CAPÍTULO 6 - TUDO MUNDO É IÉ-IÉ

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O mundo volta ao normal.

Quer dizer, meus amigos e eu estamos de volta ao corredor e podemos nos mexer novamente, e os corpos deles estão com a temperatura normal e seus olhares não estão mais imitando uma garrafa de cerveja jogada no meio da calçada por jovens bêbados e esquecida pela coleta de lixo pois ela é seletiva e eu me perdi no parágrafo então vou pular pro próximo.

À nossa frente, o crepúsculo joga suas luzes contra os vitrais, que podem ser vistos sem obstáculos. Não há sinal de Xanaína, tampouco do sangue que jorrou dela ou das figuras e correntes que a feriram, e nem da espada que eu segurava há pouquíssimo tempo. A mancha sob mim também desapareceu.

É como se a existência de Xanaína tivesse sido apagada da face da Terra... Como se alguém estivesse tentando livrar o mundo da presença de Xanaína... Como se fosse uma fanfic num universo paralelo!

E então eu sou sugada e transportada para o lado esquerdo do rio– brincadeirinha.

Eu continuo no corredor.

– Gent – chamo meus amigos enquanto viro para olhá-los. – Vocês viram o que ocorreu?

– Sim – diz Mary.

– Uhum – concorda Soja. – Eu vi tudo, até porque não conseguia me mexer.

– O mesmo – diz Manu, abraçando Soja. – Inclusive o padre Julius Caesar Terceiro Lancelorde do Conde Lorde Lorde Néver Biróious.

– É esse o nome completo dele? – pergunto.

– Sim, guria. –Manu responde. – Quer dizer... eu acho que é. Tá na bio do Tuinter dele pelo menos.

– Se tá no Tuinter é real. – diz Barbyken. – Confia.

Nós rimos.

Eu envolvo a cintura de Barbyken com meus braços e enfio a cabeça em seu ombro. Inspiro seu cheiro de mar para apaziguar a ressaca que me atinge.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA – Soja grita, fazendo todos nós pular de susto. – JAFUI VOLTOU!!!

Com cara de pânico atrás de seu rosto completamente maquiado de coisa de Halloween, Soja aponta para o lado do corredor que leva ao elevador.

Nós todos olhamos para lá temendo o pior... E vemos nada.

– Ali do lado! – Com o braço imitando a voz trêmula, Soja move levemente seu braço para apontar para o lado direito.

Seguindo sua orientação, nós todos movemos a cabeça levemente para o lado direito.

– AAAAAAA – grita Mary.

– MEU DEUS NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOoo – grita Manu.

– VOU FAZER ESPACATE! – grita Barbyken.

A única pessoa que não grita é eu, pois ainda não vi Jafui. Tudo o que vejo é um quadro de pintura abstrata, cujas pinceladas coloridas e multidirecionais e multitexturais se assemelham a um emoji de cocô.          a.

Nem tenho vontade de rir pois perdi a piada e fico com vergonha de rir depois de sete segundos que algo engraçado foi dito ou feito, como quando ficamos com vergonha de responder uma pessoa no ZipZaptZum depois de três meses que ela enviou mensagem e você foi procurar a figurinha ou um meme na galeria e não encontrou e deixou pra outra hora e agora já passou três anos e você nem visualizou a mensagem e deixou a pessoa com um trauma semelhante ao que ela viveu aos três anos de idade quando o pai saiu para comprar vape e nunca mais voltou.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Todos nós nos assustamos com o grito.

– QUEM FOI A PUTA? – eu grito quando coloco a mão no peito para acalmar o coração.

O Halloween de Bruna CardashianOnde histórias criam vida. Descubra agora