06

77 10 7
                                    


                        MIGUEL C.M

Eu li centenas de romance, a maioria deles diz que o amor é o centro do universo, que o amor pode curar qualquer dor dentro de nós, que é só o que precisamos para sobreviver, tanto Darcy quanto Heathcliff, eu achava que eram tolos. Achava que o amor era ficção, somente encontrado nas páginas de livros antigos, mas tudo isso mudou desde que conheci minha Elizabeth Bennet, eu nunca pensei que me sentiria totalmente consumido por outra pessoa, até ela chegar.

Minha mãe lia livros pra mim quando eu era apenas um pequeno garotinho, ela dizia que o amor era o centro do universo e que queria que eu aprendesse como dar e receber da maneira certa, eu não sabia direito o que era aquilo naquela época, eu apenas adorava sentar em seu colo e sentir o cheiro doce de sua pele que acalmava a peste que eu sou, com sua voz doce tatuada em minha minha mente hoje eu entendo o porquê ela queria que eu aprendesse a amar.

Meu pai sempre foi um cara frio e grosseiro, não com ela, jamais, eles eram a verdadeira essência do amor, mesmo quando ela não queria sair do México para iniciarmos o tratamento do seu problema de coração aqui no Estados Unidos, ele dizia que nossa casa era as pessoas que amamos, não lugares.
Ela foi uma boa mãe, boa companheira, boa pessoa, e quando ela se foi o que sobrou foi apenas boas memórias e corações partidos.

Ela morreu quando eu tinha 10 anos, meu pai que mesmo com sua personalidade forte, se tornou nada além de um visitante que vejo às vezes, ele não compareceu no nosso luto,  sempre foi só eu e meu irmão.

Orgulho e preconceito, um dos livros que minha mãe leu, seu preferido de acordo com ela, logo após ela terminar sua leitura no dia a seguir seria meu primeiro dia de aula, por problemas de matrícula eu atrasei um ano de escola, entrei com 7, não com 6 anos, por mais agitado que eu fosse, eu fui muito sozinho, sempre me senti assim, em um dia ruim quando minha mãe ficou internada no hospital e não deixaram eu ir, fui obrigado a vir para a escola e quando achei que nada me faria sorrir aquele dia

Uma pequena garota, seu cachinhos caídos sobre os olhos em um corte curtinho, sua cara era fechada e em sua boca tinha um biquinho, ela sentou ao meu lado com os braços cruzados e pernas balançando.

-Eu odeio aquele garoto, você acredita que ele roubou o meu chocolate, depois que eu quebrar aquele nariz feio dele a errada sou eu, Meu nome é Amália e o seu?

-Miguel -  continua encarando a garota sem dentes, ela tinha um sorriso tatuado no rosto e não tirava por nada

-Você é muito caladão, gostei de você, quer doce? - ela pega um lancheira que estava ao seu lado e abre mostrando muitos doces.

-Sua mãe deixa você comer tudo isso de doce? - sento virando pra ela e pego um dos bolinhos que tem ali.

-Eu pego escondido, o que os olhos não vê a mamãe não dá bronca - ela sorri - gostei da bandana, sabe onde ficaria melhor?

Olho para a bandana que ela acaba de desenrolar do meu pulso, eu ganhei da minha mãe antes dela  ir pro hospital, Amália fica atrás de mim e a amarra em minha cabeça.

-Assim, igual um samurai - ela faz a pose, sorrio pra ela.

Aquele ano todo, Amália foi minha melhor amiga, por mais que ela não lembre de mim, eu lembro dela e assim como os livros me ajudaram depois que minha mãe morreu, pensar que um dia eu encontraria Amália de novo me fez ter esperança de novo, que dias melhores virão.

A QUÍMICA ENTRE NÓS Onde histórias criam vida. Descubra agora