Um Marido Para Lancaster

Capítulo V

De frente para o espelho da penteadeira, Lydia escovava os cabelos para finalmente dormir. Aquele baile não tinha sido nada como ela esperava.

Estava fora de cogitação contar a Richard o que ocorrera porque ele faria um escândalo tremendo e talvez mataria Cooper. Ela estava com ranço profundo de Edward, mas não o queria morto. Na verdade, não queria vê-lo tão cedo. Nunca mais.

Aquilo tudo era embaraçoso demais e ela pensou e repensou quase a noite inteira sobre todos os acontecimentos, tirando a extrema conclusão de que o conde era perigoso.

Se mais alguém soubesse do ocorrido, com certeza a reputação dela seria manchada e ela seria forçada a se casar com Edward. Ou talvez não. Seja como for, queria pensar em qualquer outra coisa.

Ela se levantou deixando a escova de lado. Deitar na cama e dormir não parecia formidável, estava sem sono e quando fechava os olhos, o rosto perverso e sedento de Edward vinha em mente.

Então Lydia apanhou o caderno de desenhos para fazer alguns rascunhos até o sono vir. Já devia ser tarde da noite.

Ela virou mais uma página do caderno e pressionou o carvão na folha em branco pensando no que retrataria daquela vez. Só queria esquecer tudo o que aconteceu. Queria apagar aquela parte da noite de sua memória e Edward já poderia considerar o piquenique cancelado.

Ela ouviu um barulho esquisito vindo da parede e parou o que fazia deixando de lado o caderno e o carvão para observar. A janela do quarto se abriu e Lydia pulou da cama de susto abrindo apressadamente a gaveta da penteadeira e apanhando a pistola escondida.

Mãos fortes e masculinas apoiaram-se no parapeito da janela, em um impulso, o marquês de Salisbury pulou-a agilmente e parou de supetão quando viu a arma apontada para si. Ele sorriu erguendo as duas mãos em um ato de rendição.

— Deus, que susto! O que você pensa está fazendo aqui?! — Lydia abaixou a arma.

— Precisava te ver. Queria saber se está tudo bem.

— Podia ter usado a porta!

— E então teria que dar satisfações ao seu irmão e eu não gosto de ter que mentir. — Salisbury se virou fechando cautelosamente a janela e as cortinas.

Lydia foi apressadamente até a porta para trancá-la, então finalmente se virou para encarar a silhueta masculina em seu quarto.

— Você quase me matou de susto! Por um momento pensei que fosse...

— Edward?

Ela suspirou antes de assentir envergonhada.

— Tenho vontade de esganá-lo. O que ele tentou fazer foi inadmissível.

— Sim... me sinto extremamente constrangida quando me lembro da cena. — Ela se sentou na cama. — Nem sei como tudo foi ocorrer direito. Foi tão rápido...

— Eu gostaria de saber por que você estava com ele na biblioteca e sozinha? Ele a levou a força?

Lydia olhou para Sebastian que se sentou na cama a seu lado.

— Não... na verdade eu havia tomado ponche demais e estava com falta de ar. Iria pedir para ir embora, mas Cooper apareceu e foi gentil se oferecendo para me levar a um lugar mais tranquilo. Como o Richard não estava por perto, eu concordei. — Ela não queria olhar para Sebastian com medo de como ele reagiria.

— E então ele tentou se aproveitar de você. — Sebastian concluiu.

— Sim. Ah, como fui tola. Ingênua demais. Queria me esquecer disso tudo mas estou me sentindo mal.