior entusiasmo com minha notícia.
Me acheguei e sentei na mesa a sua frente.
- Sua vida pessoal deve virar fumaça depois de tantas horas extras.
Vera riu, mas negou.
- Não. Hoje é uma exceção. Uma reunião importante com fornecedores do Nordeste. Estou de prontidão, caso precisem de algo.
- Conhecendo Augusto, terão tantos assuntos que duvido lembrarem de consumir algo, mesmo com as gargantas secas. Aí pegarão algo do frigobar - ponderei ao que Vera assentiu.
- Eu sei. O tempo não passa. Ainda bem que casos assim ocorrem no máximo uma vez a cada três meses. Mas e você? Parece cansado.
- Tenho dormido pouco - admiti.
Naquela altura da vida, por mais que não tivesse quase matérias, a pressão para entrega do meu TCC tomava todo meu tempo vago. Além disso, com uma carteira de clientes que faziam questão de serem atendidos por mim, eu começava a ficar mais tempo no trabalho do que planejava.
Mas apesar do cansaço físico e mental, devo dizer que o que me tirava mais as horas de sono eram as horas gastam sem conseguir dormir, deitado na cama sentindo o momento de fazer a escolha de minha carreira se aproximar cada vez mais
- Precisa descansar - alertou, segurando minha mão.
- Eu preciso é relaxar - corrigi, o descanso será consequência.
- Quem de nós não precisa, não e mesmo? - assentiu.
Creio que não foi a intenção de Vera insinuar nada, mas eu nunca precisei de incentivos para pensar besteira. Olhei em volta e então comentei:
- Vera, não vejo câmeras em sua sala.
- Ah? Ah sim. O senhor Augusto não quis colocar, para não parecer que estava me vigiando. - explicou - Eu disse a ele que não haveria problema, que são procedimentos de segurança, mas ele ainda assim não quis. Deixou apenas uma na entrada de minha sala, que apenas pega quem entra ou sai, e um botão de alarme silencioso, colocado estrategicamente abaixo da minha mesa.
- Interessante - e me levantei e dei a volta na mesa - vamos aproveitar, então. Levanta.
Vera obedeceu, mesmo sem entender.
- Senta na mesa e faz silêncio - continuei, olhando bem em volta.
- Fábio, você está louco. Não vamos fazer nada aqui - alertou, enquanto se sentava na mesa.
- Relaxa. Abre as pernas.
- Fábio, Augusto pode sair a qualquer momento.
Ela abriu as pernas e eu puxei sua calcinha.
- Chega mais pra ponta. - e a apoiei e ela se ajeitou.
- Fábio, você está me ouvindo?
Eu ri e arriei minha calça. Achei graça, pois nem mesmo ela parecia estar se ouvindo, uma vez que fazia tudo o que eu mandava, sem sequer questionar. Fiquei me perguntando se Vera tinha noção que fazia tudo ao contrário do que estava pregando. Ela não era do tipo de mulher de fazer joguinhos. Então, a única coisa que era capaz de deduzir era que meus poderes de persuasão eram maiores do que supunha
E isso me deixava em dúvida no que isso me transformava: num galante ou num assediador, que ludibria suas vítimas.
Ética e jurídica a parte, encaixei com carinho naquela região quente e já úmida no interior de suas pernas. Levantei sua saia até a cintura e penetrei. Todo e qualquer discurso em desenvolvimento, perdeu-se no caminho para a boca de Vera.
Sem perder tempo, a penetrei com movimentos rápidos e silenciosos. Ela se agarrou a mim, segurando-se enquanto gemia.
- Mais baixo, Vera. Não se esqueça que estão na sala ao lado - lembrei.
- Desculpe - e tentou segurar. Apoiou a cabeça em meu peito e agarrou minhas nádegas enquanto eu a fodia.
Beijei, devorando-a. Sua língua sedenta vasculhou toda minha boca. Quando soltamos, ela deu um espasmo e eu lhe calei com a mão.
- Se controla, mulher - ri, percebendo se alguém na outra sala havia ouvido - porém, pela permanências dos sons animados da conversa que ali se desenrolava, julguei ainda estarmos seguros.
O tesão também me deixava mais ousado. Eu penetrava com mais força, delirando com seu êxtase.
- Ah meu Deus.
