The wooden door is open– quer dizer, a porta de madeira está aberta. Perdão a todes, foi um lapso na culonização.
Caminho pelo territóri oonde antes estive na companhia de meus amigos, subo os degraus da entrada e passo pela imensa porta de madeira, arrastando a minha mala de rodinhas para adentrar no castelo.
Não há uma alma viva no imenso saguão do Hotel Transilvana. Talvez há almas mortas e fantasmas invisíveis, porém não os vejo. (ainda bem)
O piso do saguão é ilustrado por padrões pretos e azuis, um tabuleiro de xadrez com quadrados disformes e bagunçados que se estendem até onde minha visão não alcança pois está escuro lá longe. Avanço pelo tapete verde enquanto sou observada pelos quadros de paisagens e retratos de diferentes pessoas em diferentes épocas e em diferentes estilos artísticos que emolduram as paredes azuis-escuros, adornadas por longas cortinas vermelhas que impedem a entrada da lua.
Desvio de uma mancha no tapete e meu braço encosta em uma das muitas pilastras feitas com pedras grandes e que seguram as tochas acesas que iluminam parcamente o recinto. Ao meu redor, diversas esculturas de pessoas e animais margeiam o caminho até o balcão da recepção, para onde me dirijo.
Procuro o sininho para chamar alguém para me atender, mas não o encontro no tampo de madeira. A única coisa que parece ser a campainha é uma corda pendurada num sino muito acima de mim, perto do vitral que forma o teto e lança luzes vermelhas nas plantas que escondem a cabeça de algumas esculturas.
Vacilando, levo a mão à corda e seguro na base da figura oval em que a corda foi amarrada e tenho de fazer esforço para puxá-la, pois é tudo pesado. O sino rompe o silêncio e eu temo que os troféus e medalhas atrás do vidro de um armário na parede à minha direita quebrem. Cerro os olhos para enxergar melhor essas formas disformes e distantes, mas não consigo ver seus contornos direito.
Dou um passo na direção do móvel e pulo quando uma mulher fala perto de mim:
– Em que posso ajudá-la, senhorita?
Coloco a mão em meu peito para acalmá-lo.
– Nossa! – exclamo. – Não vi você chegar...
A mulher magra e loira sorri.
– Muita gente não vê.
Seus dentes brancos e alinhados me encaram. O cabelo da mulher é quase branco, e curto e enrolado, o que me lembra algodão ou a planta dentes-de-leão-vegano. Ela usa terno roxo muito bem encaixado em seu corpo pequeno. Metade de seu rosto está envolto em sombras, e a outra metade reflete o vermelho do vitral do teto.
– Você é uma hóspede? – Ela me tira de meu devaneio.
– S-sim. Sou.
A mulher pega uma planilha e pergunta:
– Qual seu nome?
– Bruna. Bruna Cardashian.
– Nome social?
– Não. De nascença.
A mulher balbucia meu sobrenome enquanto passa o dedo pela lista na planilha. Ela sorri quando o encontra.
– Aqui! Bruna Cardashian, quarto 41, para duas pessoas. Seus amigos estão lhe aguardando! Vamos!?
– Uhum – concordo com a cabeça e sigo a mulher até o elevador.
Ela aperta o botão para chamar o dito cujo e explica:
– O quarto andar é todo para vocês. Na verdade, o Hotel inteiro é para vocês. Nenhum outro hóspede chegou ainda. – O elevador chega e abre suas portas. A mulher abre a grade que fica na frente da porta e, enquanto entramos, segue falando. – Com exceção do sexto andar... Uma família está ali, passando a temporada... – Ela sussurra: – Se eu fosse você, não iria ali, no sexto andar. Sabe... a "família" é meio desajustada. – E ela fez aspas com os dedos.
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O Halloween de Bruna Cardashian
HumorBruna Cardashian está diferente. E quando eu digo diferente, eu quero dizer maquiada. E quem também está assim é sua amiga soja.militei, ambas no quarto de Bruna e observadas por uma figura deveras curiosa... Seguindo por ruas tortuosas, estradas...