Capítulo II

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Fora uma surpresa inesperada rever Sebastian Scott depois de tanto tempo, ela não podia deixar de admitir que os anos só o fizeram bem. Analisar aquele corpo esguio e imponente por alguns segundos a fizera estremecer na porta; só então que ela percebera que o fitava por tempo demais e desviou o olhar, voltando-se à Richard.

— Céus, Lydia! Finalmente acordou, pensei que havia desmaiado! — Richard deixou seu copo de whisky em cima da mesa de sinuca.

— São oito da manhã, Rick, e eu estava cansada da viagem. — Lydia suspirou, adentrando o cômodo timidamente, levando pequenas partes da fruta até a boca e se perguntando como o duque conseguia beber tão cedo.

— Não vai nos apresentar, Richard? — Um homem loiro um pouco roliço e baixinho que estava à direita de seu irmão olhava para Lydia com olhos bastante curiosos.

— Senhores, essa é minha irmã caçula, Lady Lancaster. Lydia, estes são: Lorde Bernard, lorde Hector e o Sebastian você já conhece.

— É um prazer. — Lydia sorriu gentilmente fazendo uma reverência respeitosa aos homens na sala antes de se sentar ao lado da mesa de bilhar perto do irmão. Tentou evitar ao máximo olhar o marquês de Salisbury, mas seus olhos a traíram se voltaram a ele de soslaio, suas bochechas a traíram também, enrubescendo ainda mais quando notou que os olhos azuis e sensuais do marquês permaneciam sobre ela.

Aos dezessete anos, Lydia amava cavalos, mas morria de medo de subir em um. Certo dia, quando passara a temporada de verão com o irmão na propriedade de campo da família Lancaster em Hampshire, pouco tempo depois de Richard herdar o nome e as terras do pai, Lydia se encontrava em uma fase rebelde. Ela queria a todo custo desobedecer a Richard e fazer tudo o que ele não queria que ela fizesse.

Sebastian, melhor amigo de seu irmão mais velho e que naquela época ainda era conde de Exeter, pouco antes de seu pai falecer, também passara a temporada em uma de suas grandes propriedades em Hampshire à negócios. Richard exigia que o amigo se juntasse a eles nos jantares todas as vezes que achava oportuno e quase nunca disponibilizara uma opção para Sebastian recusar. Era mais do que comum encontrar Scott sentado em um dos bancos de pedra do jardim fumando após um encontro amigável com os Lancaster, momentos antes de voltar para sua casa e era sempre nesses momentos que Lydia, após uma briga severa com Richard, fingira se trancar no quarto, mas corria para os jardins quando tudo parecia mais sereno.

Sebastian estava por lá e tirara sempre uns minutinhos, mesmo que poucos, para ouvir os desabafos da garota enquanto fumava; para ela, ele era como um segundo irmão mais velho. Ela quase nunca chegara a dizer muitas coisas, apenas o necessário. E foi em um desses momentos que Lydia revelou a Sebastian o motivo da briga naquela noite: Richard não queria deixa-la participar de uma corrida de cavalos. Ele dizia que mulheres não participavam dessas coisas. Sebastian concordou com ele mentalmente, mas não expôs sua opinião pois a irmã do duque já parecia aborrecida o suficiente.

Foi então que uma absurda ideia passou pela cabeça de Lydia, que deixou um sorriso suspeito formar em seus lábios, trazendo confusão e curiosidade ao marquês.

— Vamos até os estábulos. — Ela disse e Scott não moveu um único músculo.

Ele olhou para ela desconfiado com o charuto entre os dentes.

— Que tipo de ideia absurda você acabou de ter agora?

— Ora, Sebastian, não seja chato! Quero que me acompanhe!

— Não até me dizer o que está tramando.

— Vamos, venha logo! — Lydia puxou a manga do casaco de Sebastian, que um pouco relutante, acabou seguindo-a.

Um Marido Para LancasterOnde histórias criam vida. Descubra agora