- Tenta tampar a boca de algum jeito - orientei - morde algo.
Eu talvez devesse ter sido mais específico. Pois Vera enfiou a cara em meu peito e o mordeu, entre o ombro e o mamilo.
A onda de dor desanuviou minha mente de uma maneira que até hoje não sei explicar.
- Desculpe - pediu .
- Pode fazer de novo - avisei.
- O que?
- Faz de novo - mandei, e a penetrei com mais força, mantendo-a bem segura para que não fosse empurrada e fizesse mais barulho.
Para conter a onda causada pelas penetradas, Vera voltou a me morder, cravando fundo os dedos em garras em minhas nádegas.
- Isso. Assim - rosnei baixinho - - Isso, falta pouco. Assim - sussurrei, enquanto olhava em direção a porta de Augusto e ainda era capaz de ouvir os sons das vozes lá dentro. Sinal que a reunião continuava em andamento.
- Ah meu Deus - Vera delirava, sentada em sua mesa com as pernas abertas, saia quase elevada a altura de suas nádegas, recebendo-me com fome.
Meti mais, sentindo o gozo chegando com força. Fechei os olhos e trinquei os dentes para não urrar, quando encravei fundo e me despejei.
- Nossa - sussurrei.
Em resposta, senti as pernas de Vera tremerem. Ela me mordeu com mais força, abafando um grito. Se ela fingiu, foi bem convincente. Nunca imaginei que uma mulher pudesse chegar tão rápido ao orgasmo.
Respiramos fungo, atentos ao som da sala.
- Acabei de me lembrar - suspirou, ainda abraçada a mim, massageando minhas nádegas. - preciso passar na farmácia, pois minhas pílulas estão no fim - e riu, sozinha - desde que você começou a trabalhar aqui, voltei a ter esse tipo de preocupação.
Achei graça do comentário.
- Por que? Está dizendo que eu não daria um bom pai? - gracejei, fazendo-me de ofendido.
- Ainda não imaginei algo no qual não fosse bom. Apenas acho que já passou de minha hora de ser mãe.
Nesse instante, acariciei seu rosto e ela me sorriu cansada, mas em paz. Fiquei admirando o rosto de Vera, lendo sua beleza, mas também sua tristeza. Algo nela me atraia de uma forma que não era capaz de descrever. Meu tesão por ela só se comparava ao carinho que lhe sentia. Ambos sabíamos que nosso caso não tinha futuro, mas gostávamos de pensar que, mesmo que por alguns instantes, fazíamos bem um ao outro.
Porém, nosso momento foi interrompido quando pude ouvir a voz ressoante de Augusto do outro lado da parede :
- Bem, senhores. Creio que já tomei demais seu tempo. E como já sabem, minha patroa é uma verdadeira fera raivosa quando chego em casa tarde.
Acelerados, eu recoloquei a calça e Vera ajeitou a saia. Sua calcinha não teria tempo, então teve de ser posta na gaveta e trancada a chave. Ajeitamos rapidamente sua mesa e nos colocamos em posição de inocência no instante em que a porta abriu.
- Garoto, você por aqui? Espero que tenha feito boa companhia a Vera.
Augusto era daquele tipo de homem cujo todo e qualquer comentário parecia ganhar conotações sórdidas. Embora isso se devesse mais a seu jeito afoito do que a qualquer malicia.
Apenas sorrimos e concordarmos.
- Mas fico feliz de estar aí. Fábio, esses são Eliandro e Saulo. Meus sócios em negócios nas cidades de Fortaleza e Natal. Estávamos falando justamente de você. Poderia entrar rapidamente? Prometo que não vai ser muito tempo. Vera, minha flor, poderia nos trazer água, por favor? Meu frigobar está nas últimas.
Sorri amarelo para Vera, num pedido silencioso de desculpas. Ela apenas sorriu e ajeitou os cabelos.
Segui os três para o escritório.
- Garoto, estava falando de você para meus sócios e eles estavam doidos para lhe conhecer. Como um garoto, cujo primeiro trabalho com vendas na vida, consegue tantos números positivos? Eu disse a eles que o que você tem não se ensina. Que é um Dom. Mas eles acreditam que você pode ao menos inspirar os pretensiosos de Natal.
Olhei para os dois, que apenas acenavam positivamente.
