Cap 1

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POV Juliette

Mal havia amanhecido e o sol já começava a iluminar pra dentro da minha janela exibindo a poeira em meu pequeno e bagunçado quarto.

​–​ Porque minha cabeça dói? Que horas são? ​–​ eu ia falando mentalmente enquanto meu cérebro começava a trabalhar. ​–​ Merda! 7:40. Eu sempre atrasada. Só mais um semestre e estarei livre! ​–​ esse era meu mantra todas as manhãs.

Abri as cortinas que separavam meu quarto da sala. As cortinas do quarto do Gil ainda estavam fechadas. Havia roupa espalhada pra todo lado. Outro boy que ele conheceu provavelmente.

Gilberto, que eu carinhosamente chamava de Gil, era meu colega de quarto. Dividíamos o apartamento desde quando eu entrei pra faculdade. Ele cursava economia e eu entrei pra cursar direito. Eu procurava por um lugar que coubesse no meu orçamento e Gil procurava alguém pra dividir as contas, perfeitos um para o outro.

O apartamento não era muita coisa, havia apenas um banheiro, uma sala com cozinha razoavelmente grande e ao lado da sala um cômodo mais elevado por alguns degraus com duas grandes camas de casal. Gil ocupava a cama maior eu fiquei com a menor próxima a janela. Decidimos colocar cortinas nas camas para nos dar um pouco de privacidade o que nunca deu certo desde o início. Gil sempre levava os boys pra dormir com ele eu acabava me poupando dos sons e corria pra dormir no sofá da sala. Essa noite eu devo ter chegado tão cansada que acabei nem vendo a hora que ele chegou e graças a Deus não escutei nada.

Minha cabeça não parava de doer. Eu precisava urgente de um café bem forte.

O banheiro está razoavelmente habitável. No espelho eu podia ver o meu estado, rosto totalmente inchado, consequência daquela última dose de vodca. Eu definitivamente precisava parar de beber com os clientes que me ofereciam bebida, especialmente se forem meus amigos. Apesar de tudo ganhei 450 reais de gorjeta ontem. Realmente não tinha como reclamar, a minha simpatia com os clientes me rendia mais que o salário no final do mês.

Tomei uma rápida e gelada ducha, escovei meus dentes e parti pro guarda-roupa para analisar as minhas opções disponíveis e menos amarrotadas. Escolhi um vestido longo até o joelho azul escuro, umas botas que eu amava. Me dei o direito de tirar o sutiã, com certeza que os gêmeos se comportariam bem sozinhos com esse vestido, calcei as botas, e conferi no espelho o look completo. Rapidamente passei um pouco de base e fiz meu clássico traço gatinho com o delineador. Uma última olhada no espelho, tudo embaçado. Limpei a lente dos meus óculos na barra do vestido. Agora sim! Muito melhor!

Observo meus logos cabelos escuros com luzes nas pontas, os lavei ontem, porém ainda podia sentir o cheiro do shampoo. Gostei do resultado final do meu look. Pronta pra ir.

–​ Caralho Juliette, 8:00! E lá se vai minha presença no primeiro período.

Peguei minha bike, coloquei a minha bolsa no ombro, ajustei meus fones de ouvido e permiti que a voz de Duda Beat me guiasse até a faculdade.

Já mediram o tempo por letras de música?

Eu sempre faço isso. Por exemplo, do apartamento até a faculdade leva "Bixinho" inteira, e "Por Supuesto" da Marina Sena quase completa. Então, concluo que levo mais ou menos uns 6 minutos para chegar e prender minha bike. Chego na sala quando a música acaba. É sério, eu faço isso todos os dias.

Entretanto, quando me atraso mais que o normal, como hoje, eu mudo meu trajeto. Geralmente vou para o café do campus ou me encontro com Pocah no diretório acadêmico de psicologia. Lá, a gente descansa, joga conversa fora, da risada, fofoca e se pega de vez em quando, afinal de contas, não podemos perder a chance de curtir.

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