MORRER PARA RECRIAR

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 As lembranças assombravam Jasmim

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 As lembranças assombravam Jasmim. Ver seus companheiros serem consumidos pelas chamas até a morte, repetidas vezes em sua mente, instilava nela um medo profundo do que ainda estava por vir. Ela se sentou junto às cinzas do pai. Os corpos estavam tão mutilados pelo fogo que reconhecê-los se tornava um desafio árduo. Entre eles, havia o cadáver de uma criança e a sombra imponente de um dragão. A noite caía, avançando para as nove horas, e Jasmim se encontrava em um estado de solidão perturbadora, que não era tão solitária quanto parecia.

Subitamente, Jasmim se viu envolta por um vazio escuro, com feixes de luz cortando as inúmeras nuvens acima. Os raios de luz dançavam sobre seus cabelos ruivos, que caíam em cascata sobre seus ombros até a cintura. O ambiente sombrio era apenas vagamente iluminado, o que criava uma atmosfera misteriosa, agravada por um canteiro de flores que brilhavam à sua frente.

Ela caminhou até as flores luminosas, arrancando-as de seu leito gélido, mergulhado em um líquido sombrio, tal como o nome que sua mente havia atribuído recentemente. Jasmim nunca foi uma mulher que conhecesse o medo. Ela abraçava a adrenalina que aquele lugar lhe oferecia, mergulhando na escuridão, explorando os enigmas ocultos nas brumas. Encontrava serenidade no vazio e até mesmo nas perguntas incessantes que sua mente formulava. Ela absorvia cada detalhe minucioso daquele lugar. Flores pontilhavam o solo úmido, cada uma mais brilhante que a outra, todas elas dependentes do mesmo líquido vital. O cenário se desdobrava em tons de preto, branco e cinza. O silêncio era absoluto, exceto pelo sussurro da névoa, como um suspiro suave. Para Jasmim, aquele era o limbo, um lugar que era tudo e nada ao mesmo tempo.

Com um suspiro profundo, Jasmim inflou o peito, sentindo a emoção do desconhecido pulsar em suas veias. Ela estava cansada de apenas questionar onde estava; a resposta estava ali, ao seu alcance. Por que não descobrir por conta própria? A verdade oculta naquele lugar era o que realmente importava, pois definiria seu futuro. Por um breve instante, um sorriso se desenhou em seus lábios. Ainda que pudesse parecer tolo, ela se permitia desfrutar da sensação. Esse sentimento fugiu rapidamente à medida que ela começou a correr.

Jasmim aumentou a velocidade de seus passos, mas foi interrompida por uma voz abafada que ecoou ao seu redor. Seu corpo se enrijeceu, e ela parou, aguardando por mais sons. Depois de todo o tempo passado em solidão, a ideia de estar sozinha já estava enraizada em sua mente. No entanto, esse som fez sua confiança vacilar.

O som cresceu em intensidade, e a ansiedade de Jasmim aumentou. Um minuto de silêncio se estendeu, até que uma abertura retangular de luz surgiu à sua frente. Ela pensou em falar, em perguntar quem estava lá, mas o volume do som a dominou. Ela acreditava ter ouvido alguém chamando seu nome, mas a agonia logo tomou conta de sua visão. Naquele instante, a única certeza que Jasmim tinha era que seu mistério permaneceria não resolvido.

 Naquele instante, a única certeza que Jasmim tinha era que seu mistério permaneceria não resolvido

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