- Não sei se está sabendo, Fábio. Mas daqui a duas semanas teremos um grande simpósio no Rio Grande do Norte e adoraríamos que você apresentasse um pouco do que Augusto chama de "Instinto Selvagem para vendas" para nossos aspirantes. - narrou o que eu acho que se chamava Saulo.
- Nossa - me surpreendeu - é tão de repente. Nem sei o que dizer.
- Desculpe falar assim de sope tão, garoto. A verdade é que pegou a todos nos de surpresa. Estávamos conversando sobre o simpósio e o Eli ali acabou de descobrir que um dos palestrantes cancelou. Conversa vai, conversa vem, o assunto sobre inspiração caiu em seu nome. Falei de você e meus amigos aqui ficaram impressionados. Também pudera.
- Não sei se você tem experiência com palestras, Fábio. Mas a verdade é que o que queremos é um relato sincero vindo de você. Algo que fale ao coração, entende? - concluiu, Eliandro.
Eu de fato já havia me apresentado nos simpósios da universidade, trabalhos em grupo e outras atividades que valiam pontuação. Mas algo daquele tipo, nunca antes na vida. Sempre fiz o estilo isolado, mais introspectivo, daqueles que não gostavam dos holofotes. Um bom caçador sempre atua melhor nas sombras, esse era meu lema.
Mas foi difícil resistir as expectativas postas em mim naquele momento e eu acebei concordando antes de pensar o suficiente no assunto.
Quando saímos, aproveitamos para parar num bar próximo e, nós quatro e Vera, brindamos a boa nova. Isso até Augusto receber a ligação de sua esposa e teve de sair as pressas.
Ficamos ainda, Vera eu e os sócios, bebendo mais um pouco, até a hora que Saulo começou a olhar Vera como se ela fosse um pão recém saído da padaria e ela resolveu sair. Dividimos um táxi e a deixei em casa. Esperei um convite para passar a noite com ela, que não veio. Vera era muito cuidadosa em ultrapassar limites que talvez não tivessem volta.
Ainda no táxi, agora sozinho rumo ao meu apartamento, recebo a mensagem de Dom Pedro.
"Garoto, onde você está? Esqueceu da Valquíria? Ela já está quase pronta e eu menti dizendo que você estava no banho. Não me faz passar por mentiroso"
Levei a mão a cabeça, enfim me recordando que hoje era aniversário de nossa vizinha, a qual era grande amiga de Pedro. Sorte estar chegando. Subi sorrateiramente ao meu apartamento e fui acobertado por Pedro. Escovei os dentes rapidamente e corri para o banho.
Quando escuto o som vindo da sala.
-Amorrrrr - a voz estridente que Pedro fazia sempre que encontrava sua amiga ecoou pela casa.
- Espero não ter me atrasado? - ela falou.
- Que nada. O Fábio é mais Cinderela que você. Acredita que ainda esta no banho?
- Não acredito...
Terminei rapidamente e me sequei. Sorte que já tinha feito a barba e me raspado de véspera.
Saí, ainda com a toalha enrolada.
- Desculpe. Tive de fazer a barba e dar uma caprichada, se é que me entende - brinquei, ao que ela sorriu com malícia.
- Prove - desafiou.
Eu então me acheguei e abri a toalha só pra ela.
- Ah não é justo. Eu também quero ver - Pedro chegou e arrancou a toalha. - Meu Deus.
Todos rimos e eu peguei a toalha e me cobri novamente.
- Está ótimo - Valquíria parabenizou.
- Fábio, já pensou em se depilar, ao invés de passar gilete? Acho que ficaria ótimo.
- Está doido. Não sei como vocês aguentam essas sessões de tortura.
- Ah não, eu gosto de um pouco de pelos. - Valquíria defendeu e eu apontei para ela como se fosse o argumento do qual precisasse.
- Mas eu ainda acho que ficaria ótimo. Além do que, iria parecer que é ainda maior. - argumentou
- Todos aqui sabemos que eu não preciso de simulacros - rebati, sem um pingo de humildade e, vencendo a discussão, saí para terminar de me arrumar.
