Victória
Acordo com um estrondo em minha porta e demoro alguns minutos para compreender que é a minha mãe batendo do outro lado, ainda meio sonolenta me obrigo a levantar da cama quase caindo enrolada no meu edredom.
— Calma já vai...
— O que é isso, Victória, você nunca foi de trancar o quarto porque você está trancada?
— Calma mãe, eu acho que me distraí ontem.
— Abra logo, não tenho tempo para suas besteiras! — Assim que abri a porta, ela entra como um furacão olhando em volta parecendo prever o que estou prestes a fazer.
E tento com todas as minhas forças manter a calma e me fingir de boba, afinal se tudo der certo daqui a algumas horas estarei nas terras quentes do Brasil tomando limonada e comendo bolo de fubá. Sonho com isso desde o momento que Maria Rita me chamou para morar com ela e me disse que se eu não me importasse com a casa simples e humilde que ela vive com os filhos e o marido, eu seria mais que bem-vinda.
Eu quase explodi de felicidade em pensar que eu tinha um plano B, e que agora depois de tudo isso se tornou o meu plano A.
Durante toda essa semana eu tentei incansavelmente trazer luz a essa situação e mostrar para minha mãe que poderíamos fazer diferente, poderíamos arrumar um trabalho decente, nos mudarmos e começar uma vida nova, mas ela não quis me ouvir e me deixou sem saída a não ser me afastar.
E assim, de uma vez por todas tomei a decisão de realmente ir embora, mesmo que isso me custe abandoná-la. Eu já havia planejado essa viagem há muito tempo, mas sempre procrastinava dando mais e mais uma última chance à minha mãe, esperando que no último minuto, no último suspiro eu pudesse mudar a opinião dela...
Ela já entra no meu quarto me falando todos os detalhes e das empresas de segurança privada da família Matthew, infelizmente parece que ela fez a pesquisa completa e John é o bisneto de um grande magnata, de uma empresa privada que oferece todos os tipos de serviços a grandes empresários do mundo inteiro, ele é a quarta geração de um grande império. Minha mãe fala de todas essas qualidades com seus olhos praticamente brilhando e consigo imaginar até cifras neles como nos desenhos animados.
Os sentimentos que flutuam ao redor dela são de êxtase, excitação, felicidade... e não tem como isso ser mais errado no mundo, diante da situação em que nos encontramos.
— Mãe, eu acho que a senhora tinha que ouvir a voz da razão. Tudo isso é um grande erro, nós ainda podemos devolver os vestidos, os sapatos... sem contar que é uma loucura, esse rapaz nunca me viu, por que ele iria olhar para mim?
"E eu acho que a senhora está louca..." penso essa última parte sem coragem de realmente verbalizar.
— Não seja boba menina. Essa não é a minha primeira vez, eu só preciso que você esteja lá em pé e tão bonita quanto possível, e não abra a boca para falar coisa errada!
— Mas mãe, é praticamente impossível ele gostar de mim, ele nunca nem me viu!
— Eu não te disse que eu ia cuidar de tudo? E eu cuidei! Fiquei sabendo que ele está à procura de uma jovem moça delicada e de boa família para se casar, se as minhas informações estiverem corretas essa jovem pode muito bem ser você!
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Feitiço da Água - Degustação
Loup-garouObra completa disponível na Amazon. Livro 2 da série os 13 clãns. Imagina se vc pudesse sentir todos os sentimentos das pessoas a sua volta? Toda dor toda tristeza todo o desespero até os sentimentos mais profundos que todos tentamos esconder? E qu...