E se o mundo chegasse ao seu fim? O planeta Terra encontra-se imerso em um turbilhão de caos e morte, enfrentando o momento mais sombrio de sua existência. Com a quase completa extinção da raça humana, os sobreviventes travam uma batalha incansável...
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A culpa continuava a corroer Jasmim por dentro. Ver sua amiga ser falsamente acusada de assassinato era como um fardo pesado em seu coração. Para Jasmim, era como se tivessem cravado uma espada em seu peito. A única coisa que poderia aliviar aquela dor era a verdade, mas às vezes a verdade era assustadora demais para ser revelada. Observou novamente Liz entrar na pousada, com os olhos inchados de lágrimas.
— Seu pai vai demorar muito para chegar? — Liz estava com os cabelos desgrenhados e a roupa suja, às vezes sentindo saudades da vida que costumava ter, mesmo que a situação atual fosse tão desafiadora. — Já se passaram dois meses desde que começamos a esperar.
— Acredito que sim, Liz.
— As pessoas não param de me acusar, de me culpar por algo que eu não fiz.
— Eu sei que você não fez isso — respondeu Jasmim, tentando infundir confiança em suas palavras.
— Pelo menos posso confiar em você, Jasmim — As palavras de Liz atingiram Jasmim profundamente, como um fogo queimando dentro dela. — Quem poderia imaginar que nos tornaríamos melhores amigas de verdade?
As palavras soaram como uma confissão de confiança que Jasmim não achava merecer. Sentia-se um fardo para Liz.
— Não, você não deveria confiar em mim.
— Por quê? — Liz olhou profundamente nos olhos de Jasmim, que estavam cheios de lágrimas — Então foi mesmo você?
— Quando vi aquele homem desprezível, jogado junto com os ratos no fundo da taberna, não consegui pensar em mais nada, só passava pela minha cabeça tudo o que ele fez com você e o quanto eu desejava que ele morresse.
Liz se levantou com um suspiro triste, virando as costas para Jasmim, as lágrimas ainda marcando seu rosto.
— Eu juro que fui buscar algumas ervas no fundo da taberna, para curar seus ferimentos.
— Quando te perguntei se tinha matado o corsário, você não respondeu isso — Liz rebateu.
Jasmim também se levantou, indo em direção à amiga, com a esperança de consolá-la.
— Eu sei, mas eu estava com medo...
— Medo de quê, Jasmim? — Liz perguntou, sua voz carregada de emoção.
— De perder você, assim como perdi todos que já amei — Liz sentiu o desabafo de Jasmim, e virou-se novamente para ela, suas sobrancelhas caídas sobre os olhos — E seu pai? — Perguntou.
— Eu nunca realmente passei tempo com ele. Desde que minha mãe soube que estava grávida, ele está navegando pelos mares.
— Eu sinto muito.
— A verdade é que eu não mereço ser sua melhor amiga.
Jasmim passou por Liz em direção à porta, empurrando-a para abri-la e ficando ali por alguns segundos. Até que finalmente olhou para dentro, observou o quarto da pousada e, por fim, fitou a amiga morena, que a encarava.