Valquíria decidiu comemorar em uma boate muito boa próxima de nossa casa. David e Diego chegaram depois, vindos direto da última aula. Lá, vários amigos e amigas de Valquíria, muitos da nossa faculdade onde ela cursava farmácia, estavam e a festa correu bem. Bebi mais alguns drinques em homenagem a aniversariante. Farreei, brinquei e beijei muitas bocas.
Não sei que fama eu tinha na faculdade, mas muitas garotas vieram dizendo querer experimentar meu beijo. Que haviam ouvido histórias a respeito. Eu, como bom cavalheiro do interior, não neguei nenhuma. Passados alguns momentos, até mesmo alguns garotos mais atirados vieram pedir uma provinha, que eu não neguei. Até mesmo Rosana, uma transexual recém operada, eu beijei.
- Você hoje está a periga, hein? Não imaginava que tinha um cardápio tão variado - comentou Valquíria, dançando comigo
- A evolução diz que animais Onívoros tem maiores chances de sobreviver. Quanto mais variado o cardápio, maior a chance de alimentação.
Valquíria riu
- Só quero saber se sobrou algo pra mim.
- Estou guardando o melhor pra você - e a encochei por trás.
- Agora vi vantagem.
Nesse instante, puxei David que passava e o fiz dançar conosco, mantendo Valquíria no meio. Nos beijamos os três e eu senti a mão boba de minha amiga entrar em minha calça e apertar meu órgão com força.
- Gente, nunca vi o Fábio bêbado - Pedro comentou - fica mais safado que de costume.
- Mas eu não estou bêbado - rejeitei.
- Ah tah - exclamou - Vai dizer que esse olhar fechado aqui é sobriedade?
- Estou te falando. Estou ótimo.
Eu de fato tinha tomado alguns drinques na festa e somados a cerveja no pós trabalho, poderia me deixar um tanto tonto, mas não bêbado.
- Olha só - e fiz o quarto com as pernas para ele ver.
- Isso é moleza - Pedro riu e eu então o desafiei.
- Beleza então. Quer que eu ande de ponta cabeça? Plantando bananeira?
- Fábio, se você conseguir dar três passos assim já seria um milagre. Vamos fazer o seguinte, então: se você não conseguir dar pelo menos três passos de bananeira, vai ter de ir no meu depilador.
Nada melhor para atiçar minha ousadia que um bom desafio
- Ta aí, aceito. Mas se eu conseguir - e cheguei bem perto dele para o encarar - tu vai chupar uma buceta.
- Eca - ele deu um passo pra trás como se a ideia lhe causasse repulsa.
- O que foi? Está com medo? Não está tão certo que vou cair?
- Vamos lá, Pedrinho. Mostra tua coragem, viado - Diego o incentivou
- Essa eu quero ver - Valquíria se animou.
De repente, as pessoas em volta se mostraram mais interessadas em nossa aposta que na festa em si. Abriram caminho e eu me preparei.
- Tenho sua palavra? Aposta valendo? - garanti, deixando-o em saia justa e o forçando a concordar.
Quando ele deu de ombros, eu me enchi de coragem e fui.
Ainda bem que Pedro tinha escolhido três passos apenas. Eu sequer poderia chamar aquilo de passadas. Eu simplesmente me joguei, desequilibrei na primeira e vacilei umas quatro palmas até me estatelar no chão. Som ecoando e vencendo até mesmo a música alta.
- Ai. Acho que to bêbado sim. - fui forçado a admitir.
Logo vieram me acudir e me colocar sentado num banco. Mas eu estava bem, o sangue ainda quente. Amanhã aquela brincadeira cobraria seu preço.
- Fábio, você é doido - Pedro me repreendeu.
- Mas valeu a pena. Consegui.
- Como assim? Você nem andou nada, desabou logo.
- Pedro, eu contei 4 passadas - David veio intervir.
- Mas ele desequilibrou logo de inicio - Valquíria ponderou.
- Mas ninguém falou que as passadas tinham de ter classe - uma terceira voz entrou na discussão.
Logo a polêmica estava gerada.
- Olha, melhor considerar logo empate - Pedro sugeriu - ambos ganhamos.
- Pensei melhor - corrigi - Ambos perdemos. E vamos ter de pagar.
Pedro me olhou como se eu estivesse maluco.
- E você vai encarar cera quente?
Botei a mão em seu ombro
- Vai valer a pena - zoei e ele engoliu em seco.

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